Amor de Perdição

Amor de Perdição Camilo Castelo Branco




Resenhas - Amor de Perdição


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MatheusPetris 19/07/2021

O Amor de Perdição, do título, não se refere apenas ao casal de enamorados, ele corporifica-se alastrando-se e laçando as personagens da trama, sufocando-as, para depois, reduzi-las ao pó. A dita perdição nasce de uma impossibilidade, uma impossibilidade calculada pela intriga familiar. Duas famílias que nutrem um ódio para com outrem e, não se dobrarão, mesmo que sob ameaças da cessação da vida daqueles que amam. Os costumes e leis morais que regem a sociedade estão acima dos sentimentos, estão acima dos laços sanguíneos. Mais vale uma imagem a zelar, do que ceder a uma paixão jovem e desenfreada. Nisso, ambas as famílias combinam-se, agem friamente de acordo com seus princípios.

Diante dessa inexorável e incontestável guerra familiar, as injúrias já não bastam e as regras são quebradiças diante de tanta paixão, por isso, resta como opção a dissolução do seio familiar. Para isso, os patriarcas dessas famílias, preferem os filhos o mais distantes possível, de modo que não possam se reencontrar. E nisso, a estrutura do romance de Camilo é notável em abusar das artimanhas novelescas, das pontas da trama que estão prestes a explodir e não explodem. Podemos pensar naquilo que Umberto Eco intitulou de estrutura sinusoidal, uma rede de tensões e distensões urdidas pela trama, a fim de prolongar o sentimento do leitor, bem como capturar sua atenção. Segundo o autor, o romantismo errou muito ao criar tantas linhas na trama que se tornam insolúveis, afinal, são criadas pela necessidade (editorial em até certa medida) da construção de uma nova tensão.

Não acredito que seja o caso, contudo, faço uma ressalva, pois, podemos observar isso em algumas mortes súbitas, resoluções de sobressalto no destino de algumas personagens, talvez, por não ter forma melhor de lidar com seus destinos. Portanto, existe uma resolução, uma amarração, mas insatisfatória diante da complexidade que a personagem era construída até então. Todavia, vale lembrar que o romance foi escrito em inacreditáveis quinze dias.

Fechado o enorme parênteses, enfim, voltemos ao casal. Diante da tal separação mencionada, resta uma única aliada: a linguagem, a palavra. Sendo ela, a única forma de afeto, de toque. Tal afeto, é construído por uma troca epistolar, é a forma de aproximação que lhes restam. Não importando a distância, a palavra também vem como sinal de resistência, de luta. E é neste paradoxo que o amor vai florescendo cada vez mais: quanto mais tentam afastá-los, mais eles se aproximam.

Convencionou-se chamar o autor de ultra romântico. Neste romance, acredito que esse termo vem residir num imbricamento entre o romantismo e a tragédia, entre a vida e a morte. Pensemos. O exagero não vem apenas da palavra, mas claro, tem seu toque, pois, os enamorados cometeriam tantos atos de bravura, caso não houvessem lido tantas declarações eufóricas de amor?

A imagem final, vem reiterar esse paradoxo que menciono acima, pois, enquanto as personagens protagonistas se afastam – ela, em espírito, do mirante, ele, no navio, em direção a prisão –, o amor deles é tão forte que se resvalam espiritualmente, se encontram, cedendo enfim a morte, pois, sabem da impossibilidade viverem o amor. E não para por aí. O ultra não é à toa, e a perdição com que abri esse pequeno ensaio é derradeira.

A perdição se ramifica após a morte de Simão e Teresa. E, a “santa” Mariana, que abdicou de toda sua vida para amar e resguardar um homem que sabia amar outra, também se perdeu junto ao seu sentimento. Essa bela e paradoxal (novamente) imagem, de um navio se afastando de um mirante e de uma dama se lançando junto ao mar para abraçar um defunto, é tão forte e impactante quanto uma tragédia grega. Eis o ultraromantismo. O amor é o ceifador de vidas, talvez, um sinônimo para a morte.
astrphysics2 19/07/2021minha estante
adorei a resenha! vou adicionar na minha lista


MatheusPetris 19/07/2021minha estante
Obrigado, fico feliz! Leia quando puder, recomendo bastante.




carolyamate 19/03/2010

Todo mundo morre.
Cláudia Isabele 28/08/2012minha estante
Sinaliza spoiler, né, gata?


