A criança roubada

A criança roubada Keith Donohue
Keith Donohue




Resenhas - A Criança Roubada


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Lucca 27/11/2020

O livro que me roubou
"Assim como precisamos de suas histórias para existir, os humanos também precisam de nós para dar forma a suas vidas"

Essa é uma frase do livro que pra mim é o que define ele. Eu amei cada página que eu ia avançando e fui surpreendido da maneira mais positiva possível com cada detalhe do livro.
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Josie.Derossi 01/06/2020

Eu acho que dá pra chamar de um conto de fadas nada fofo, os personagens sofrem, tem seus conflitos internos e eu achei que a estória não iria acabar bem, mas ufa! No final todos seguem seus destinos meio resignados.
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Yasmine Maluf | @jornadaliteraria__ 19/05/2020

Esse livro e? um conto de fadas, mas contado de uma forma diferente. A leitura e? apaixonante e pega a gente de jeito, tornando a experie?ncia muito boa.
O desenrolar da histo?ria e? surpreendente e o final deixa aquela ressaquinha litera?ria.

Sinopse: A crianc?a roubada e? uma emocionante fa?bula sobre os desafios da vida. Henry Day tem 7 anos quando foge de casa e se esconde na floresta. So? que ele na?o sabe que e? seguido de perto por pequenos seres que vivem na mata e, de tempos em tempos, roubam a identidade de uma crianc?a humana.

Rebatizado de Aniday, Henry ficara? para sempre aprisionado no corpo de um desses seres, a na?o ser que, algum dia, consiga roubar o lugar de um garoto. Aniday cresce em espi?rito, lutando para se lembrar da vida e da fami?lia que deixou para tra?s, e busca se adaptar a? terra de sombras em que se encontra, ameac?ada constantemente pelo avanc?o do mundo moderno.

Enquanto isso, em seu antigo lar, um duplo assume sua personalidade, ocultando sua verdadeira natureza. Aos poucos, no entanto, essa criatura demonstra uma rara habilidade musical ? que o verdadeiro Henry jamais teve ?, e suas exibic?o?es impressionantes no piano levam o pai a suspeitar que o filho que esta? criando e? um impostor. A? medida que cresce, esse novo Henry Day e? assombrado por lembranc?as te?nues, mas persistentes, de uma outra vida, que levou ha? mais de um se?culo, antes de ter se tornado um desses seres da floresta.

Sa?o memo?rias que o fara? buscar sua verdadeira identidade, da mesma forma que, na mata, Aniday tentara? reconstruir seu passado. Nessa jornada, eles nem sequer pressentem que seus destinos ira?o se cruzar mais uma vez.
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Luciana.Paiva 22/03/2020

Um livro apaixonante
Porque motivo uma criança sequestrada não tentaria voltar pra casa mesmo estando de certa forma ?livre? na floresta?? Essa pergunta fazemos durante boa parte da narrativa! No entanto um grande conflito se instala, trazendo a dificuldade em escolher um lado da história: Henry Day ou Aniday?!?! Isso se torna mais e mais forte a cada página. É um livro apaixonante que nos faz sofrer e torcer por cada um dos personagens!
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etsilvio 18/09/2018

A criança que roubou meu coração
"- Às vezes, não sei se as estranhas reviravoltas da vida aconteceram ou se eu as sonhei, ou se minha memória se lembra do que é real ou do que é sonho.
- A mente muitas vezes constrói seu próprio mundo - disse Luchóg - para ajudar a passar o tempo."

É com profunda saudade que encerro essa leitura. Uma obra de profunda sensibilidade, que me deixou ansioso a cada capítulo, cada vez que lia o relato de Aniday e de Hanry Day. Que bom que esse livro parou em minhas mãos.
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Paulo 11/06/2017

O que somos? Qual é o nosso papel no mundo? Somos definidos pela nossa natureza ou pela nossa criação? Essas são algumas das perguntas pontuadas por Keith Donohue nessa obra que é extremamente reflexiva. Ao mesmo tempo o autor consegue nos apresentar uma obra bem redondinha, e reinventa o mito do metamorfo que foi escassamente explorado ao longo dos anos.

