Tigana

Tigana Guy Gavriel Kay




Resenhas - Tigana


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Newton Nitro 14/09/2014

Resenha: Tigana, a Prosa Poética de Guy Gavriel Kay #nitroblog #tigana
Guy Gavriel Kay, pelo que aparece em sua página na Wikipedia, entrou no mundo da literatura ajudando o Christopher Tolkien, o filho do megamass doidimais J.R.R. Tolkien na edição do Silmarillion. Aproveitei esse detalhe para tacar a trilha completa uber-extended do Senhor dos Anéis para acompanhar a leitura de Tigana, e deu muito certo! A música maravilhosa de Howard Shore combina completamente com o estilo poético de Guy Gavriel Kay, aumentando a viagem ao mundo de inspiração italiana medieval de Tigana.

A leitura das primeiras páginas foi um choque. Vindo da leitura dos três últimos volumes da saga Malazan, que transborda de nihilismo, cinismo, brutalidade, amoralidade e tudo do bom e de sangrento do gênero brutal e sombrio da literatura de fantasia, levei um tempo para acostumar com o estilo poético e quase neoclássico de Guy Gavriel Kay. É como se Kay combinasse o tema e o cenário da história com um estilo que lembra muito os romances do século XIX, rebuscado, poético, com grandes passagens de exposição, adjetivos e advérbios espalhados por frases muitas vezes bem longas. Junto, é claro, com uma sensibilidade contemporânea e um estudo de personagens mais cinzas, de moralidade questionável e em muitos pontos desconstruída.

O estilo mais clássico de escrita, que poderia derrubar escritores menos habilidosos, é bem feito nas mãos de Kay. O texto tem um tom poético, passagens com descrições belas, e as longas exposições são muito bem escritas.

Apesar de uma trama bem complexa e cenas de ação emocionantes, o foco da narrativa é a vida interna dos personagens, suas emoções, dúvidas, questionamentos e crescimento. Os personagens são bem construídos, com vida emocional complexa e bem apropriados para os temas abordados no livro, como; o preço da vingança, a questão da identidade e sua ligação com a memória, o custo do patriotismo, lealdade e traição e o preço da liberdade.

A história se passa em um país ficcional, a Península da Palma, em um lugar que lembra a Itália medieval. Em algumas partes senti um clima bem borgiano, lembrando muito a saga dos Bórgias (estou com The Family, o livro de Mario Poderoso Chefão Puzo sobre a Família Bórgia da Itália renascentista para ler faz tempo, ler Tigana me deixou na fissura de colocar ele na frente da minha pilha de livros).

Sem querer dar spoilers, a história segue uma narrativa de revolução contra tiranos, uma revolução comandada por um grupo de heróis com falhas e moralidade cinza. A narrativa é bem romântica, com algumas cenas bem eróticas, escritas na prosa poética de Kay. O final é épico, bem épico mesmo, com cenas dramáticas e muita emoção, do jeito que tem que ser!

O cenário é muito bem construído, quase uma fantasia histórica, me passou uma sensação bem realista. A magia é misteriosa, rara e muito poderosa, mas com limites. Os elementos sobrenaturais são bem interessantes, adorei as Riselkas, mas se você quiser saber o que são, leia o livro! E tenho que confessar, os personagens que mais gostei foram dos vilões, vou te contar, o tirano Brandon é doidimais! Mas isso é por causa do meu vício em fantasia brutal e histórias de terror, eu sempre acabo do lado do monstro ou dos bandidos, hahahaha!

Fica a recomendação, mas aviso para, antes de comprar, leia algumas páginas para ver se você curte o estilo mais clássico e poético do Guy Gavriel Kay. Se for a sua praia, e se você curtir uma história mais romântica, mas com ação, aventura, e personagens bem construídos, Tigana é fantástico.

Um detalhe, li o livro no original em inglês, mas Tigana já foi lançado no Brasil pela editora Saída de Emergência. Pelos comentários que recebi, parece que a tradução foi bem feita (uma raridade entre os romances de fantasia traduzidos no Brasil).

E agora, de volta ao mundo cruel e doidimais de Malazan com The Tales of Bauchelain and Korbal Broach do Steven Erickson, os necromantes mais doidimais desse lado do Império Malazan.

E vamo ler porque ler é doidimais!
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