Nanda 23/10/2013minha estante
aff!


Ivanete.Bampi 18/06/2017minha estante
Sinaliza Spoiler, né, CHATA!


Grazi 02/08/2020minha estante
Ei pow!


char_benji 09/08/2020minha estante
tem um botãozinho escrito "spoiler", sabia?


Lari 07/10/2020minha estante
Nossa que sem noção , AFF


tchello 07/01/2021minha estante
Acho que mais sem noção do que esse comentário, foram os 31 fdp que curtiram pra resenha ficar no topo e entregar o final do livro pra todo mundo. Parabéns!


Laura 08/04/2021minha estante
Sinaliza spoiler.


Garota Relâmpago 09/04/2021minha estante
Mano... ódio...


sophia 01/06/2021minha estante
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk


Alinne.Lima 21/06/2021minha estante
Pqp




Ana Sá 05/09/2022

Histórias de amor dentro e fora do livro [resenha que não é bem resenha]
[A quem possa interessar, dei dica de turismo literário no final da resenha!]

"A desgraça afervora ou quebranta o amor?
Isso é que submeto à decisão do leitor inteligente. Factos e não teses é o que eu trago para aqui. O pintor retrata uns olhos, e não explica as funções ópticas do aparelho visual”.

O enredo de "Amor de Perdição" não é de todo inédito: um amor proibido devido à rivalidade de duas famílias, acrescido de uma terceira personagem que dá forma a um triângulo amoroso que não é bem um triângulo amoroso.

Como acontece em muitos clássicos do século XIX, o papel e a representação das figuras femininas são incômodos em alguns momentos, mas no todo o romance é envolvente para quem gosta de uma história de amor cheia de sofrência. Embora eu faça parte desse grupo de leitoras (prova disso é que eu não conseguia parar de ler o livro!), minha motivação pra tirar este clássico da gaveta foi outra:

Camilo Castelo Branco escreveu "Amor de Perdição" enquanto estava preso numa cadeia na cidade do Porto, em Portugal, por ter se relacionado com uma mulher casada. O que se fala pouco é que a tal mulher também ficou presa no mesmo local e também ela escreveu um livro sobre o tempo em que esteve reclusa. Trata-se do livro "Luz Coada por Ferros", de Ana Plácido. Não é muito fácil encontrar exemplares das obras da autora, mas esses dias descobri que a Biblioteca Nacional de Portugal disponibiliza em seu acervo digital (em PDF e sem necessidade de login) o romance "Herança de Lágrimas", publicado por Ana Plácido anos depois de sair da prisão e que parece ter sido inspirado, em alguma medida, no adultério pelo qual ela foi condenada. Enfim, li "Amor de Perdição" porque, a partir dele, quero conhecer o olhar feminino dessa história toda, ter acesso à visão de uma escritora mulher sobre esse contexto histórico. Resumo da minha ópera literária: li Camilo para ler Ana Plácido, e como já foi bom ter pagado a minha dívida com esse clássico de Camilo!

Obs. sobre Turismo Literário: quem visitar a cidade do Porto pode ter acesso à prisão e, em específico, à cela em que Camilo escreveu o livro; hoje, o prédio é sede do Museu de Fotografia e a entrada é livre. E na minha opinião, o título que Ana Plácido deu ao seu romance descreve com perfeição a imagem que se vê num fim de tarde neste edifício: lá, a luz externa é, até hoje, coada por ferros. Ah, e ali bem pertinho, descendo um pouco a Rua Barbosa de Castro, fica a casa (recentemente destruída por um incêndio, mas com um letreiro resistente) onde nasceu Almeida Garrett. E para fechar o roteiro, é ainda possível, a partir dali, descer pro rio Douro pela rua da Restauração; à esquerda de quem desce, assim que surge o rio, estão as ruínas do Convento de Monchique, onde acontece uma das cenas icônicas do desfecho de Amor de Perdição. Não se trata de uma atração turística, então podemos vê-lo apenas por fora, e como o prédio está abandonado, o passeio acaba sendo até um pouco macabro (não vou me alongar mais aqui, mas o susto que eu tomei fazendo essa visita sozinha foi cena de conto de terror! rs).
E como literatura pouca é bobagem, dou mais uma referência literária: quem contornar as ruínas do Convento para chegar à sua entrada (macabra) vai acabar na Rua de Miragaia, rua/bairro mencionado no conto-crônica "Endereço Desconhecido", de Lygia Fagundes Telles. Eu fotografei esta rota e, se me vier inspiração/motivação, vou fazer um post no Instagram, mas achei que valia a pena deixar a sugestão aqui também!
Joao 05/09/2022minha estante
Adorei os teus comentários, Ana. Li essa obra na época da adolescência, às vésperas do vestibular (bons tempos... Ou será que não? Kkkkk). Lembro de ter gostado, mas naquela época, eu era mais apreciador do chamado Ultra - Romantismo.
Adorei as dicas de turismo e se um dia eu tiver o prazer de ir a Portugal, já salvei essas anotações aqui kkkkkk


