É difícil ser Deus

É difícil ser Deus Irmãos Strugátski




Resenhas - É difícil ser Deus


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@wesleisalgado 20/12/2023

Pra mim um livro que não funciona sozinho, não é um bom livro. E esse livro só funciona com a sinopse e materiais suplementares. Se você não ler a sinopse é impossível você fazer a mínima ideal contextual do que está acontecendo. E pra um livro de 200 páginas que tenta criar um próprio Universo, a pesquisa por suplementos fica sem motivação.

Apesar das ótimas analogias ao mundo em que vivemos hoje , vide Brasil 2023, pra mim em nenhum momento o livro se sustentou de modo independente. E não se sinta pouco intelectualizado se ele não falar como você, como não falou comigo, acho que é até pouco pretensioso o status de cult visto em algumas resenhas aqui por parte dos privilegiados que nunca trabalharam, estudam filosofia, fazem ioga e leem um Dostoiévski no fim de tarde. (contém ironia)

O torrent comeu no filme de três horas, considerado uma obra prima russa, falta só a coragem e motivação para assistir de modo parcelado da mesma maneira parcelada que foi a leitura.
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bardo 19/03/2022

Se Piquenique na Estrada já parecia um livro um tanto melancólico, aqui angústia e frustração escalam em níveis quase insuportáveis. Com uma estrutura narrativa um tanto estranha; o prólogo certamente causará alguma estranheza, os autores literalmente jogam o leitor dentro da narrativa sem muitas explicações, na verdade sem explicação alguma. Aos poucos vamos entendendo o que está acontecendo e somos convidados em boa parte do livro a conhecer os pensamentos e angústias do protagonista. Dada a atual onda de negacionismo e retrocessos o livro torna-se dolorosamente atual, um certo personagem inclusive lembra demais algumas figuras públicas.Toda a narrativa é permeada por um ar pessimista, por um desalento para com a natureza humana, fatalmente destinada a corromper-se. Inclusive uma das tônicas aqui é a luta do protagonista para manter sua humanidade em meio a tanta barbárie. É quase impossível não sentir certo eco de quando nos deparamos com certas falas e acontecimentos atuais.
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Everton.Paulo 31/12/2021

O livre-arbítrio
No segundo livro finalizado do mês, li mais um dos irmãos Strugátski. Em É difícil ser Deus, acompanhamos Dom Rumata, um dos habitantes da Terra selecionados para viver num planeta que ainda encontra-se numa era medieval. O mesmo pode interagir no local porém sem interferir de forma mais forte nos acontecimentos do local.
O romance tem pitadas de fantasia, romance histórico, distópico e também de ficção científica.
Há intrigas políticas, golpe de estado e muita violência.
Provavelmente deveria fazer uma análise um pouco mais profunda a respeito da obra, mas sinceramente não fiquei conectado do jeito que queria. Mas leiam e me digam suas opiniões. Pode ser que eu não tenha visto algumas coisas que vocês enxergam.
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Lendo no mato 12/04/2021

Uma ficção científica soviética, camaradas!!
Escrito em 1964, a quatro mãos, esse livro que me era desconhecido, logo de cara chamou a minha atenção pelo seu título intrigante. E pensar numa ficção científica soviética foi outro fator preponderante que me fez querer lê-lo.

Primeiro livro da @radio.londres que leio. É uma edição bem bonita, bem legal, entretanto percebi vários errinhos de digitação. É sempre chato quando isso acontece.

Adorei o livro. Ele é lento no começo, demorei um pouco a me situar no mundo que ele estava criando, mas uma vez que compreendi melhor o funcionamento da escrita e do mundo criado pelos autores, o livro ficou formidavel. Me lembrou muito "A mão esquerda da escuridão" da Úrsula K Le Guin, mas diferentemente dele, esse não se perde no excesso de palavras inventadas e invenções mirabolantes.

A história do livro é bem maneira. Os humanos terráqueos encontram um planeta com outros humanos, porém nesse planeta as pessoas ainda estão vivendo num período meio medieval/feudal. Com isso os terráqueos enviam 250 'historiadores' para acompanhar o desenvolvimento desse planeta. E eles não devem intervir em nada no planeta e nem se exporem, pois poderiam ser vistos como deuses.

É uma discussão muito legal essa que ele trás. Mas o mais legal mesmo do livro é a situação de crescimento do autoritarismo, do negacionismo científico e da influência religiosa no poder estatal que determinado pais desse novo planeta está vivendo. O que o livro vai relacionando com o fascismo e nazismo vividos na Terra. E um tema bem atual para o nosso Brasil.

