MCRA 15/01/2023
Sublime, mesmo incompleto.
Béroul foi possivelmente um trovador do século XII, conhecido por sua narrativa em versos rimados e metrificados, composta provavelmente entre os anos de 1150 e 1190, sobre o romance de Tristão e Isolda. O romance em verso sobreviveu em apenas um único manuscrito, cuja cópia original encontra-se na Bibliothèque nationale de France, e está incompleto. O início e o fim do poema se perderam, e aos nossos dias chegaram um conjunto de cerca de 3 mil versos preservados.
Há também manuscritos alemães, suecos, britânicos e franceses produzidos na mesma época, e o que se sabe é que estes são condensações de histórias que circularam na oralidade por muito tempo na Europa Ocidental. Tristão e Isolda integra o ciclo arturiano, mas supõe-se que possa ter origem própria, e que tenha sido incorporado ao ciclo apenas depois do século XIII.
Tristão e Isolda é uma trágica história de amor entre o cavaleiro Tristão, sobrinho do rei Marcos da Cornualha, e a princesa irlandesa Isolda. Ambos se conhecem após o cavaleiro lutar com o gigante Morholt, ocasião em que Tristão é ferido e curado por Isolda. Assim segue a trama e quando seu tio Marcos decide casar-se com Isolda, Tristão é enviado à Irlanda para buscá-la. A mãe de Isolda, pensando na felicidade da filha e dos futuros noivos, prepara uma poção mágica (lovendrinc ou lovendrant), que deveria ser ofertado a Isolda e Marcos na noite de núpcias, para que se tornassem perdidamente apaixonados. Porém, por engano, a bebida é dada a Tristão e Isolda, que caem em louca paixão e se tornam amantes. Eu não teria espaço suficiente para escrever sobre toda a influência desta belíssima lenda na literatura, arte e na música. Mas quem se interessar, pode encontrar mais sobre o assunto no livro de Bédier (Tristão e Isolda), Mallory (A Morte de Arthur), na ópera de Wagner e também em uma versão de Ridley Scott (1943).