Henry Day é um menino de sete anos que gosta de brincar na parte de fora da casa. Sua mãe e seu pai são extremamente amorosos apesar de Henry ser meio introvertido. Ele possui duas irmãs gêmeas que aprontam todas. Como irmão mais velho é dever de Henry cuidar pelo bem estar delas quando sua mãe está ocupada com alguma tarefa doméstica. Mas, Henry não gosta de ter que cuidar delas e um dia ele discute com sua mãe e faz birra ao ter que ficar de olho nelas. Sorrateiramente, ele foge para uma mata que ficava próxima à sua casa e se esconde lá. Leva alguns brinquedos. Uma atitude bem típica de criança. O que Henry não contava é que ele seria raptado por um grupo de criaturas da floresta que o atiram no rio como parte de um ritual de preparação. Quando Henry sai da água, sua vida mudou completamente. Pouco a pouco suas lembranças vão desaparecendo à medida em que sua nova realidade se resume ao fato de ele ter que conviver na floresta junto com outras criaturas que parecem um bando de crianças sujas. Na verdade estes são metamorfos, criaturas da floresta que trocam de lugar com crianças humanas e assumem suas vidas. Henry Day se torna agora Aniday, parte de um grupo formado por outras crianças. O lugar de Henry Day passa a ser ocupado por um metamorfo muito antigo, oriundo do século XIX e que agora luta para manter sua nova identidade.

É inegável a habilidade com a qual o autor ressignificou o mito do metamorfo. Só me recordo de duas outras histórias com esse mito: Mr. X de Peter Straub e a duologia Inverso/Reverso de Karen Alvares. É uma história pouco explorada e que pode produzir bons resultados. Aqui o mito do metamorfo é um meio para contar a história. A temática principal é a identidade, é a maneira como nos adaptamos ao meio social em que vivemos. Quando o autor muda os protagonistas de ambiente ele procura tentar responder se somos pessoas formadas pelo meio em que vivemos ou se nascemos para viver entre nossos iguais. Natureza x criação. E o mais curioso de tudo é que os dois personagens não conseguem se adaptar aos lugares em que se encontram; não estavam satisfeitos antes, não estarão satisfeitos depois. O metamorfo aqui não é uma criatura que quer devorar a família. Ele apenas quer ter o direito de viver confortavelmente, sem ter de viver com os perigos da floresta.

A estrutura narrativa é formada por capítulos que se alternam. Do começo ao fim ora temos um capítulo com Aniday, ora com o metamorfo (que vou chamar de Henry Day). Essa estrutura não é quebrada do início ao fim. A narrativa é feita em primeira pessoa e apresenta diretamente as sensações e percepções dos personagens do começo ao fim. Vale a pena conferir os capítulos em que as histórias se cruzam. Um acontecimento que ambos tenham convivido em um espaço próximo podem ter interpretações diferentes para ambos os casos. A cena com a biblioteca pegando fogo quase no final da história é icônica. A maneira como os dois interpretaram a cena é muito interessante e isso é mérito da escrita do autor.

O enredo é um pouco lento. Acho até que alguns leitores tem a falsa impressão de que A Criança Roubada é um livro de terror. Não é. Está mais para um drama com uma história de crescimento. Os personagens amadurecem no decorrer da história e acabam sendo definidos pelas escolhas que fazem. A minha escolha por dar duas corujas passa pelo fato de que a história não é memorável, apesar de muito reflexiva. Eu diria mais que ela é melancólica. Nenhum dos personagens termina bem a história. Acabei pensando muito sobre o meu papel na sociedade com o final do livro e isso também pode ser considerado um mérito da escrita do autor. Em O Menino Que Desenhava Monstros, Donohue também coloca questões sociais muito interessantes como o que podemos definir como um monstro. Acho até que o fato de os protagonistas não terem sido capazes de abandonar o passado e seguir em frente tenha sido o principal motivo para eles não conhecerem a verdadeira felicidade. Quando eles se dão conta do que eles precisavam era tarde demais. Se Aniday perde aquilo que mais lhe era caro, Henry Day também. Mesmo Aniday tendo se tornado um "imortal" sua vida acaba perdendo um pouco do sentido. Já Henry Day gasta metade de sua vida em uma busca inútil por si mesmo e não percebe que sua identidade é formada por aquilo que ele e aqueles que vivem ao seu redor pensam dele.