Ah, e agora descobri que tem um filme feito em 2013!
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Gabriel Zupiroli 28/02/2021

Na verdade, é difícil apreender a realidade
Ao longo da leitura do romance, fiquei me perguntando várias vezes o que tanto me prendia, a ponto de, em apenas dois dias, finalizá-la. Ainda não sei exatamente a resposta, mas fica muito mais claro o quão habilidosa é a capacidade estética dos irmãos Strugátski. Não apenas o cadenciamento das sequências narrativas é feito com muita inteligência, mas a própria ironia misturada com a reflexão que habita toda a sintaxe casa completamente com a ignorância do mundo de Arkanar.

Sobretudo uma coisa me chamou a atenção durante a leitura: como existe um movimento muito claro na narrativa de frustração de expectativas. Isso pois são construídas várias situações envolventes e que aparentam desaguar em uma conclusão épica, trágica ou ao menos minimamente emocionante. Entretanto todos estes momentos são frustrados: como se tudo não passasse de uma farsa - o que de fato é -, toda a expectativa é entregue ao nada quando a conclusão é tola e irônica. É como se os autores utilizassem desse controle para marcar de maneira mais ardente o humor crítico e apenas satirizassem toda a situação do próprio Dom Rumata.

De qualquer forma, trata-se de uma ficção científica com roupagem de romance fantástico, e essa transição mascarada entre os gêneros é muito bem feita. O "real" surge habilmente em situações precisas como se apenas para pontuar e lembrar ao leitor da dupla camada de falsidade. É difícil ser um Deus, conclui Dom Rumata, mas é mais difícil ainda compreender onde a ficção e a realidade reforçam ou diluem seus limites - assim como o romance dos Strugátski espelha concretamente uma imagem sólida de nosso mundo.
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Letuza 08/09/2020

Extremamente atual
Uma ficção científica escrita em 1964 pelos autores irmãos Arkádi e Boris Strugástski, formados em língua inglesa e japonesa e em ciências da computação.
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O livro narra a história de Anton, um jovem agente enviado à Arkanar, um reino feudal experimental em outro planeta. Lá, Anton se passa por um aristocrata arrogante chamado Dom Rumata. O objetivo dos agentes terráqueos em Arkanar é apenas observar como historiadores. Não devem interferir.
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Arkanar é um reino marcado por um governo autoritário, militar, ignorante, religioso, totalmente contrário à cultura e à ciência, favorável à violência e à exploração dos pobres. O governo é uma monarquia de fachada, pois quem governa é Dom Reba, um ministro oportunista e autoritário. Uma perseguição aos letrados (cientistas, poetas, médicos, etc) está em curso e Dom Rumata e outros agentes tentam salvar as vidas ameaçadas.
Dom Rumata (Anton) acaba se apaixonando por uma habitante de Arkanar e sua indignação com a ignorância, opressão e violência chega à um nível insustentável e ele decide interferir. Um golpe de estado é dado por Dom Reba, que mata o Rei e toma o poder, apoiado pelas alas religiosa e militar.
A situação torna-se insustentável e Dom Rumata tenta tirar sua amada do planeta.
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Não vou dar spoiler. O livro é extremamente atual e, às vezes parece descrever o Brasil atual. A história é empolgante e a escrita é bem tranquila, apesar dos nomes diferentes. Uma leitura super indicada, mesmo para quem, como eu, não curte muito o gênero Ficção Científica.
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Nana Hani 11/08/2020

Acredito que a pessoa que inicia a leitura desse livro não será a mesma quando finalizar por diversos motivos, que podem variar de acordo com cada uma, e principalmente, provocar discussões e questionamentos sobre a sociedade na qual estamos inseridos, o momento em que vivemos, a natureza humana e a preparação para os problemas da vida e do mundo.

Em É Difícil ser Deus acompanhamos a história de Anton, enviado ao reino de Arkanar assumindo a identidade de Dom Rumata, um aristocrata que assim como os outros 250 observadores (historiadores) do Planeta Terra, tem um único objetivo: observar a história daquele lugar, porém, não podendo interferir diretamente em seus acontecimentos.
O cenário de Arkanar é marcado pelo autoritarismo, ignorância, ganância, violência e perseguição aos letrados, que são considerados criminosos da Coroa. Com todo o caos, Rumata (e outros observadores) se vê impotente e tentado a intervir na história para salvar as pessoas do reino da decadência que estava cada vez mais próxima, o que leva a outros dilemas e questionamentos.

