Aline Marques 10/10/2020Na dúvida, bata palmas! [IG @ousejalivros]Reconhecer e conviver com a diversidade é humano.
Lutamos contra isso, condicionados a aceitar o fantasma da perfeição normativa, enquanto ignoramos uns aos outros e, frequentemente, a nós mesmos. Mas, António é diferente. Ele compreende que suas características o tornam único e, ainda assim, semelhante a todas as outras pessoas que, independente de suas diferenças, jamais perderão o seu direito a existir.
E é nessa jornada de descoberta e aprendizado, que aproximamos-nos de Tom, sua família e rotina, através da narrativa bem humorada e sensível de sua mãe, Lana Bitu que, mesmo com tantos sinais, seguiu acreditando na máxima desonesta do "cada criança tem o seu tempo", até encarar de frente o temor de estar certa e encontrar as respostas necessárias para reprogramar suas expectativas.
Sim, Tom é autista. E você descobrirá que sua identidade vai muito além de seu diagnóstico, com capítulos curtos e assertivos, capazes de informar e inspirar.
Porém, é importante destacar que, apesar do livro [Palmas Para António] ter sido lançado este ano, muitas das informações, infelizmente, estão desatualizadas, não refletindo as mudanças publicadas em 2013 no DSM-5 ou na CID-11 (que será lançada, oficialmente, em janeiro de 2022). Além disso, termos como "sofrer de autismo" e "baixa, média e alta funcionalidade" servem apenas para a propagação do capacitismo, ignorando práticas e reivindicações do ativismo autista, ao redor do mundo.
Tom também possui privilégios que milhares de outras crianças (adolescentes e adultos) no espectro desconhecem, portanto, lembre-se de que suas vivências não representam a realidade da grande maioria. E, a medida que vira as páginas, não deixe de refletir sobre a importância de se normalizar os movimentos autoestimulatórios e/ou reguladores (stims), a construção de uma autoestima baseada nas próprias especificidades e como a empatia reside onde a imaginação transborda.
Na dúvida, bata palmas.
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TW: bullying, capacitismo e machismo.