Mari Castelo Branco 29/12/2020
23° - não ficção / autobiografia. Obra narrada por Bert Hellinger, psicoterapeuta, ex sacerdote, professor e profundo observador do comportamento humano. O livro conta a trajetória do ?criador? - mas prefiro dizer, ?tradutor? - das constelações familiares. Quando pequeno, sofreu um marcante acontecimento que o impulsionou pelo caminho da teologia. Bert, alemão, ao sair da escola, foi convocado para servir na 2ª guerra mundial, embora discordasse em todos os sentidos com o nazismo. Nesta fase, tão tenra da vida, experimentou a morte inúmeras vezes, perdeu grandes amigos, e foi prisioneiro de guerra. Depois de fugir da prisão (americana), decidiu tornar-se sacerdote, e, a partir daí começou a aguçar seus olhares para o outro. Missionário que foi, observou culturas e comportamentos diferentes, estudou e praticou terapias (das mais diversas), e, quando a igreja já não fazia sentido, decidiu adentrar nas ciências fenomenológicos, comportamentais e psicoterápicas. E, na mistura de tanto conhecimento, sobretudo experimental, organizou as constelações familiares sistêmicas, dando estrutura a uma técnica fundada na: hierarquia; equilíbrio do dar e receber; e, pertencimento.
Ao longo do livro, Bert mescla conhecimento adquirido, construído, textos feitos e experiências vividas. Foi um homem extremamente polêmico - ainda é - muito porque, ao abrir uma constelação, elucidava o sintoma oculto ao consciente dos participantes, e, o que se via nem sempre era fácil de digerir. Ainda, ele é polêmico porque criou um campo de atuação considerado ?não ciência? para muitos.
Gostei do livro, mas não amei.
Algumas partes a leitura foi truncada, muito pelo tecnicismo e relatos de abordagens de psicologia. Mas adorei as partes em que Bert foi Bert: humano e falho.