Jacy.Antunes 05/09/2022minha estante
Vou anotar o seu roteiro para uma futura visita.


Ricardo 05/09/2022minha estante
Me deu vontade de ler (e viajar kkkk)


Carla 06/09/2022minha estante
Muito obrigada por a informação que me deu sobre Ana Plácido, pois desconhecia por completo que ela também tinha publicado. Apenas sabia que ela copiava, preparava tudo o que Camilo escrevia para publicação.


Jacy.Antunes 06/09/2022minha estante
Ana, essa ideia de turismo literário é muito interessante. Quando voltar à Portugal irei até Leiria conhecer locais do Crime do Padre Amaro.


Ana Sá 06/09/2022minha estante
Ricardo, eu achei a leitura bem gostosinha! E, enquanto escrevia a resenha, também me deu vontade de turistar desse jeito de novo! ?

João, esse é um clássico que me escapou na escola... E vc tem cara de adolescente que gostava do Ultra Romantismo mesmo! ?


Ana Sá 06/09/2022minha estante
Oi, Carla! Pois é, o arquivo da Biblioteca Nacional foi a segunda boa descoberta dessa história toda... A primeira, novidade recente pra mim também, foi a Ana Plácido autora! Pretendo ler em breve e fazer históricos por aqui!


Joao 06/09/2022minha estante
Ana, vou levar isso como um elogio kkkkkkkk


Ana Sá 06/09/2022minha estante
Jacy, faz pouco tempo que tenho me atentado a essas pontes entre realidade-ficção no turismo... No geral, exploram-se mais as casas dos escritores, né? Tenho gostado de buscar os cenários das histórias a partir de um olhar mais pessoal... Em Azinhaga, pensando Saramago, fui em busca disso!

No Porto, a cadeia é a parte mais estruturada; já as ruínas do Convento podem ser até sem graça pra maioria, mas com a narrativa fresca na memória, ou tendo qualquer memória afetiva do livro, o passeio ganha mais sentido... Penso na sua ida a Buenos Aires após ler/reler Cortázar, por exemplo... E agora me deu vontade de passear em Leiria também, bem lembrado! rs

Obs.: o Brasil tb começa a ter alguns roteiros que extrapolam as conhecidas casas do autores... Tomara que a moda pegue! Minha lista de desejos aumenta a cada dia!!!


Ana Sá 06/09/2022minha estante
É elogio, João! ? Os alunos ultrarromânticos costumam ser gente boa... Guardo na memória alguns filosóficos até demais, mas sempre gente boa!!


Carolina.Gomes 15/09/2022minha estante
Agora pronto! Eu quero ler esse ?




Michela Wakami 21/02/2023

Já estou com saudades dos personagens, amei demais acompanhar essa tragédia romântica.
Simão, Teresa, João da Cruz e Mariana conquistaram meu coração.
Se você gosta de uma história sofrida, não deixe de ler esse grande clássico da literatura portuguesa.
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Sérgio Filho 02/05/2010

