Livrendo 23/07/2023
PERFEITO!!!
Mundialmente famosa, a catedral de Notre-Dame, em Paris, só entrou pra valer no meu universo pessoal a partir da leitura de O Corcunda de Notre-Dame, de Victor Hugo. Foi por meio dessa história que o ponto turístico saiu do campo de “atração a ser visitada um dia” para uma referência de história, de arquitetura e, por que não, de uma nação. Publicado em 1831, o romance de Hugo fez dela um organismo vivo, testemunha e palco da história. E assim ela passou a significar algo a mais nos meus níveis de conhecimento.
Fascinado pelo mundo medieval e toda sua cultura, principalmente no campo religioso, me encantei com a saga da construção de uma catedral, dedicada a santo Adolfo, narrada por Ken Follett no monumental e épico Os Pilares da Terra. Fui fisgado pelo livro, devorei a série e tenho a história como uma das melhores já escritas. Follett deu vida a personagens humanos demais, críveis em excesso e ambientou a trama tão bem que quase me fez também um personagem a vagar por aquele povoado e sua sanha em homenagear Deus com sua catedral.
E numa triste noite a Notre-Dame de Victor Hugo, catedral arduamente construída como a de Kingsbridge de Follett, incendiou-se em um dos mais tristes episódios recentes de destruição do patrimônio histórico no mundo. “Incontestavelmente, a Igreja de Notre-Dame de Paris é ainda hoje um majestoso e sublime edifício. Mas, por bela que se tenha conservado ao envelhecer, é difícil não suspirar, não se indignar a gente à vista das degradações, das inúmeras mutilações que simultaneamente o tempo e os homens têm feito sofrer ao venerável monumento…”, escreveu Victor Hugo. Quão bem esse trecho se encaixa ao vislumbrar, séculos depois, a catedral em chamas?
No ensaio Notre-Dame, Ken Follett, construtor de catedrais, resgata a importância histórico-cultural da igreja. Em uma narrativa que se assemelha a um rico guia turístico, ele nos leva a desvendar detalhes da construção, destruição e reconstrução, reformas, ampliações, restaurações. O seu olhar de admirador é compartilhado conosco de forma que passamos a entender aquele monumento muito mais do que como um simples templo religioso. E nos faz olhar para nosso entorno porque, afinal, como não pensar no Museu Nacional incendiado no Rio de Janeiro e sem receber nenhuma solidariedade das autoridades? Qual importância damos aos nossos monumentos históricos que registram e são testemunhas do processo de construção do nosso Brasil?
De fácil e rápida leitura, Notre-Dame é informativo e cultural. Um pequeno texto de amor à arte, arquitetura, história, religião. “Catedrais sempre foram cheias de turistas. Na Idade Média, eles não eram chamados de turistas, e sim de peregrinos, mas viajavam pelas mesmas razões: para ver o mundo e suas maravilhas, expandir a mente, educar-se e, talvez, entrar em contato com algo milagroso, sobrenatural, eterno”
site: https://www.instagram.com/livrendo.tudo/