Resenhas - O Motim no Bounty

lodz 15/11/2021

Consciência de classe
Em outros livros, filmes sobre o tema, o capitão do dito navio é visto como o único responsável pela rebelião de uma boa parte de sua tripulação, por conta de sua conduta tirânica e desprezível , os pobres oficiais (todos membros de uma classe se não abastada, mas com um sobrenome tradicional, numa sociedade que prezava as origens familiares)não tiveram outra opção senão rebelar-se, tamanha era a situação vexatória a que eram submetidos.
Caroline Alexander, a autora dessa versão dos fatos trabalha em sentido oposto. Através de farta pesquisa e análise de documentos da época tenta enxergar o odiado oficial por outras cores. Seu mérito reside no fato de não ultrapassar os limites entre o rigor histórico e uma interpretação tendenciosa dos eventos ocorridos a bordo do famoso navio para justificar seu ponto de vista.
Seus argumentos convencem, principalmente no que diz respeito a rigidez social existente naquela época. Vindo de uma classe considerada inferior se comparada a seus subalternos principais, o comandante foi vítima dessa estratificação rígida existente na Inglaterra de século dezoito. Era humilhante para um jovem oficial vindo de uma família considerada nobre apenas pelo sobrenome tradicional receber ordens ríspidas (que era comum na marinha naqueles tempos) de um oficial que vinha de baixo, tendo subido na carreira por méritos próprios.
Outro ponto positivo do livro é mostrar a inexorável destruição da cultura dos povos do Pacífico Sul com a chegada dos ingleses em suas ilhas, impondo seus costumes, disseminando doenças que marcariam o começo do fim de um modo de vida
Resumindo, foi uma leitura proveitosa, acrescentou algo. e isso é importante.