A perdição de Camilo Castelo Branco.
A obra é o homem. Essa máxima da teoria literária é vista com nitidez na obra do português Camilo Castelo Branco. Homem de vivência desregrada e ultra-romântico obra igualmente ultrarromântica. Impossível analisar o acervo camiliano sem contextualizá-lo ao seu estilo de vida.
Só assim pode ser vista a novela Amor de Perdição, que narra a história de um casal de adolescentes e seu romance malfadado. Como o mito de Píramo e Tisbe, Simão Botelho e Teresa de Albuquerque são vizinhos, mas suas famílias se odeiam devido a uma causa de litígio vencida por Domingos Botelho, pai de Simão, em detrimento de Tadeu de Albuquerque, pai de Teresa.
O amor exacerbado e proibido dos protagonistas de Amor de Perdição foi fortemente influenciado pela experiência de vida de seu autor. A Teresa de Camilo Castelo Branco é Ana Plácida, mulher casada que, juntamente com o autor português, foi presa a mando do marido traído. E é na prisão que Camilo em tempo recorde de quinze dias escreve sua mais conceituada obra. Para Camilo Castelo Branco a literatura foi, além do suporte financeiro, seu sustentáculo anímico. Para ele a literatura é uma necessidade urgente de dar vida a sua existência, por isso em Camilo a catarse se dá muito mais via escritor-obra do que obra-leitor. O que não diminui em nada sua literariedade, já que como profundo conhecedor da estrutura da língua portuguesa Camilo tem uma faculdade de expressão magistralmente ágil e culta, domina os recursos da linguagem produzindo textos dinâmicos e de marcante aceitação. Suas tramas, mesmo previsíveis, prendem a atenção do mais monótono leitor.
Como uma boa obra ultra-romântica o desfecho do autor português foi de igual tragicidade. Devido a sua vida boêmia Camilo contrai sífilis deixando-lhe cego. Sem conseguir enxergar para escrever, suicida-se com um tiro no ouvido direito no dia 1° de junho de 1890.
Gia Oliver 16/12/2011minha estante
Eu lia o livro e chorava por que é muito lindo, eles queria muito ficar juntos , mas sempre acontecia algo que os atrapalhava, eu queria que de algum jeito Simão reencontrasse a teresa e desse tudo certo, é um dos livros mais românticos que já li, uma intesidade fortes nas palavras que não há como não ser tocado.




Angelito? 08/04/2022

Dor, dor e mais dor
Basicamente a história de um amor que nunca aconteceria, um amor impossível.

Terminei em um dia, só que é meio chato não sei, não gostei muito. Eu tenho ele desde que tava no ensino médio e nunca tive vontade de ler, meio cansativo mesmo em áudio book, então tive que dar algumas pausas.
Não vo fazer resenha mais bem escrita então é isso.
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Math 16/06/2012

