Isadora 04/01/2024É melhor ler a filo do livro didático. Prepotente e pedanteA fantasia é interessante, e a dinâmica familiar do pai fumante e alcoólatra, porém nada agressivo, e o filho, é muito bonita e saudável. Só não achei nada realista a parte em que o pai perde o vício, porque foi muito rápido e súbito. A questão da mãe não foi explicada, o que ficou a desejar, afinal o livro todo é basicamente a busca por essa mulher, mas os motivos de ela ter ido embora e nunca voltado não foram esclarecidos ao leitor.
Eu me irritei um pouco quando o livro falava sobre o sentido da vida, sobre como é incrível estarmos vivos e tudo o mais, e que era uma tristeza se acostumar com esse absurdo. E eu realmente me acostumei com esse absurdo, até porque se não ficasse deslumbrada com isso constantemente eu não estaria num curso de biológicas na faculdade. Mas foi também irritante que o autor insiste que o fato de achar a vida um milagre é algo muito raro na humanidade, e que as pessoas que pensam nisso são loucas, raras e solitárias. Acho que não é verdade, pelo menos hoje, por causa que todo mundo já teve 13 anos e foi com mais ou menos essa idade que acredito ter visto mais pessoas pensando sobre o assunto.
Além disso, tem uma questão machista sutil, que é a ideia da feminilidade como algo que revela uma personalidade superficial e banal, como quando o autor é pedante e prepotente sobre a capacidade intelectual de uma mulher bem vestida ou que está passando batom. Aconteceu mais de uma vez de o autor escrever explicitamente que pessoas com hábitos totalmente comuns e quotidianos, apenas por terem esses hábitos, são pessoas rasas e alienadas. Ex.: Conversar alto, se bronzear, comer salsicha, ser gordo (?), ser vaidoso, etc. e isso me irritou por ser uma mentira e um absurdo.
Acho que existem mais pessoas do que o autor imagina que pensem sobre o fato de existir nosso planeta, universo e estarmos vivos. Sem contar a visão meio deturpada dele em não levar em conta que muitas pessoas precisam trabalhar muitíssimo e não têm condições de ficar deslumbrando a natureza, ou as condições de vida dificultam muito ter esse olhar bonito e deslumbrante sobre a existência, quando a existência do observador é dificílima.
De resto, é um livro ok. Acho esses pontos repreensíveis danosos a quem lê e está ainda formando sua personalidade e identidade.
A fantasia é legal, mas acho que não recomendaria esse livro, e sim ler a apostila de filosofia do ensino médio.