EXPLOD 24/10/2013
Pensando por um bom tempo...
"O Anel de Polícrates e Outras Histórias" é uma antologia feita pela Objetivo-Sol de histórias que foram divididas em cinco grupos, a saber: as exemplares (Heródoto e Cícero), as morais (Esopo, Fedro, La Fontaine, Juó Bananere e Nelson Ascher), a filosófica (Voltaire), as sentimentais (Oscar Wilde) e a anedótica (Guy de Maupassant).
Primeiramente, posso dizer que é uma excelente antologia, pois reuniu histórias muito boas dos autores citados, de modo a ser de muita valia para quem não conhece um autor ou outro. De tão boa, creio que apenas a seleção de Bananere foi a mais para menos. Sempre opto por falar, de modo sincero, a história e/ou personagem de que mais gosto, mas parece que estamos em grandes dificuldades! Bom, então falemos da primeira, que estando presente no título, não deixa nada a desejar. É uma história extraordinária, pois através de um acontecimento, da vida do rei Polícrates, Heródoto conta aquele tipo de pensamento que parece ocorrer a todos quando em momentos de sucesso ou fortuna, que é permanecer neste estado e de que modo seria possível modificar o rumo do porvir com certas atitudes.
O aliado do rei, Amásis, dá um conselho interessante: "De fato, nunca ouvi falar de ninguém que, sendo em tudo bem-afortunado, não tenha chegado por fim à ruína mais completa. (...) faz o seguinte diante de tua boa sorte: reflete e encontra aquilo que te é mais precioso, aquilo cuja perda mais afligiria a tua alma; então, joga-o fora de modo que ele nunca mais reapareça entre os homens.”
Não sei como uma pessoa consumista pensaria (convenhamos que sabemos), mas fica aí o conselho do Amásis.
O final não direi, pois continua num capítulo posterior das “Histórias” de Heródoto, que nem se encontra nesta edição, mas cuja nota de rodapé fez a vez de spoiler.
Clássicos são os “A Raposa e o Cacho de Uvas” de Esopo e “O Lobo e o Cordeiro” de Fedro. São inigualáveis. Ponto. Por fim, não há como deixar de falar, nem que seja num mera citação, a história de Voltaire: “Mênon ou a Sabedoria Humana”, as de Oscar Wilde: “O Gigante Egoísta” e “O Príncipe Feliz”, assim como a versão de “O Lobo e o Cordeiro” de Nelson Ascher, chamada “Fábula”. Sinto-me um Policarpo Quaresma a interessar-se por cantigas de ciranda e histórias do folclore brasileiro. Parece algo tão besta, mas muito importante, a contar o ideal de Quaresma e as lições de moral que são vistas nestas histórias com títulos tão sem pretensão (além do informar as personagens), mas muito, muito interessantes.
As histórias selecionadas de Oscar Wilde, por exemplo, têm os títulos tão menosprezados por alguns, imagino eu (senão também eu); claro que foram criadas para crianças (os filhos do autor, principalmente), mas não parece fazer jus às histórias... Se bem que não penso em nada melhor para o título!
Perfeito. Talvez eu possa comentá-las detalhadamente quando presentes em outros livros que não numa antologia. Mas posso adiantar que são de deixar qualquer um pensando por um bom tempo. Isso já diz tudo.