Belle 17/07/2013Miranda Jones, de uma tradicional família do Maine (os Jones de Jones Point), é uma excepcional cientista, especialista em autenticação de obras Renascentistas, além de uma mulher séria e metódica, vista por muitos como “fria”. Após ser assaltada em frente à sua mansão, Miranda recebe uma ligação da mãe, Elizabeth, uma mulher que põe a própria carreira acima de tudo; ela exige a presença da filha em Florença, Itália, na sede da Standjo, um laboratório especializado em autenticar peças de arte. Mesmo com todo o trauma, físico e mental, que o assalto lhe causou, Miranda nem pensa em discutir a ordem, entretanto, o roubo da sua bolsa com seus documentos a obriga a adiar a viagem.
Cinco dias atrasada, Miranda chega a Florença e se depara com a mais linda e poderosa peça de bronze que já viu, A Senhora Sombria. Só de olhar, ela sabe que o bronze é da Renascença, mas, por ser uma cientista e uma mulher treinada a lidar com fatos, Miranda deixa de lado suas crenças e se dedica arduamente aos testes de laboratório que lhe trarão toda a glória, o orgulho dos pais e a consagrarão como uma das melhores peritas do ramo. Depois de entregar seu relatório para a mãe, onde não apenas autenticava a peça, mas, também afirmava que ela seria uma obra desconhecida de um grande artista, Miranda é surpreendida com a notícia de que as informações sigilosas sobre o bronze e suas possíveis origens vazaram para a imprensa. Desconfiada de que a própria filha teria sido a informante, Elizabeth a afasta do caso e a manda de volta ao Maine, onde deveria se dedicar ao Instituto de arte da família.
Miranda fica arrasada, não apenas por ter perdido a maior oportunidade da sua carreira, mas, também, pela falta de confiança da mãe. Acontece que as duas não têm um relacionamento muito bacana. Aliás, a família Jones sempre foi abastada de dinheiro e prestígio, mas, muito pobre de carinho e afeto. As únicas pessoas próximas de Miranda são o irmão, Andrew, e a avó, que morreu alguns anos atrás. Por terem crescido em um lar tão desajustado, Miranda e o irmão se tornaram pessoas bastante problemáticas. Ele tem baixa autoestima, sempre se deixou ser dominado, vive sentindo pena de si mesmo e, após um divórcio, se entregou a bebida. Já ela, tem sérios problemas de relacionamento, não tem amigos, nenhum namorado e vive para o trabalho, sempre perseguindo a aprovação dos pais.
Quando Ryan Boldari, o sedutor dono de uma rede de galerias de arte (e ladrão nas horas vagas) aparece no Instituto, propondo parceria para uma exposição, Miranda fica assustada com a intensidade do desejo que sente por ele. Para Ryan, Miranda é um efeito colateral prazeroso. Ele pretende roubá-la, mas, não se importaria em ultrapassar a armadura que aquela linda mulher usa para se proteger; Ryan sabe que debaixo de toda aquela praticidade há uma mulher sensual implorando para se revelar. Entretanto, ele não esperava desejá-la tanto.
Quando a reputação da Dra. Jones é jogada na lama, Ryan é o único que pode ajudá-la, só que os interesses dele são questionáveis e Miranda sabe que deve ter cuidado para não acabar tendo o coração roubado junto com os bronzes. Juntos, eles percebem que existem perigos muito maiores do que a perda da reputação de ambos. Há alguém que fará de tudo para destruir Miranda.
Eu adorei o Ryan, mas, a arrogância dele me irritou em alguns momentos. A Miranda me surpreendeu, normalmente as personagens femininas da Nora são muito fortes, não se deixam dominar e, apesar da Miranda ter essa força, ela não sabe. Ela cresceu sendo reprimida e acabou se tornando uma mulher submissa, mesmo essa não sendo a sua natureza. Foi isso o que eu mais gostei na relação dos dois. O Ryan vive provocando ela, fazendo-a ir além dos limites que lhe foram impostos; enquanto que ela o refreia, os mantêm no chão. Ela é a razão, a praticidade e ele é a paixão, os sonhos. Juntos eles se complementam.
A família do Ryan é tudo o que Miranda nunca teve: amor, união, carinho, apoio, diversão. Ela fica perdida no mundo dele, enquanto ele não consegue entender as complexidades e a distância em que todos se mantêm na família dela. O Andrew é o enredo secundário e eu adorei acompanhar o amadurecimento dele, a recuperação… Ele é muito fofo e eu me apaixonei quase tanto quanto pelo Ryan, confesso.
O livro todo foi uma surpresa. Eu não esperava que fosse um suspense. E não fazia a menor ideia de quem seria o vilão. Milhões de teorias se formaram na minha cabeça e, ainda assim, o momento da revelação foi um choque! Os motivos do vilão para perseguir a Miranda ainda me parecem muito fracos, quase bobos (mas, ei, eu não tenho a cabeça de um louco. Eu acho!), mas, a surpresa compensa.
Uma coisa que eu detestei no livro foi o excesso de coloquialismo na tradução, que me irritou profundamente. Do início ao fim o texto é cheio de “tô, tava e a gente”; isso me deixou tão chateada que eu ia adaptando mentalmente para “estava, estou e nós” conforme lia, porque simplesmente essa linguagem não combinava com o tom do livro (aliás, tô pra encontrar um livro que peça essa linguagem… Ou melhor, estou.). Eu detesto as diagramações da Bertrand, principalmente as dos livros da Nora, que são cheios de detalhes bregas nas páginas que separam as partes dos livros, como silhuetas femininas neste, conchas em O Amuleto e diamantes em Doce Vingança.
Ainda assim, Nora é Nora e não dá pra evitar os arrepios e aquele calorzinho gostoso no estômago conforme você vai lendo as cenas mais empolgantes. O coração batendo rápido, conforme as descrições perfeitas das emoções dos personagens te fazem suspirar. Fala sério, a mulher é uma deusa da literatura e merece nota máxima só por ser a autora mais bem sucedida da História. Correndo o risco de soar clichê (porque você, com certeza, já leu isso em algum lugar), Nora Roberts é leitura obrigatória para qualquer mulher! Para qualquer pessoa, aliás!
site:
http://itcultura.com.br/