Luiz Pereira Júnior 19/07/2022
Água com açúcar, sim, mas sem demérito por isso.
Primeiro, um aviso: “A espanhola inglesa” já consta de “Novelas exemplares”, a segunda obra mais conhecida de Cervantes (só perdendo, é claro, para o “Dom Quixote”).
Dito isso, eis o resumo da ópera (ou melhor, da novela): uma menina espanhola linda e graciosa é raptada e levada para a Inglaterra. Criada pela família de seu nobre raptor, cai na paixão do filho de seu raptor. O tempo passa e o amor amadurece entre as duas crianças. A rainha da Inglaterra escuta falar de sua beleza e de sua graça e ordena que a jovem vá morar na Corte. Para que o jovem prove merecer a linda espanholinha, a rainha impõe ao seu amado uma prova de fogo. Bem, a partir daí, tudo que eu escrever pode ser um spoiler (e não desejo estragar as surpresas que, a bem da verdade, nem são tão surpresas assim...).
Personagens maniqueístas com pouquíssima densidade psicológica (visto que era praticamente uma obra de entretenimento para a época), retrato da vida na Corte, pouca crítica social (a não ser que o leitor moderno observe por outros ângulos certos trechos da história), aventuras em cima de aventuras (todas contadas sem o mínimo de detalhes), enfim, uma obra para ler de uma sentada, sem maiores preocupações e tendo em mente o contexto da época.
Vale a pena? Claro que vale. Afinal, pode não ser o “Dom Quixote” (aliás, pouquíssimas obras poderiam se equiparar ao Quixote), mas ainda assim não é tão diferente de certos romances água-com-açúcar nos dias de hoje, se é que você me entende...