Baú de Ossos

Baú de Ossos Pedro Nava




Resenhas - Baú de Ossos


7 encontrados | exibindo 1 a 7


Renato 23/12/2022

"À berdamerda com essa gente"
Uma história contada com a maestria dos grandes contadores de história. A saga da família do autor, desde os confins da memória, é apresentada em detalhes vivos, cores brilhantes, personalidades e sentimentos terrivelmente humanos. A vida de seus antepassados e esmiuçada com destreza cirúrgica, sensibilidade e olhar atento, e o autor nos transporta aos meandros da própria sociedade brasileira em todas as suas contradições e mazelas. A herança escravocrata e a insensibilidade da classe dominante nos assalta em passagens até mesmo inocentes. Mesmo que não tenha sido intencional (creio que foi) passam na nossa frente as mudanças sociais havidas geração após geração. Não é um livro fácil, especialmente pelo desfile de nomes e ligações parentais muito caras ao memorialista mas de pouco interesse ao leitor comum, mas o talento e a sua fina ironia compensam e nos impulsionam a seguir com avidez até a ultima pagina
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Teca 20/11/2011

Marcas da memória
Li há quase 30 anos, mas ainda me surpreendo com as referências que construí com a leitura deste livro e dos seguintes. Impossível passar em frente à Santa Casa no Rio, e em tantos outros endereços ou situações, sem lembrar as impressões deixadas por Pedro Nava em suas memórias. Viagens de trem, a cristaleira da casa da tia-avó, a praia da Glória, os doces caseiros de fruta... Pedro Nava não se limitou a contar suas memórias, mas também a instigar a memória do leitor.
Ladyce 25/11/2012minha estante
Teca, também estou relendo Baú de Ossos. Foi um livro muito marcante quando o li pela primeira vez, há muitos anos. Como você desde então há locais no Rio de Janeiro que não posso ver sem me lembrar dessa narrativa. foi com prazer que vi suas memórias -- e são seis volumes -- sendo reeditadas. Bom comentário.


Hester1 17/12/2013minha estante
Eu li sua resenha aqui há um tempinho. Comprei o livro, comecei a ler e nao consigo engrenar na leitura. E eu amo livros de memórias. Mas este tá difícil.




Kelly Oliveira Barbosa 13/11/2017

[Aquele que eu passei 10 meses lendo]
Baú de Ossos é o primeiro volume das Memórias do médico brasileiro Pedro Nava (1903-1984), publicado pela primeira vez em 1972.

Li esse livro porque Pedro Nava é um autor mineiro, estava à procura de algo que pudesse preencher meu imaginário histórico e cultural no tocante ao meu lar geográfico. Comecei sem saber o que esperar, apesar de já ter muita simpatia pelo gênero literário memorialista, isso por considera-lo o mais completo em relação à possibilidades de narrativa - explico daqui a pouco o que quero dizer. O primeiro impacto foi com a linguagem, tão brasileira, tão nossa em toda a sua beleza e malícia, que me aproximei imediatamente daquilo que estava sendo contado – o cotidiano brasileiro de famílias do século XIX e XX -, não com uma identificação individual, mas coletiva.

Nava dividiu corajosamente as mais de 500 páginas em quatro capítulos. O que enquanto estava lendo, achava mesmo corajoso, mas agora que terminei acho genial – Setentrião, Caminho Novo, Paraíbuna e Rio Comprido. O primeiro é dedicado à família paterna, o segundo, à materna, e o terceiro e quarto à sua infância. O Baú se abre: eu sou um pobre homem do Caminho Novo das Minas dos Matos Gerais. Fugindo a regra da maioria dos livros que li, a de fisgar o leitor nas primeiras linhas ou parágrafos, ele não parece se preocupar com isso. Simplesmente começa a lembrar da casa onde nasceu, em Juiz de Fora, e parte num esforço de recobrar não só a sua, mas as memórias daqueles que haviam partido há muito tempo.

A narrativa foi desafiadora, uma montanha-russa em que as descidas eram recompensadas pelos picos, e imprevisível também, numa página era possível rir alto e na outra ter os cantos dos olhos úmidos. A constante mudança se dava não só no ritmo e atmosfera, mas na variação de recursos narrativos, e aqui está o que quero dizer por “gênero completo”, Memórias é o nicho da literatura que quase a abarca inteira. Nesse Baú de Nava continha relatos, confissões, conspirações, romances, descrições, o cotidiano, a fantasia, reflexões – políticas, éticas, étnicas, médicas, religiosas... — ação, drama, comédia, suspense e até terror.

