GabrielCohen 30/03/2023
Ótimo exemplo de Space Opera!
O que dizer sobre este livro? Encontro-me, ainda, absorto em pensamentos após o término de sua última página. Quando terminei de ler o livro e o fechei pela última vez, o som das páginas cerrando mais me fez lembrar de portões tombando; bloqueando uma assombrosa estrada pelo resto da eternidade.
Começarei dizendo que esta review será completamente enviesada pelo meu julgamento pessoal. Desde pequeno gostei das obras de Christopher Paolini. Para mim, Eragon foi o ponto chave para que eu, de fato, me interessasse em ler outras obras. Foi a virada da chave que me abriu infinitas portas para este mundo incrível de leitura. E To Sleep in a Sea of Stars foi um regresso a fascinate escrita de Paolini. Por isso, quando terminei de lê-lo, fechei mais uma porta com enorme pesar. Dito isto, terão pessoas que discordarão de mim (um terrível erro, sim).
A primeira coisa que me surpreendeu neste livro foi o quão brutal ele se apresentou logo no começo. Não no sentido de ter muita sangue ou membros voando por aí (que tem, mas não foi isso que chamou minha atenção); falo da brutalidade no sentido do quão realista o livro se fez (e não estou falando sobre a porção de ficção científica). O livro deixou explícito que as ações de um personagem tinham consequências reais e que não teriam nenhuma mágica ou super conveniência pra salvá-lo de sua ingenuidade ou arrogância.
Faz-se evidente, também, a extensiva pesquisa e estudo que Paolini fez no decorrer do livro. A forma que ele moldou teoremas e teorias em ficção sem perder a sensação de uma estrutura concreta foi sensacional. Com o passar das páginas o leitor é apresentado a novos pedaços e avanços tecnológicos; que imprimem uma certa crença de realidade naquele que lê a obra. Teve momentos que nem parecia ficção, beirando a realidade de uma forma agradável, nem um pouco entediante. Vale destacar, também, a atmosfera sensacional do livro. Paolini fez um ótimo trabalho ao retratar a ausência de gravidade no espaço e conseguiu, com maestria, transportar o leitor para o ambiente.
Passando para os personagens, não teve um único que conseguiu me entediar. Foi supreendentemente agradável ler sobre as idiossincrasias de cada um deles em particular; cada personagem evidentemente humano e cheios de falhas, mas igualmente carismáticos a sua própria maneira. Kira, a personagem principal, foi como um sopro de ar fresco. Em meio a tantos livros com protagonistas ?heróis? que não pensam duas vezes antes de se sacrificar para o bem maior, ler sobre um personagem com um certo egoísmo humano criou uma grande intimidade e profundidade com o decorrer das páginas. A personagem se fez crível em suas ações, ela tinha medos e desejos; não uma mera fantoche de uma profecia clichê (não que livros com personagens heróicos sejam ruins, apenas saturados).
E o que falar de Gregorovich? Com certeza o personagem mais cativante do livro; cada vez que ele falava algo eu era obrigado a reler a sua fala pelo menos umas três vezes. Não porque o que ele falava era confuso e de difícil entendimento, não? era de uma humanidade assombrante. A arrogância inerente de um ser com intelecto sobre-humano era evidente, assim como a insegurança que infestava sua mente de tamanha grandiosidade. Já tinha algum tempo que não lia sobre um personagem tão carismático. O melhor do livro, sem dúvidas.
Por último, vale ressaltar que To Sleep in a Sea of Stars não é ?hard sci-fi?, então, se você for novo no gênero, ainda poderá acompanhar tudo o que está acontecendo. Por favor, faça um favor a si mesmo e dê uma chance a este livro maravilhoso.