Foi uma leitura diferente e muito satisfatória. Confesso que quando o livro chegou, não dei muita atenção e nem pensei que seria tão cativante, mas depois de poucas páginas já estava completamente imersa na história.
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Vida Literária 19/07/2020

A Angústia da Passividade
Ficção científica não é uma das minhas preferências ao escolher uma nova leitura. No entanto, quando nós temos um livro lançado pela editora que possui títulos como Tirza, de Arnon Grunberg e Meu Pequeno País, de Gael Faye, é preciso dar uma chance. A Rádio Londres é uma das editoras independentes que mais tem crescido, tanto pelas ótimas escolhas em seu catálogo, quanto pela atenção dispensada aos leitores e parceiros.

Pois bem, o livro em cheque faz parte do grupo que gosto de intitular “leituras intensas”, ou seja, a sua leitura flui página a página na mesma medida em que prende o seu interlocutor. Ainda que toda leitura de ficção científica possua a sua dificuldade de assimulação dos nomes de cada personagem, bastam alguns capítulos para que isso não seja mais um problema.

Escrito no furor da Guerra Fria, É Difícil Ser Deus passa pelo crivo da censura e nos apresenta uma narrativa mais atual impossível. Nosso protagonista se chama Dom Rumata (Ou Anton), uma espécie de Historiador enviado a para Arkanar, país ou região semelhante a uma cultura medieval. Lá, o povo está mergulhado no absolutismo, na imoralidade, na extravagância alcoólica e na violência.

O mote do romance é, na minha opinião, a angústia da passividade. Veja bem, Dom Rumata não é uma pessoa perfeita, mesmo assim, em seu interior fumega a ininterruptamente a vontade de ajudar aquele povo que vive no limbo existencial. Embora seu ímpeto seja bom, as restrições de seu disfarce o impedem de alterar aquela realidade onde vive. Com isso, nós acompanhamos um ser humano amargurando seus dramas pessoais enquanto diante dos seus olhos o reino soçobra.

Com a ruína quase que “inevitável”, resta a nós, os leitores, buscarmos as motivações e anelos entre a cadeia de acontecimentos. O fator que salta aos olhos e a meu ver o basilar para entender o porquê de não só aquela, mas todas as civilizações tenderem ao fracasso, é a censura aos letrados. Uso a palavra censura na falta de um termo mais adequado, pois o que ocorre na prática, é a caça sangrenta por todo e qualquer pensador, qualquer hipótese ou lastro de conhecimento germinado. Uma frase em especial me chamou atenção por sua similaridade com o governo atual: “Não precisamos de letrados, precisamos de fiéis”.

Por essas e outros que posso dizer que Arkanar, na verdade, pode ser aqui. Precisamos ser cuidadosos. O liame entre a democracia e o obscurantismo do fatídico governo atual é tênue e perigoso. Mesmo que o pessimismo possa, neste instante, estar em voga, prefiro alicerçar-me na esperança de que o conhecimento é peça fundamental para a mudança.

site: https://youtu.be/Y0UPRGnTgOs
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Vanessa.Papalardo 25/06/2020

É difícil ser Deus
Uma literatura Russa que se inicia com um turbilhão de personagens e informações. Mas ao longo da narrativa você vai se situando na história e entendendo um pouco sobre cada personagem e a época em que o enredo se passa.
No decorrer do livro é possível encontrar vários questionamentos plausíveis, relatados por Dom Rumata, sobre o governo, mudanças, desigualdade e todos os problemas de Estado, uma vez que os letrados, cientistas, médicos, estudiosos e afins passaram a serem perseguidos e exterminados durante todo o período narrado.
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Pri | @biblio.faga 17/06/2020

Pois será que um deus tem direito a qualquer sentimento exceto a piedade? (p. 124)
.
Em tempos de indivíduos autodeclarados fascistas, da crença no terraplanismo, da censura de livros e, principalmente, de desobediências arbitrárias e infundas das recomendações da OMS mesmo em meio a uma pandemia mundial e do uso cloroquina no combate do coronavírus sem nenhum respaldo cientifico, o livro escrito, em 1964, pelos russos Arkady e Boris Strugátski mostra-se tristemente atual, fato que, por si só, já torna sua leitura pertinente e recomendada.

Contudo, devo alertar que o começo pode ser um pouco difícil, uma vez que os irmãos te jogam na localidade conhecida como Arkanar sem maiores dados ou explicações, o que pode causar certa confusão, porém, este fato foi logo superado, e a leitura do desenvolvimento torna-se mais fluida e o final é simplesmente maravilhoso, merecendo especial destaque para os diálogos.

