bardo 01/06/2023
Esse talvez seja de longe um dos mais, se não o mais pessimista e sarcástico dos livros do Vonnegut. Apesar de manter o sarcasmo e o humor característico do autor, nesse temos uma digamos “má vontade” para com a espécie mais pronunciada do que os demais.
Aqui o autor fará as costumeiras menções a 2ª Guerra, mas o foco será a malfadada guerra do Vietnã, junto a temas como racismo, xenofobia, desprezo a Educação e a cultura. Algo que chama muito a atenção é o fato do protagonista ser igualmente desprezado por ser ex-combatente do Vietnã e professor.
Vonnegut bate pesado também sobre nosso ímpeto para a autodestruição e é especialmente mordaz ao sugerir que talvez não sejamos a “espécie privilegiada”, parodiando uma publicação conspiracionista o autor sugere uma curiosa explicação para nossa existência. Tal explicação vai marcar ainda mais o protagonista e seu sentimento de inadequação e mesmo de inutilidade.
Na parte final faz uma dura crítica à alienação do norte-americano médio e expõe (mais atual do que nunca) o fato dos pertencentes a classe mais abastadas se julgarem mais “dignos do favor” do que todos os outros, independente de sua nacionalidade.
O caráter fragmentário do texto atrapalha um pouco, o texto é escrito de forma propositalmente fragmentada, quebrando um pouco o ritmo, é um livro de altos e baixos.
O final contém um divertido teste para o leitor, que provavelmente vai voltar algumas páginas para tentar resolver o enigma deixado pelo protagonista. Nas palavras desse último: “não é só porquê alguns de nós sabem ler, escrever e fazer alguns cálculos, que merecemos conquistar o Universo.”