Amor de Perdição
Uma obra do Romantismo português que pela genialidade de seu criador e do momento, nos instiga, envolve e apaixona.
Além de ser um livro que claramente nos mostra uma linda história de amor também é critico as pessoas, a vida de mentiras, regras desonestas que eram impostas e presentes na época. Desde o inicio do livro Camilo Castelo Branco deixa evidente seu ponto de vista da sociedade portuguesa, da religião, da vida boêmia, da vida burguesa. Dizem histórias que Camilo Castelo Branco tinha uma vida amorosa muito agitada e que sempre esteve envolvido em casos amorosos com pessoas casadas da alta sociedade e um desses casos (o mais duradouro) com uma recém-casada chamada Ana Plácido foi a inspiração do autor para a criação dessa grande obra. Não se pode falar das obras camilianas sem antes falar da vida, sem antes envolver o grande autor que foi Camilo Castelo Branco.
“Amor de Perdição” conta a historia de amor de Simão e Teresa, suas famílias se odiavam por rixas pessoais fazendo de tudo para que eles se separassem. O enredo inicial é destinado para a formação da família dos “Botelho” contando a origem do amor de seus representantes (D. Rita e Domingos Botelho, mãe e pai) e com isso já se mostra o “feio” da sociedade pois D. Rita é libertina e todos os homens tem olhos para ela, e ela não se aflige, pelo contrário, até gosta. Domingos Botelho um homem descrito como feio não tem nenhum atrativo a não ser seus estudos, é corregedor formado tem um patrimônio econômico e uma estrutura social boa. Ao longo da história Domingos e D. Rita têm filhos. O que mais se destaca por sua personalidade é Simão, um menino durão e que anda com más companhias que tem como passatempo se meter em confusões, ninguém se atrevia a desafiá-lo pois sabiam que ele sempre andava armado e não tinha boas condições psicológicas quando era contrariado. D. Rita querendo uma moradia melhor convence seu marido a se mudar para Viseu, e é lá onde acontece o grande marco da historia.
Vizinhos da família Botelho temos a família Albuquerque, rival dos Botelho que tinha como a principal figura Teresa, uma menina doce, pura e meiga mas que lutava sempre pelos seus ideais. Simão então comete um crime na trama e vai para Coimbra, lá também não se da bem com os seus “colegas” estudantes e volta à Viseu onde era sua morada. Num belo dia Teresa e Simão se veem pela janela de seus respectivos quartos e se apaixonam como um amor a primeira vista e continuam a se ver nas ruas de Viseu. Com isso Simão agora não é mais o de antes, mudara completamente seu estilo de valentão e brigão, pois agora amava. Como Tadeu de Albuquerque (pai de Tereza) sempre a observava, viu Simão com Teresa e ameaçou sua filha a coloca-la num convento. Simão vai a Coimbra para se esforçar e estudar para oferecer um bom futuro a Tereza e continua a se comunicar com Teresa através de cartas, todos os episódios de seus vidas eles expressam nas cartas.
Teresa é prometida a se casar com seu primo, Baltasar, apaixonada por Simão o nega, despertando a ira de seu pai que odeia a família Botelho. Simão vai a Viseu e fica na casa do ferrador João da Cruz onde se revela um dos personagens mais ilustres e originais desta obra: Mariana, uma menina bonita, simples e jovem que vive com seu pai no campo e que sempre foi apaixonada por Simão, mas sofre calada, ama calada, e respeita os sentimentos do filho do corregedor, e em minha opinião a grande personagem, a melhor se tratando de amor e respeito, um personagem realmente original que não extrapola seus sentimentos pelo respeito, pela originalidade de seu caráter.
Então Teresa e Simão tentam várias vezes se ver, mas tudo em vão, sempre há um empecilho, alguma coisa ou alguém que atrapalhe, destacando Baltasar que em uma dessas perseguições contra Simão para deixar o caminho livre para seu casamento com Teresa, envia dois de seus criados para matar ou raptar Simão, mas são eles quem morrem.
Lembrando que Teresa estava sofrendo no convento onde seu pai a colocara, e por essa passagem pelo convento de Viseu, Tereza acaba percebendo um clima não muito bom entre as freiras daquele convento, e acaba dizendo em várias passagens que dificilmente conseguia realizar orações, de tão horrendo que eram os sentimentos daquelas personalidades. Camilo faz criticas ao clero, ”disfarçando” sempre, pois a sociedade ainda tinha “medo” (mais como respeito) do clero, mas a sociedade não estava submissa a esse absolutismo religioso, e nessas criticas ele toma essa opinião de que a igreja não era totalmente boa e que boa parte desse sentimento bondoso das freiras, de padres era ruim, era pesado e que estava longe de ser o que a humanidade sempre pensou um lugar para buscar a paz interior.
