jonasbrother16 24/06/2020
Excelente livro.
O que tem aqui que não quero esquecer? Muita coisa.
- Saber imitar música (tocar, reproduzir) não significa ser musical
- "A música é uma arte que se desenrola no tempo". A música é a arte heraclitiana por excelência, ela "não é uma coisa estática, mas algo vivo", e "vida" aqui é o fogo heraclitiano, o eterno devir, a eterna combustão. Não há nunca música em estado estático. Música em estado estático é apenas silêncio.
- Existem planos diferentes da escuta musical: 1) sensível, 2) expressivo, 3) puramente musical. O primeiro plano de escuta é basicamente o prazer sonoro. O segundo plano de escuta é o do significado, a parte abstrata. O terceiro plano é o plano das próprias notas. O ouvinte pleno considera os três planos, que são: a maneira como a música o atinge, o suposto significado que se pode extrair dela e a "música em si", separada tanto do seu impacto em nós, quanto de seus supostos fins, enfim, a música em estado "concreto".
- A apresentação breve de diversos processos criativos de compositores famosos foi bastante útil. É absolutamente normal ter apenas uma ideia de música, e ter que desenvolvê-la passo a passo. Era o processo de Beethoven, e é o processo mais comum. Inspirações avassaladoras como a de Schubert são raras. É ainda mais raro o compositor pioneiro, que quebra todas as tradições. Mais comum é o compositor que avança um aspecto ou outro do estilo de sua época.
- Boa base teórica, embora muito breve. Compreende aqui os elementos da música e algumas formas musicais. Também há uma brevíssima história da ópera e um pouco de informação do processo de criar uma trilha sonora para um filme.
- O capítulo sobre música contemporânea diz coisas que eu sempre quis dizer mas nunca soube bem como. Desprezar a música moderna (a arte moderna, como um todo), é desprezar a música (e a arte) de nossa própria época, o que nossos próprios contemporâneos estão fazendo, ou seja, o que a nossa própria época está sentindo, dizendo, criando. Desprezar isso em favor de ideais românticos ou clássicos é mero preconceito antiquado.
- Por fim, a frase de Virgil Thomson: "o ouvinte ideal é uma pessoa que aplaude vigorosamente", que se deixa envolver pela música, com vontade e desprendimento.