Os demais personagens são bem construídos e apresentam dramas próprios. Do lado de Aniday vale destacar a ligação entre ele e Speck. Tudo o que ela queria era viver livremente ao lado de seus companheiros. Quando ela começa a perceber que isso acaba se tornando impossível, sua atenção se volta para Aniday que não a percebe da mesma forma. Ela deixa várias pistas para ele sobre o seu interesse. Mas, novamente: o fato de Aniday não conseguir seguir em frente prejudica a sua visão sobre aquilo que acontece ao seu redor. Igel representa o lado mais selvagem dos metamorfos. Mas, dentro de sua selvageria existe uma pessoa assustada que tudo o que deseja é abandonar a vida difícil da floresta. Só que com o aproximar do dia em que ele iria deixar a floresta, ele tem receio. Receio por si e por seus companheiro que acabam se tornando parte dele. Já do lado de Henry Day algumas cenas são absolutamente lindas. Uma em particular quase no final do livro com a conversa dele com a mãe e o comentário final dela é de partir o coração. Os capítulos finais possuem um nível de melancolia que chega a assustar. O relacionamento de Henry Day com sua esposa também é digno de nota. O fato de ele não conseguir se relacionar adequadamente com uma mulher tão amorosa quanto Tess é prova cabal de que a vida entre os homens acabou não lhe satisfazendo. A identidade que ele roubou não era a que ele queria de verdade. A necessidade (quase obsessiva) em buscar sua origem consumiu sua vida adulta por completo. Fora o fato de que ele vai passar muito tempo com medo de que seu filho seja raptado pelos metamorfos. Mais uma obsessão que vai provocar um afastamento em relação à sua esposa.

Também temos uma discussão sobre o avanço da civilização diante da natureza. Até se pararmos para pensar um pouco, Aniday está em um núcleo voltado para o apreço da natureza e a sobrevivência diante da dura realidade enquanto Henry Day vê o progresso. Os metamorfos começam a perder um pouco sua identidade quando passam a depender de pequenos furtos na cidade para poder sobreviver. Com o avanço da cidade em direção à floresta eles ficam sem um lugar para viver. Por outro lado, Henry Day anseia por retornar à natureza. E este anseio vai lhe provocar um temor de que ele perca tudo aquilo que conquistou. Alguns podem reclamar que o autor não explica quem foi o verdadeiro metamorfo, ou o primeiro metamorfo, já que todas as crianças que vivem junto a Aniday também foram crianças roubadas. O autor não sentiu necessidade disso. A história não é sobre metamorfos, mas sobre pessoas que são incapazes de se encaixar dentro de suas realidades. O elemento mágico funciona apenas como um meio para um fim. Se forçarmos muito a barra, podemos comparar o gênero do livro ao realismo mágico de Jorge Luis Borges e de Julio Cortázar que emprega a fantasia como uma metáfora para contar uma história sobre pessoas.

A Criança Roubada é um excelente livro de reflexão. Não é um livro de terror, sendo um drama com algumas pitadas de suspense aqui e ali. A prosa é um pouco lenta, mas a maneira como o autor nos apresenta a visão dos dois personagens sobre um mesmo acontecimento demonstra a extrema habilidade da pena de Keith Donohue. Ele reinventa o mito do metamorfo e dá sua própria visão sobre como nos relacionamos com a natureza.

site: www.ficcoeshumanas.com
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Arca Literária 19/07/2014

A Criança Roubada
Por Andreza Amarante

Sinopse: A criança roubada é uma emocionante fábula sobre os desafios da vida. Henry Day tem 7 anos quando foge de casa e se esconde na floresta. Só que ele não sabe que é seguido de perto por pequenos seres que vivem na mata e, de tempos em tempos, roubam a identidade de uma criança humana.
Rebatizado de Aniday, Henry ficará para sempre aprisionado no corpo de um desses seres, a não ser que, algum dia, consiga roubar o lugar de um garoto. Aniday cresce em espírito, lutando para se lembrar da vida e da família que deixou para trás, e busca se adaptar à terra de sombras em que se encontra, ameaçada constantemente pelo avanço do mundo moderno. Enquanto isso, em seu antigo lar, um duplo assume sua personalidade, ocultando sua verdadeira natureza. Aos poucos, no entanto, essa criatura demonstra uma rara habilidade musical — que o verdadeiro Henry jamais teve —, e suas exibições impressionantes no piano levam o pai a suspeitar que o filho que está criando é um impostor. À medida que cresce, esse novo Henry Day é assombrado por lembranças tênues, mas persistentes, de uma outra vida, que levou há mais de um século, antes de ter se tornado um desses seres da floresta. São memórias que o fará buscar sua verdadeira identidade, da mesma forma que, na mata, Aniday tentará reconstruir seu passado. Nessa jornada, eles nem sequer pressentem que seus destinos irão se cruzar mais uma vez.