A obra é ambientada um planeta alienígena que se muito se assemelha com a Terra, no entanto, em um período com características medievais ou da “Idade das Trevas”, onde está ocorrendo uma verdadeira caça aos letrados. E, por sua vez, o protagonista, Dom Rumata (ou Anton), revela-se um dos 250 observadores [ou espiões] terráqueos enviados como historiadores do Instituto.

Assim, em posse de recursos e conhecimentos privilegiados, o personagem deve limitar-se a observar e reportar aos seus superiores o transcorrer da história, sem poder intervir diretamente no desenvolvimento e tampouco nas escolhas daquela sociedade – tarefa árdua que lhe faz questionar a “facilidade” em ser uma espécie de deus, bem como sua inércia e ordenada imparcialidade frente à sua humanidade.

Crítico, o livro faz referência ao governo soviético na época da Guerra Fria, mas também pode ser transportando ao momento em que vivemos com diversos governos autoritários, e diante da retomada da politica de fortalecimento do patriotismo, com o fechamento de fronteiras e a crescente xenofobia, quando deveríamos adotar uma politica de cooperação e solidariedade global.

A obra também mostra os efeitos terríveis do medo da ciência, da ignorância, do desprestígio da intelectualidade, do sucateamento da educação bem como das manifestações artísticas, e especialmente, do uso religião e da política como mecanismo de controle.

Recomendo!

“Sem artes e cultura em geral, o Estado perde a capacidade de autocritica, acaba incentivando tendências equivocadas, começa a produzir bajuladores e vilões, cultivar nos cidadãos o consumismo e a prepotência e, por fim, novamente se torna vitima da vizinhança mais sábia.” (p.142)

site: https://www.instagram.com/biblio.faga/
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dafsss 07/06/2020

Me marcou muito de tão perfeito
Os autores vão te colocar dentro de Arkanar do nada e sem explicação. Conforme o livro vai fluindo, vamos captando as informações dadas de forma sútil. O inicio é um pouco difícil de fluir e é seco, mas quando te prende você não desgruda da história.
...
É uma obra inteligente, bem formulada e vai ampliar seu pensamento crítico. Trechos geniais que vou carregar comigo e fizeram eu refletir sobre o momento que vivemos e o que levamos do passado para o futuro.

site: https://www.instagram.com/p/CA-2eFvD_mv/
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Bruno N. 06/06/2020

É Difícil Ser Deus
Escrito em 1964 pelos irmãos, Arkádi e Boris Strugátski e inédito no Brasil publicado pela Editora Rádio Londres com tradução direta do russo por Tatiana Larkina?.
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Arkanar é um país alienígena descoberto pelos terráqueos lá vivem seres iguais aos nossos porém chafurdados na lama da ignorância e sem qualquer iluminação. Para isso "O Instituto" da Terra envia 250 observadores, e Dom Rumata (Anton) como historiador que não pode diretamente mudar os rumos e sim, indiretamente levar esse povo a "clareza" se vê em dificuldades em não se envolver e transformar essa terra alienígena.?
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O livro explora as questões sócio-políticas, religiosas, morais... me colocou como observador e questionador: a história é um reflexo para o presente e o futuro, só mudam as caras mas sempre giramos a roda no mesmo lugar.?
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Governos autoritários como Rússia, China, Venezuela e uma aparente falsa democracia brasileira??
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A quanto tempo a Igreja Católica se intromete? Porém atualmente temos a bancada evangélica na política brasileira, ou seja, religião se envolvendo em política.?
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Em "É difícil ser Deus" há muitos assuntos pertinentes: a lealdade no patriotismo ensandecido, o governo como inimigo dos letrados (das ciências e da cultura), o abuso do poder para gerar medo e controle das massa, o sufocamento dos homens do campo para enriquecer com o comércio e criando nos homens o consumismo desenfreado, tornando-os escravos da ignorância (da religião, da avareza, da riqueza).
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Com desdobramentos criativos e bem trabalhados é um romance poderoso.? Seria incrível que cada pessoa pudesse ler esta obra que é: ..."sólido, altamente criativo e satisfatório". - Ursula K. Le Guin -
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Elaine | @naneverso 30/05/2020

Para aqueles que, assim como eu, não têm tanta familiaridade com a literatura russa (ou pelo menos com a escrita dos Strugátski), 'É difícil ser Deus', apesar de sua suma importância, pode não ser um livro fácil.
Os primeiros capítulos dão a impressão de que não temos todas as informações que deveríamos ter, de que deveríamos ler as outras obras do mesmo universo criado pelos irmãos antes de chegarmos a 'É difícil ser Deus', e dá uma vontade LOUCA de acabar com qualquer vestígio online que diz que você é leitora, pois, obviamente, você é burra demais para entender uma obra tão inteligente.