A construção de "personagens reais" também precisa ser mencionada. Com raras exceções (das citações do folclore), todas as pessoas citadas por Nava tinham Certidão de Nascimento, pois, não era esperado que ele iria criar um parente fictício. Ainda assim, ele desempenhou um papel de criador enquanto falava de uma personalidade, mau-humor, mania... a partir de um retrato ou carta ou objeto que pertencia ao tio, tia, prima, cunhado, avó, tataravô... Ele apelou para a imaginação sem tentar esconder isso, e de uma forma que o leitor não consegue separar o real das lacunas fantasiosas.

Sobre Minas Gerais – a minha busca inicial como já dito – se eu começasse a relatar minhas deslumbrantes descobertas esse seria o post mais longo da história desse blog - vou poupa-los. Contudo, deixo a fagulha de que agora sei de uma história das Minas dos Matos Gerais, muito diferente daquela friamente aprendida na escola.

Baú de Ossos é rico em conteúdo cultural e histórico, não só de Minas Gerais e Rio de Janeiro – os estados reverenciados por Pedro Nava -, mas do Brasil, porque a descrição de lugares e fatos, bem como, a de pessoas e famílias; são um retrato brasileiro. Não tem como ler o livro e não repetir mentalmente pelo menos uma vez: "Isso é o Brasil, esse é o brasileiro" (a não ser é claro, que o leitor seja um estrangeiro). Ainda nessa questão, fiquei impressionada com os relatos detalhados da escravidão. Posso dizer que a minha visão a respeito da escravidão dos negros no Brasil mudou totalmente, bem como da luta dos raros abolicionistas.

Outra coisa que não vou ousar em comentar é o significado do título, pois, este só é revelado perto do final do livro. Adianto apenas, que é um título carregado de melancolia e vinculado ao grande tema da obra, se é que podemos destacar um em meio a tantos: a morte - A morte parece ter sido a grande obsessão desse médico e escritor.

Concluindo, foi uma experiência de leitura marcante, me peguei em vários momentos, involuntariamente, abrindo gavetas antigas da minha própria memória. Pensei muito na história dos meus avós paternos e maternos que só conheço fragmentos. Der repente deu vontade de reconstruir todo o passado, mas reconheço que é uma tarefa para poucos. Nava conseguiu.

site: https://cafeebonslivros.blogspot.com.br/2017/11/eu-li-49-bau-de-ossos-de-pedro-nava.html
Diário de Leitura 15/11/2017minha estante
Você não imagina a alegria que eu sinto por descobrir alguém que tenha lido Pedro Nava e se deixado impressionar pelo poder de sua narrativa!!! É impossível ler esse autor e não se tornar um brasileiro diferente. Abraços!


Kelly Oliveira Barbosa 16/11/2017minha estante
Verdade Lucas! Abs^^


Paul Harris 05/03/2019minha estante
Resenha maravilhosa. Tenho a obra de Pedro Nava como meta de leitura, e suas observações reforçaram meu interesse. Parabéns!


Kelly Oliveira Barbosa 06/03/2019minha estante
Obrigada pelas palavras Paul Harris :)




Everton Vidal 11/12/2019

Terminei com aquela sensação (ao mesmo tempo boa e de vazio) de ter lido um dos melhores livros da minha vida.
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Dávila 26/04/2020

Pedro Nava e seu precioso baú de ossos.
As memórias de Pedro Nava são sensacionais.
Ou quase memórias, pois as fronteiras entre lembrança e ficção são no livro indistintas.
A prosa é vasta, cheia de enunerações, um arquivo de guardados sentimental, mas rigoroso no detalhamento genealógico por exemplo.
Uma obra memorável.
Também é um doloroso tratado sobre a morte e como a encaramos.
Literatura de primeira, patrimônio cultural imaterial, uma verdadeira viagem às origens.
Ótimo guia para entender a história do Brasil, a infância, a condição humana e perfeito para oficinas de memória e patrimônio cultural.
E esse é só o primeiro volume.
Só lendo para entender.
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JosA225 31/12/2023

Baú de Ossos
Pedro Nava, principal memorialista da nossa literatura, conta a estória de sua família. Começando com seus pais, uma família do Ceará e outra do Rio de Janeiro, passando por Juiz de Fora, em Minas Gerais.
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Áquila 27/03/2024

Memorialismo naturalista
O autor retoma suas memórias trazendo sua experiência de médico para um relato mais cru. Com a experiência de contador de causos mineiro, traz histórias e mais histórias, levando o texto a uma duração que me parece exagerada.
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