Cris 25/06/2018Deixou a desejar...
“É estranho o sentimento quando conseguimos ouvir os outros seres vivos, não acha?” pág. 55
A história se passa 300 anos antes do descobrimento do Brasil. Um naufrágio no litoral brasileiro traz para o mundo um demônio chamado Anhangá.
O único sobrevivente deste naufrágio é Mohamed, um feiticeiro mouro que conhece a origem do demônio e vai ter que lutar contra ele.
A história é narrada sobre vários pontos de vista. Primeiramente, vemos Mohamed a bordo da embarcação, e como ele escapa do naufrágio com vida, sendo acolhido por um grupo de indígenas que cuida dele.
Em outro ponto da história, alguns guerreiros da tribo que salva o feiticeiro - os tupiniquins, partem pela floresta para caçar. Entre eles está o jovem Acauã, mas acabam sendo capturados pela tribo rival, os tupinambás.
E temos também o ponto de vista do próprio demônio. Nestes trechos vamos percebendo as motivações do bicho ruim, e seus pensamento egoístas e malvados.
Acontece que a tribo dos tupinambás é atacada pelo Demônio e acaba atraindo a atenção de outros habitantes da floresta e a fúria de outros deuses, entre eles, o protetor das Matas, Curupira e a deusa das águas, Iara.
O primeiro capítulo se passa alguns anos à frente, e me deixou empolgada e curiosa com a história que viria.
Eu não gostei da construção dos personagens, especialmente do Demônio dessa história, que é muito caricato, com diálogos horríveis. O livro é curto, mas a história dá muitas voltas e parece que não se desenvolve. A alternação entre os pontos de vista acaba narrando a mesma história sobre a visão de personagens diferentes e eu achei isso muito cansativo.
Sobre o Curupira… Nesta história ele é considerado um deus, mas achei ele tão irritante quanto o próprio vilão da história.
Na batalha final também acontece tanta coisa misturada que eu me perdi na narrativa.
Outra coisa que me irritou muito durante a leitura foram os erros de revisão, que são tão gritantes que chegam a atrapalhar a leitura.
Como pontos positivos, eu posso dizer que eu gostei de ver a cultura indígena representada neste livro. O autor descreve bastante os costumes e o ambiente em que se passa a história é muito interessante.
Eu gosto muito do folclore brasileiro e apesar de não simpatizar muito com os personagens citados, foi legal ver a inserção de personagens tão conhecidos da nossa cultura como o Curupira e Iara nesta história.
Algumas coisas interessantes também foi a união de diferente tipos de magia e religião para combater um mal em comum, e algumas partes da batalha final. O autor também não poupa os personagens e as descrições das mortes são bem cruéis.
Fora os erros de revisão, o trabalho editorial está bem bonito, e a capa é muito linda.
Mas no geral, a história deixou bastante a desejar.
“Pois mesmo quando o amor nos acaricia, ele também nos açoita. Mesmo quando nos ajuda a crescer ele também nos poda.” Pág. 240
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