Lucy 19/04/2021
"Percebo quando suas narinas se alargam que Knight é muito parecido com um pitbull. Mau. Leal. Incompreendido."
Esse livro me quebrou. E eu não me considero nem um pouco impressionável/sensível. Eu adorei 4 Homens em 44 Capítulos. Me diverti muito com as histórias da autora e com sua escrita fácil e leve. Em especial, quando ela falava de Ken, seu atual marido, e sobre seu primeiro amor, Knight. Então eu tinha que ler mais sobre esses personagens. Mas mesmo lembrando vagamente de coisas que aconteceram naquele livro, não estava preparada para o que encontrei em Skin.
Knight é um psicótico, agressivo, altamente temperamental e temido por todos. Ele é conhecido como o skinhead da escola. BB tem 15 anos, e tudo que ela quer é se casar com seu crush, Lance. Ela vive e respira Lance. Tudo que ela faz, veste, escuta ou deixa de comer é por Lance. Mas é a atenção de Knight que ela acaba tendo. A relação deles é extremamente conturbada. Ela se aproxima por certa pressão dele. Ela nunca sabe o que falar com ele, vive pisando em ovos, pois a qualquer momento, com uma única palavra, Knight pode se transformar em um monstro raivoso. Mas ela aos poucos tenta compreendê-lo, e isso se transforma em uma intensa (no melhor e pior sentido) relação de amor.
A escrita é muito fluida, bem-humorada, mas, principalmente, muito real. Já leu livros onde adolescentes agem como se tivessem mais de 20 anos, com uma enorme maturidade, como se os autores nunca tivessem sido adolescentes na vida? Não é o que encontramos aqui. O que acaba deixando a leitura mais crível, mesmo que diante de algumas mentiras, que obviamente irá haver mesmo sendo um livro baseado em fatos. Esses personagens são reconhecíveis. São palpáveis. Identificáveis. Você compra essa história de cara, pois você consegue imaginá-la acontecendo hoje.
Ronald/Knight... O que falar desse personagem? Ele e Ken foram os únicos que me chamaram a atenção e os que me recordo do livro que originou o spin-off. Eu me lembrava de algumas situações, mas, em especial, me lembrava do seu final. E isso deixou toda a leitura ainda mais dolorosa. Ele é perigoso. Ele é uma enorme bandeira vermelha que todo mundo consegue identificar de longe. Ele é volátil e briguento. Ele é uma ameaça. Mas é também só um jovem que cresceu em um lar errado, onde nunca foi amado ou desejado. É alguém que acredita que precisa se armar de todas as formas para manter todos longe. Porque ele odeia a todos, sem distinção. Menos BB. É doloroso quando ele fala sobre o cachorro de Peg fazendo uma alusão a si mesmo. É doloroso ler seus bilhetes, onde ele parece tão feliz e apaixonado, mas que espera que aquilo não vá durar. Ler sobre seus desenhos, suas flores de papel, seus presentes, sua paixão. E saber que ele é uma bomba relógio que uma hora vai explodir e destruir, inclusive, quem ele mais ama. E não há nada que BB possa fazer, pois, no mundo real, o amor não supera tudo.
O final é triste, melancólico e difícil. Tive meus momentos de alegria, de emoção, de raiva. Mas esse final... Não sei do quanto disso tudo foi real. Se Lance, August ou Juliet realmente existiram. Mas não duvido de sua história com Knight. Nem do quanto ela foi bonita e trágica e assustadora. E do quanto ele merecia mais.
Sem dúvidas, um livro fácil de nos capturar e envolver. Apesar do bom humor, não é um livro leve, pois trata de diversos assuntos sérios. Fiquei altamente submersa no drama desses personagens, ao ponto de não ter conseguido emergir até agora. Essa realidade crua é horrível. Me deixou horrível. Definitivamente, foi uma experiência única que vai perdurar por um bom tempo.
"Eles acham que só porque ele tem dentes e garras, só porque ele foi criado para matar, que ele pode cuidar de si mesmo. Bem, ele não pode!"