Senna 23/06/2011
Mãe, me ensina a conversar
É um livro de leigo pra leigo, de leitura bastante fácil. Dalva Tabachi não é neurologista, psiquiatra ou pesquisadora, é mais que isso tudo junto, ela é Mãe de uma criança especial. Desde cedo seu filho, Ricardo, mostrou-se quietinho demais, o que parecia bom à princípio, mas que se tornou um desafio após ele ter sido diagnosticado com autismo, agora ela precisava tirá-lo dessa morosidade e integrá-lo ao mundo em que vivemos.
Dalva nos conta como foi difícil a luta para que seu Ricardo pudesse levar uma vida normal, conta-nos ainda todo o progresso que ele teve com a ajuda do outro filho, do pai, da equipe de profissionais que lhe davam todo o amparo e, é claro, dela própria. Nada foi fácil, e cada pequena conquista foi bastante comemorada, cada evolução, simples, que pra nós é natural e passa despercebido, pra ela era como um troféu pelo seu esforço e uma garantia à felicidade de toda a família.
Gostei do livro pela linguagem cotidiana e sobretudo por não se tratar de uma ficção, são fatos reais narrados por uma mãe que acompanhou tudo de perto, mais do que isso, ela VIVEU a história do filho, sempre ao seu lado. O foco não é a parte médica, mas ela conta um pouco do papel de cada profissional que acompanhou seu filho, fisioterapeuta, psicólogo, fonoaudiologista e etc.
Uma das passagens que mais me marcou foi a viagem que ela fez de avião com seu filho, me chamou a atenção sobretudo preconceito das pessoas ,Ignorantes, que não entendiam nem respeitavam as limitações do Ricardo durante o voo. É triste que ainda hoje persistam situações como essa, de preconceito, mesmo que se pregue tanto o respeito à diversidade e a tolerância às diferenças. Muito se fala de tolerância na sexualidade, mas penso que no âmbito psiquiátrico ainda aja muito o que se superar com relação ao preconceito.
Bom, a história é ótima e nos ensina uma lição muito valiosa: NÃO DEVEMOS JAMAIS ENTREGAR-NOS ÀS CIRCUNSTÂNCIAS! Caso Dalva tivesse se entregado e aceitado a condição do filho, se ela tivesse o rotulado como autista e pensado que nenhum esforço adiantaria, provavelmente hoje ele estaria sem conseguir comer sozinho, sem falar, com medo das pessoas, isolando-se, foi assim que ele viveu boa parte de sua vida, mas sua mãe, lutou pra garantir que ele vivesse uma vida normal, dentro das suas limitações, mas quis vê-lo se superando à cada dia, feliz e com qualidade de vida.
Só mesmo amor de mãe, incondicional.