A resenha completa vocês encontram em @naneandherbooks no Instagram
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Sandrics 26/05/2020

É difícil ser deus foi escrito em plena Guerra Fria pelos irmãos russos Arkádi e Boris Strugátski e, apesar de ser uma crítica a formas de governo da época, o livro não foi censurado pois assim estaria admitindo que aquelas críticas presentes na aventura de Dom Rumata faziam referência à forma de governo soviética.

Dom Rumata é um espião enviado da Terra para o planeta da Arkanar, com o objetivo de observar como historiador mas jamais intervir na forma de vida daquela sociedade. Arkanar é um planeta que vive em um sistema parecido com o medieval, afundado em ignorância, onde está se estabelecendo um governo autoritário que tem como objetivo eliminar toda a forma de conhecimento existente no planeta (conhecemos bem essa prática, a censura de livros esteve presente em nosso dia a dia há não muito tempo). Enquanto a Terra é um lugar civilizado, sem conflitos, o próprio paraíso, Dom Rumata precisa viver em meio ao caos e a sugeira para relatar a seus superiores na Terra o que acontece em meio à população de Arkanar.

As críticas ao autoritarismo presentes no livro foram, para mim, o ponto forte dessa leitura. É difícil, no entanto, perceber que essa crítica, publicada em 1964, e mesmo antes já difundida e estudada no mundo todo, continua a se repetir atualmente. A banalização do conhecimento e da ciência, a imposição de ideias baseadas para garantir poder político, são apenas alguns exemplos.

Uma ficcção científica que para mim também se apresentou como uma distopia (não tão distópica talvez) e que pode não ter sido uma leitura fácil no início, mas que ganhou um ritmo acelerado em determinado momento que me fez devorar o resto do livro e ficar com a trama no pensamento por diversos dias.

O livro foi publicado no Brasil pela Rádio Londres e foi traduzido diretamente do russo por Tatiana Larkina, faz parte do Clube da Rádio.

site: https://www.instagram.com/culturinhas/?hl=pt
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@retratodaleitora 26/05/2020

“É difícil ser Deus” foi meu primeiro contato com a literatura russa, e já comecei com um gênero que leio pouco, mas adoro: a ficção científica! Traduzido direto do russo pela Tatiana Larkina, essa ficção escrita pelos irmãos Arkádi e Boris Strugátski lá em 1964 apresenta um universo medieval bem curioso.

Neste livro vemos o personagem Dom Rumata no mundo de Arkanar, um reino longe da Terra não só na distância de um planeta para o outro, mas também no que se encontra em ambos no quesito governo. Pois a terra, neste livro, alcança a perfeição. Sem guerras, sem ignorância; a cultura e a ciência são enaltecidas. Um sonho! Então Dom Rumata (essa é sua identidade falsa), um historiador, parte da Rússia para Arkanar para tentar ajudar o planeta a não se autodestruir em meio à ignorância e a violência crescente contra os mais pobres e contra os artistas e cientistas que ousam pensar além; mas sob uma condição: agir apenas indiretamente.

Foi bem desafiador ler a primeira metade deste livro uma vez que os autores optaram por não escrever muito sobre o universo em si, as motivações ou a tecnologia. Eles apresentam o protagonista já em ação, e fica ao leitor a tarefa de tentar, ou não, juntar os pedaços de informações dispostos na narrativa para montar o universo em si e visualizar melhor em que cenário medieval Rumata se encontra. E infelizmente é possível observar que esse cenário medieval em que a violência reina e a ignorância é louvada tem semelhanças com o desgoverno que estamos vendo e vivendo no momento.

Literatura é política e “É difícil ser Deus” é uma ficção científica que mostra um personagem lutando contra o fascismo e tentando se manter são em uma sociedade que parece ter desistido de si mesma. Mas como enfrentar tudo isso? Rumata enfrenta muitos problemas em sua jornada.


“A gente sente uma monotonia pesada, perspectiva alguma, dá vontade de desabar e lamentar como somos fracos e insignificantes diante das circunstâncias…”


Recomendo! Vai agradar os fãs do gênero e quem busca leituras mais críticas sobre questões sociais e governamentais, pois possui debates ainda muito atuais, mesmo escrito em 64 e ambientado em um cenário medieval (tristeza!).


site: https://www.instagram.com/p/CAqTp9zDNoS/
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