Agora na trama acontece o que para mim foi a transitoriedade da obra, de um caráter mais esperançoso e amoroso, para um caráter de morte, dor e sofrimento: a morte de Baltasar. Tadeu de Albuquerque decide colocar a filha em outro convento, mas não esperava pela figura de Simão, que já sabia de tudo e aparecera diante de todos. Depois de uma longa discussão, Baltasar vai agredir Simão, mas mal sabia que seu rival tinha uma arma, então quando se livrou das mãos de Baltasar, Simão dispara um tiro e mata o prometido de sua amada. O que nos surpreende neste momento, é a atitude de Simão, ele sem nenhum remorso, medo de ser preso, se entrega e assume o que fez, o típico caráter de um herói romântico.
A história depois de tal acontecimento, vira completamente um sentimento de morte. Nas cartas de Teresa e Simão a partir daí, passam a ser tristes, tentando buscar até o último vestígio de esperança.
Simão primeiramente é condenado a forca e em seguida, seu pai consegue a diminuição da pena, o degredo para a Índia. Neste meio tempo Maria fica louca (com a condenação da forca) mas depois volta ao normal quando sabe que sua pena foi mudada. Então, na cadeia do Porto, continua recebendo cartas de sua amada e sofrendo com ela a todo o momento.
No final, Teresa vê seu amado sendo transportado para a Índia e morre de fraqueza pois a esperança rompeu o seu último laço naquele momento. Simão sabendo disso, adoece e morre de uma febre mortal e Mariana cumpriu seu propósito, fez o que Simão pediu, jogando as cartas no mar e agarrada ao cadáver de Simão se lançou ao mar e morreu afogada.
Personagens bem trabalhados, Mariana me parece o personagem mais original, sofre sem nem ter recebido nenhuma esperança, nenhum “Eu te Amo” e ainda assim não atrapalhar, pelo contrário, até ajudar o romance. Camilo nos dá com essa personagem, um exemplo de amor, de pessoa e de atitude, Mariana é a heroína desta obra, sempre a espreita vista como uma pessoa que só atrapalha e que não devia nem existir só tem intenções nobres, simples sem nenhum tipo de egoísmo, este personagem impressiona não só pela beleza descrita, mas sim pela sua personalidade.
A linguagem é difícil, estranhamos um pouco quando o lemos, pois, além de ser escrito em português de Portugal havia ainda vestígios da linguagem da época, não era uma linguagem totalmente voltada para todo o tipo de público, a sociedade vivia uma euforia enorme, anos de libertação, deslocação da literatura, todos liam neste momento, ler não era mais para os cultos e ricos, mas sim para quem quisesse, como uma forma de entretenimento, então ainda estava tendo esse deslocamento de uma linguagem “culta” para uma linguagem mais popular. Existem termos difíceis mas nada que incomode ou deixe de mostrar a essência do romance
Uma sociedade suja e preconceituosa é marcada neste período, além da história a obra nos mostra isso. Casamentos interesseiros, obrigações forçadas por pessoas de sua própria família, o povo vivia sempre com medo dele mesmo, qualquer ato por menor que seja podia deixar sua família “na lama”, por isso as “precauções” tomadas. Mas porque precauções tão tolas? Camilo deixa sua revolta mas bem escondida. Alguns o retratam como autor que dá aí alguns ideais realistas pela sua critica, mas sem dúvidas foi um autor ultrarromântico não só pela sua obra, pelo seu acervo, mas pela sua vida agitada sempre envolvida pelo amor.
Mas sem dúvidas que o tema central do poema é o amor idealizado, um amor puro, verdadeiro e eterno, que consegue ser levado além dos laços da morte. Um sentimento que nos leva a uma paz, a um lugar distinto que ninguém conhece, isso é o amor, sem explicação, sem definição, o amor no seu lado mais íntimo, espiritualizado, isso é a obra “Amor de Perdição” que além de ter um final triste e surpreendente nos mostra tudo o que alguém é capaz a fazer por amor.
Camilo não restringe a obra só ao amor, ele consegue nos envolver em suas criticas e seu enredo empolgante. Ele consegue fazer com que nós vivamos esta obra, o enredo é muito bem encaixado, alternando momentos tristes a momentos alegres em todo o momento. Mortes, confusões, criticas, suspense, amor carnal e espiritual, realmente é surpreendente como Camilo Castelo Branco abrangeu tanto esta obra sendo merecidamente lembrado como queria, como o grande autor que foi.
Este é um clássico da língua portuguesa, mas não é monótono e nos mostra várias atitudes dos seres humanos em sua essência, o feio e o bonito, o amor e o ódio, o interesse e o verdadeiro. O livro tem a força de nos deslocar além das décadas, dos séculos e nos fazer viver toda a história vibrando a cada momento e acontecimento, derrubando o mito de que clássicos são histórias chatas e velhas, muito pelo contrário, pois este romance não se destacou e eternizou ao longo de dois séculos por nada não acha? Retrata muito bem o desenvolvimento da sociedade que temos hoje. Então leia, se divirta e talvez até se emocione com “Amor de Perdição”.
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deysiane 02/03/2024