***

“A Criança Roubada” é a primeira obra de Keith Donohue e sua estreia no mundo literário não poderia ser mais genial. A narrativa do autor transborda em qualidade e conteúdo. Você alguma vez já perguntou quem você é? Ou no que a vida transformou você? Essa parece ser a grande premissa da fábula criada pelo autor. Ops! Aqui vale a ressalva, não se engane com a palavra fábula. “A Criança Roubada” não está cheia de elfos, duendes e fadas. Não, é uma trama dramática e emocionante.
A trama conta a história de dois personagens, que tem suas vidas entrelaçadas. Henry Day é uma criança de 7 anos que ao fugir para floresta próxima de sua casa é sequestrado por um hobgoblins – ou changelings (do inglês “to change” = “trocar”), criaturas mágicas da floresta, ou como eles mesmo se descrevem, pequenos diabretes, que um dia foram crianças e esperam para poder ocupar o lugar de outra criança quando chegar a vez. A criatura assume a forma de Henry Day e também a sua vida, já o sequestrado passa a viver na floresta onde é chamado de Aniday. A partir daí Keith cria duas linhas de história que aos poucos se ligam até juntarem-se totalmente, alternando os capítulos com a narrativa dos dois personagens.
Nos deparamos com as dificuldade e prazeres do amadurecimento dos dois personagens, e as angústias pela busca de suas identidades. Aniday é obrigado a se adaptar a sua nova condição em um mundo no qual foi jogado involuntariamente, aprendendo a usar seus novos poderes e tentando a todo custo manter o que resta de sua memória. Ao passo que o novo Henry Day, se empenha em descobrir quem foi em sua vida anterior, quando ainda não havia se tornado um Changeling, tentando reviver uma história de vida que já não existe. Se vendo obrigado a viver entre a réplica que virou e a vida de que já possuiu.
O desenrolar da trama é profundamente rico e emocionante. O grande trunfo do autor é nos conduzir a uma identificação instantânea com os sentimentos dos personagens que são intrinsecamente humanos, ao passo que nos lembra a cada página que se trata de um conto de fadas, de um universo mágico.
Mesmo os não amantes de fantasia teriam prazer na leitura desta trama bem construída, cheia de aventura e emoções intensas.


site: https://www.facebook.com/cafecomletrass?fref=ts
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Lista de Livros 23/12/2013

Lista de Livros: A criança roubada, de Keith Donohue
“- E assim caminha a vida. Todas as coisas passam e dão lugar a outras. Não é lá muito sábio se apegar demais a qualquer mundo ou sua gente.”
*
“- Pequeno tesouro, vá dormir – disse Smaolach. – A gente vai pensar num plano. Um novo dia é a promessa de algo diferente.”
*
“O que a memória deixa escapar, a imaginação recria.”
*
Mais em:

site: https://listadelivros-doney.blogspot.com.br/2010/02/3.html
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Cynthia 21/07/2012

A criança roubada
Que criança nunca teve a vontade incontrolável de, após uma discussão ferrenha sobre quem comeu o último pacote de biscoitos, fugir de casa para qualquer lugar que esteja nos confins do Universo? Talvez, no fundo, não exista tanta reflexão sobre as razões que levam a isso. E foi, necessariamente, o que aconteceu com Henry Day, uma criança que junta algumas poucas coisas na sua mochila e se esconde na floresta.

