Larissagris
13/02/2024A GAIOLA DE OURO (CAMILA LÄCKBERG)Observava com espanto as prostitutas na área central da cidade, [...] Eu lhes pedia um cigarro e fantasiava sobre a vida que levavam. A liberdade de estar no fundo do poço. Não havia risco de afundarem ainda mais naquele mar de lama. (Pág. 23)
- Parece ter uma tristeza em você. Acho bonito. Gente que está sempre alegre me entedia. Não fomos feitos para ser felizes o tempo todo, senão o mundo pararia. (Pág. 28)
Julienne a encarou, chocada. Faye nunca havia perdido a paciência na frente da filha, que sempre sorria, fazia carinho em seu rosto e dizia que ela era a melhor mãe do mundo. A escuridão dentro dela estava saindo do lugar onde ficara enterrada. Em outro tempo, em outra vida. (Pág. 85)
O maior problema das pessoas, percebi, é que elas projetam suas dores nos outros, querem dividi-las. Acham que somente por termos um DNA parecido vamos nos sentir tristes diante das mesmas situações. A tristeza não fica mais leve apenas porque a dividimos com alguém. Pelo contrário, fica até mais pesada. (Pág. 114)
Alice, com seus enormes olhos de gazela e sua pele perfeita: será que ela era feliz com a vida que levava? Era realmente apaixonada por alguma coisa? Faye não suportava mais viver de aparências. As duas estavam presas em gaiolas de ouro, como dois pavões. (Pág. 140)
Eu sentia dor, mas era exatamente isso que queria. A dor era minha conhecida. Era como um bálsamo para minhas feridas. Fazia com que me sentisse segura. O mundo estava queimando e a dor era a minha âncora. (Pág. 149)
Ele não gostava que eu dissesse não. Ficava zangado e frustrado. Por isso eu nunca recusava. Era mais simples assim. Se ele estava feliz, eu também estava. (Pág. 151)
Dizem que o amor cega, mas Faye sabia que nada nos deixa mais cegos do que o sonho de ter um amor. A esperança é uma droga perigosa. (Pág. 165)
Jack era sua droga e, assim que ela saísse da fase de abstinência, se levantaria e a dor desapareceria com o tempo. Exatamente como tinha acontecido antes. (Pág. 186)
A experiência de ser posta de lado, de ser julgada pela aparência, lutar para se adaptar, para agradar a todos, era isso que unia as mulheres de todas as idades, em todos os países e em todos os tempos. (Pág. 201)
A grande maioria das mulheres tem suas feridas de guerra, de uma maneira ou de outra. Apesar de tudo, ficam caladas. Mordem a língua. Toleram. Demonstram compaixão e perdoam. (Pág. 201)
Porque é isso que as mulheres fazem. Elas internalizam a raiva. Viram-na contra si mesmas. Não se revoltam nem exigem justiça. Meninas boazinhas não brigam. Não elevam a voz. É algo que toda mulher aprende desde pequena. Mulheres aceitam, suavizam, são responsáveis por todas as relações, engolem o orgulho e se diminuem até quase desaparecerem. (Pág. 202)
Chega disso, ela pensou. Juntas somos fortes e não vamos mais ficar caladas. (Pág. 202)
Não importa nossa posição na sociedade, nós, mulheres, somos traídas por um homem ao menos uma vez, e assim mesmo sentimos vergonha. Ficamos pensando o que nós fizemos de errado. Por que é assim? (Pág. 233)
Homens como Jack sempre querem possuir aquilo que não lhes pertence. Por isso ele a traíra. E era por isso que sabia que Jack também seria infiel a Ylva, se é que já não era. Era por isso que ele sempre trairia todas as mulheres que tivesse na vida. (Pág. 280)
Em momentos de crise, buscamos pessoas que podem reafirmar nossa segurança. Quando Jack precisar se reafirmar, irá atrás de você para pedir conselhos. Ele sempre precisou de você, só não foi inteligente o bastante para compreender isso até hoje. (Pág. 300)
Quando alguém está preso em uma gaiola de ouro, precisa de alguma distração para poder resistir. (Pág. 356)