"Eu também tenho amor capaz de extremos"
O trecho acima não pertence a esta obra, e sim a Metamorfoses, de Ovídio, quando ele narra a tragédia de Píramo e Tisbe, que pode, diretamente ou não, ter inspirado Camilo a criar a história de amor entre os personagens de um de seus mais famosos trabalhos. Penso isso porque, aqui, o amor também faz com que seus envolvidos cometam loucuras.

"Da janela do seu quarto é que ele a vira pela primeira vez, para amá-la sempre. Não ficará ela incólume a ferida que fizera no coração do vizinho: amou-o também"

Ao combinar características da segunda da fase do Romantismo, o Ultrarromantismo, e do Realismo, Amor de Perdição conquistou merecidamente um lugar na minha estante de favoritos. É uma novela passional curta, mas intensa e emocionante. Perfeito!
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Garota Relâmpago 26/04/2021

O livro não é muito o meu estilo mas posso dizer que a história é legal, acho que enrola um pouco demais e tem uma linguagem um pouco complicada mas você fica consegue se entreter com o romance e principalmente com as cartas que o casal principal escreve.

Eu li esse livro por causa de uma prova mas acho que valeu conhecer a história, mesmo que eu a ache com certa semelhança com Romeu e Julieta.
Ana clara 26/04/2021minha estante
QUE ISSO 10 CURTIDAS


Ana clara 26/04/2021minha estante
JULIANA VC TA FAMOSA


Ana clara 26/04/2021minha estante
ainda deu mta estrela KKKKK


Garota Relâmpago 26/04/2021minha estante
AMG TO FAMOSAAAA QUASE IGUAL VC CARA


Garota Relâmpago 26/04/2021minha estante
VC É MH INSPIRAÇÃO


Garota Relâmpago 26/04/2021minha estante
Amg é pq o livro vale a pena pra entender romantismo coisas de vestibular e essas coisas, só n é o meu estilo tendeu ?


Ana clara 26/04/2021minha estante
PARA


Ana clara 26/04/2021minha estante
KKKKKKKK


Ana clara 26/04/2021minha estante
Entendi po




sosodecampos 26/12/2022

Cartas...
Rivalidades e cartas, são definitivamente as palavras-chave para a descrição dessa obra magnífica de Castelo Branco. estava com saudades de uma escrita brasileira antiga, e resolvi ler este. uma honra ainda ter acesso aos livros que hoje em dia, são raros.
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Anninha 21/08/2021

Amor intenso e devoto
A leitura foi muito incrível, viver essa história que se passa muito distante do nosso tempo levanta tantos questionamentos e ajuda a fazer muitas reflexões.
Fiquei pensando como hoje o amor é algo que é credibilizado so com o tempo, só depois de 5 anos de namoro que as pessoas aceitam aquele amor como duradouro, e como na época da oba o amor era algo que todos acreditavam pelo fato da paixão dos amantes, não eram necessários anos de relação, nem as etapas como nos as conhecemos (namoro, noivado, casamento). Tudo era intenso, o amor era a razão para tudo e ninguém era capaz de dizer o contrário.

Amei muito e é gostoso ler algo diferente pra sair das nossas crenças e entrar num mundo tão distante do nosso.
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13marcioricardo 23/12/2022

Acima das expectativas!
Uma agradável surpresa! Não esperava que fosse tão bom, apesar de ser um dos mais famosos romances da literatura portuguesa. Não compreendo porque tem nota tão baixa, mesmo achando exagerada toda a tragédia amorosa do romantismo, mas naquele tempo não havia muito o que fazer. Camilo Castelo Branco é um ótimo escritor.
Pavozzo 24/12/2022minha estante
Que bom que gostou! ?

Penso que uma das razões para a "nota baixa" seja o fato de esse livro ser um pouco difícil para o brasileiro médio...
O estilo da linguagem bem como as diversas palavras desconhecidas são um bocadinho desafiadoras. ?




bibi! 16/06/2023

Se shakespeare e mr catra escrevessem um livro juntos...
Camilo castelo branco baforou pelo menos meia duzia de loló antes de canetar essa não-tão-querida obra. um clássico e obviamente um símbolo do romantismo português, mas que papinho esse do simão, hein? joão da cruz e mariana protagonistas MORAIS, isso é fato. leitura rápida, dá pra ler numa tarde com muito esforço (por ser muito chato. não leria isso por lazer, mas eu faço letras então não tenho escolha...) mas enfim, ao mesmo tempo é interessante? não sei explicar... gosto. camilo é apocalíptico.
alice 16/06/2023minha estante
KKKKKKKKKKamei a descrição




omanoel 29/04/2021

??
Livro Razoável.
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Ana SPV 21/12/2020

Não gostei
Um livro cansativo. Algumas partes da história não tem sentido. Fiquei várias vezes relendo capítulos, parágrafos para tentar entender.
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