No entanto, o que, de fato, acontece? É claro que, após algum tempo, a polícia encontra a criança ou ela mesma decide voltar para casa (isso quando a família dá por falta dela, o que não acontece com Henry). Apesar da imensa felicidade, algumas pessoas não percebem a tremenda mudança que sofre essa criança depois do acontecido. Poderiam ser hormônios ou consequência da situação traumática vivida após o episódio. Mas poucas pessoas imaginam que, talvez, aquela criança não seja mais a mesma: literalmente. Há muitos perigos na floresta além de lobos, insetos e a escuridão. Existem criaturas, talvez sejam fadas, talvez leprechauns ou duendes, como quiser chamar, que dividem os territórios da floresta com as árvores e os diversos animais. São mais comumente chamados de fadas, embora não seja o termo adequado. São os changelings.

Veja mais em: http://ninanoespelho.blogspot.com.br/2012/07/a-crianca-roubada-keith-donohue.html
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clandestini 05/08/2011

Esse livro me pegou de jeito mesmo! Uma narrativa que me fisgou logo nas primeiras páginas e de um dinamismo, um detalhismo e uma criatividade maravilhosos.

A Criança Roubada é um conto de fadas, mas ele é diferente de todos os contos de fadas que eu já li (não que eu tenha lido muitos). Ele é quase um drama, uma história difícil e profunda.

Uma criança foge de casa por motivos bobos e se esconde na floresta, Henry Day. O que o pobre menino não sabia é que vinha sendo observado havia muito tempo por criaturas que pretendiam ocupar o seu lugar no mundo.

São fadas, mais do que isso (o próprio personagem explica, logo na primeira página do livro), são hobgoblins – ou changelings (do inglês “to change” = “trocar”) que um dia foram crianças e esperam para poder ocupar o lugar de outra criança quando chegar a vez. A troca acontece e a partir daí a narrativa segue em dois planos, a do menino sequestrado, transformado em fada e último da fila para ocupar novamente o lugar em alguma família, e a fada que se transformou no menino e tomou seu lugar.

O autor, em seu romance de estréia consegue chegar a uma narrativa instigante, riquíssima e profunda. Cada história, a do menino que virou fada e da fada que virou menino, percorrem caminhos que eu não poderia imaginar. Ambos enfrentam os problemas reservados à nova vida. Como ser uma fada? Como usar esses poderes novos? Como compreender esse novo mundo? E ainda por cima o desejo da memória.

Henry se esforça para não esquecer da vida anterior, do rosto da mãe, do pai, das irmãs. Inútil tentar. A cada dia que passa esses rostos, os nomes, o próprio nome não passa de um borrão (ele foi rebatizado como Aniday). Mas ele tenta, e tenta incansavelmente. E um dos pontos que mais me conquistou no história foi a fome pelos livros. As horas que ele passava no porão de uma biblioteca lendo ao lado de uma companheira de jornada que encontrou no grupo de fadas. E lendo de tudo. Começam lendo livros infantis e passam para os grandes clássicos da literatura. Um adulto preso em um corpo de criança por décadas, até escolher uma criança para se transformar. E seu único legado é um livro que escreve com tudo que foi possível lembrar, a partir de uma arqueologia primária, dos restos que ele produziu e deixou ao longo de sua vida.

A fada que virou menino tenta se adaptar ao mundo novo, longe da floresta, e assombrado pelos fantasmas da sua vida antes de também ter sido sequestrado e se transformado em fada. Ele quer descobrir quem era, tentando ser alguém que já não existe. Relembrando talentos da vida passada sem parecer suspeito. Sua vida correndo até chegar à idade adulta e partir em uma jornada de descobrimentos. Quem eu era? E o quase abandono do quem se transformou.

A narrativa aborda de forma brilhante os medos e angústias que a sociedade individualizante, que aliena o ser, gera nos sujeitos. Ao ler sobre essas duas vidas que se cruzaram por um breve momento e trocaram de lugar, no deparamos com desejos, medos, sentimentos, intrínsecos do humano. Existe uma identificação com a veracidade dos personagens, e ao mesmo tempo estamos em um mundo fantástico, delicado e avançando na complexidade da busca pelo passado, por uma história própria que delegue sentido para suas vidas. A narrativa explora a transição de ambos: da infância para a vida adulta, a busca por uma identidade própria, mesmo na situação de serem crianças roubadas.

Uma trama bem construída e consistente capaz de provocar emoções intensas. Durante vários trechos lágrimas brotaram e escorreram pelo meu rosto. Algumas citações foram marcadas para utilizar no futuro e outras passagens me trouxeram as sensações da infância. Enfim, um livro completo que eu recomendo de coração.
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Núbia Esther 23/04/2011

Pode alguém assumir o lugar de outro a perfeição?
Keith Donohue nos mostra que sim, pelo menos à primeira impressão em seu livro “A Criança Roubada”. O autor nos apresenta os hobgoblins ou fadas das florestas, criaturas que permeiam o imaginário popular e que mostram ser muito reais e capazes de um ato terrível… ao se tornar um changeling essas criaturas trocam de lugar com uma criança (literalmente escolhida à dedo), assumem suas feições, sua vida e a criança torna-se um hobgoblin.

Foi o que aconteceu com o garotinho Henry Day em 1949. Ao fugir de casa, teve sua vida roubada e usurpada por um desses seres e se viu ele mesmo transformado em um. Passamos então a acompanhar o processo de adaptação do changeling em Henry Day e o de Henry Day em Aniday. Nos encantamos por Aniday e também pelo suposto Henry Day. A descrição que Donohue faz desse processo é rica em detalhes, sensível e enternecedora. Os processos de aprender viver na floresta e o de aprender viver em uma casa de humanos, apesar de tão díspares, mostram-se semelhantes. O processo se resume a luta pela sobrevivência e a busca pelo eu. Aniday luta para não esquecer seu eu anterior, não deixar escapar entre os fios das memórias (tão frágeis) as sensações, rostos e lembranças de sua família. Enquanto Henry Day luta contra a verdade de que ele antes era um changeling, verdade esta que ele não consegue deixar para trás.

E nesse vaivém entre a história de Aniday e de Henry Day, acompanhamos o crescimento, a vida, as histórias que permeiam a vida de ambos, e os cruzamentos esporádicos entre a vida dos dois, conduzidos com maestria por Donohue e contribuindo para dar a história um caráter mágico, melancólico, alegre…

A um primeiro momento sentimos raiva do ursupador, afinal, com que direito ele impede um garotinho de viver sua vida? Mas, depois nos lembramos (ou melhor somos lembrados) que ele também fora um garotinho um dia e que o mesmo ato de viver sua vida lhe foi negado. Passamos a sentir pena dele, a entender que tudo o que ele queria era ter uma segunda chance. Mas e Aniday? Pois é, a dualidade na dó, na empatia e na torcida nos acompanha durante toda a leitura do livro. E o fim? Bem o fim não poderia ser outro (na minha opinião) conclui a obra de forma singela, triste e feliz ao mesmo tempo. Um verdadeiro encontro do conto de fadas com a vida real.

“A Criança Roubada” é um romance sobre a perda e a construção da identidade e a importância que ela tem em nossas vidas. Um conto de fadas que recorre à seres fantásticos (de forma criativa e fascinante) e nos faz refletir sobre os propósitos da existência. Retomando a pergunta inicial, respondo que ninguém pode assumir o lugar de outro à perfeição, os pequenos detalhes (aqueles a que menos damos atenção no dia-a-dia) provocam os deslizes, a falha em imitar a identidade de outrem. Você sempre será o somatório de suas experiências, e elas seguirão com você até o fim.

[Meia Palavra]-http://meiapalavra.mtv.uol.com.br/2010/10/01/a-crianca-roubada-keith-donohue/

Helder 06/01/2011minha estante
Perfeita sua resenha sobre este livro. Realmente ficamos sem saber se temos pena ou raiva de Henry e Anyday. Para mim também via ambos como vitimas. Sem viloes. E perfeita a sua conclusão: Somos um somatório de nossas experiencias, e elas seguirão conosco até o fim, "na saude ou na doença", para o bem ou para o mal.


Luciana.Paiva 22/03/2020minha estante
Faço minhas as suas palavras , nenhuma resenha poderia ter sido mais perfeita! O conflito e dificuldade em escolher um lado se torna mais e mais forte a cada página. Um livro que apaixona e nos faz sofrer com cada um dos personagens!




Helder 19/04/2010

Um livro diferente
Gosto de livros que quando acabam, eu me pergunto porque não sou capaz de escrever algo assim. Este caso não chega a tanto, mas me perguntei: O que leva alguém a escrever um livro assim. De onde vem esta criatividade para criar algo tão diferente. A estória é meio louca e em muitas vezes, muito intrigante, principalmente quando as estórias se cruzam. E foi exatamente esta estranheza que me chamou atenção quando folheie este livro numa livraria.
Henry Day é um menino de 7 anos, que tem ciumes de suas irmãs e decide fugir de casa. O que ele não sabe, é que está sendo seguido por fadas (Goblins), seres que vivem na floresta e que trocam de lugar com crianças pequenas, tomando suas vidas. Quando isso acontece, ele passa a ser Anyday, e vai viver com as outras fadas na floresta, até que chegue sua vez na fila para tomar o lugar de outra criança. Em paralelo a isso, na pele de Henry Day, o antigo Goblin tem que viver esta nova vida. Mas lembranças de um passado remoto vem lhe atormentar. Assim como a insegurança de viver numa mentira.
No livro, existem momentos incriveis como o sequestro do pequeno Oscar Love, mas também existem pontos que ficam meio chatos. Por que os goblins tem que esperar tanto tempo para roubar outra criança?
Mas para mim, além da criatividade do tema totalmente unico, o que vale muito a pena na estória são os sentimentos que o livro te traz. O que vc faria no lugar dos personagens? O atual Henry Day realmente roubou a vida da Anyday? As fadas realmente roubaram a antiga vida do atual Henry ou o salvaram? Vc conseguiria sobreviver com este segredo toda a sua vida ou revelaria correndo o risco de perder todo este amor que te cerca? Em muitos momentos posso dizer que senti uma claustrofobia, tanto pela vida na floresta, quanto pelo medo de Henry em que sua realidade fosse descoberta. Viver na mentira era quase tão sufocante quanto viver nos buracos da floresta. É possível condenar os goblins, já que eles vivem de acordo com suas naturezas? E assim, vamos nos envolvendo com ambos os lados da estoria e entendendo a motivção dos personagens.
Outro sentimento muito forte e bem mais básico que me despertou foi o medo. Tenho um filho de 1 ano. Imaginar que ele pudesse um dia ser obrigado a levar uma vida como a de Anyday é extremamente triste e angustiante. Este livro fez-me redobrar os cuidados com meu filho, e se possivel, alimentar bem suas memórias, para que elas nunca se percam com o tempo.
E por fim, ficam os mistérios. A mãe de Henry sabia da verdade? E na cena final da biblioteca, qual a versao é a verdadeira? Henry quis conversar ou atacar? O Goblin que assumiu a vida de Gustav, não conseguiu viver ?
Livro para pensar!
natalia.ludeke 31/03/2011minha estante
Um dos livros mais intrigantes que já li.
É um livro diferente, que prendeu a minha leitura
justamente por ter um enredo tão sui generis.

É um livro que me envolveu de uma maneira bem profunda (me fez até ter uns pesadelos).

De modo geral, gostei do livro. É um livro estranho, mas de muita criatividade.

Leiam e tirem suas conclusões =)




Roberto Fideli 05/07/2009

Uma viagem ao coração da humanidade.
Henry Day é um menino que foi raptado por criaturas que vivem na floresta. Uma delas assume sua forma e seu lugar em sua vida, enquanto ele passa a viver na floresta com as outras criaturas que mudam de forma. O livro segue as duas histórias. A de Henry na floresta e a de seu duplo, vivendo a sua vida em nosso mundo. O livro pode aparentar conter uma história infantil, mas ao lê-lo, percebemos que ela é muito mais do que isso. Além de ser uma obra adulta, é uma viagem pelo mundo de ambos, um mundo duro, infeliz e assombrado pelo passado que não pode ser esquecido, e uma humanidade que apesar de latente, em ambos os personagens, luta para ser libertada.
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Mih Alves 16/06/2009

Fadas, crianças com o futuro roubado.
Seres fantásticos, que roubam a vida de uma criança para viver no lugar delas. Henry Day é um desses garotos que tem sua vida roubada por um desses estranhos seres. Passa sua vida inteira na floresta e por muitas vezes quase se esquece quem ele realmente foi, enquanto o falto Henry Day leva uma vida totalmente dedicada ao orgão. Fascinate, encantador, uma história que aparentemente é infantil, mas quando se começa a ler , os primeiros capítulos se muda de idéia imediatamente.
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