Conto para uma só voz

Conto para uma só voz João Anzanello Carrascoza




Resenhas - Canto para uma só voz


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Cleber 04/04/2023

A poética do luto
Desde ontem, tudo isso não é mais seu. É preciso ter muita vida em nós para saber que o mundo não é menos mundo se alguém que amamos se foi.

Lendo Carrascoza pela Biblion
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jonathanmelo 05/08/2020

Nevermore, nevermore
Enquanto em O Pai da Menina Morta Tiago Ferro lança mão de uma narrativa altamente experimental para canalizar a dor que se expressa nos lugares mais improváveis do cotidiano; em Conto para uma Só Voz, Carrascoza, com toda sua habilidade e delicadeza no trato, expõe neste texto-poema o vazio da perda de um filho igualmente visível nos detalhes, na memória e nas possibilidades de uma vida interrompida, rompendo com o ciclo natural onde o pai é quem deve ser enterrado primeiro. Este tipo de narrativa, de encontro direto à dor, consegue me alcançar de forma muito mais orgânica.
Anderson.Henrique 13/08/2020minha estante
Comprei a trilogia. Vou começar a ler no próximo fds. ?




Ferferferfer 11/04/2021

A dor que não vai embora
A edição do livro "Conto para uma só voz", lançada pela Nós, trabalha com cores que não são essencialmente tranquilizadoras. É um tom de verde que se mescla ao cinza, que até me incomoda na leitura. O incomodo é, obviamente, planejado, ainda que a cor vá se perdendo ao folhear das páginas, chegando as últimas folhas, em branco.
Carrascoza tem uma escrita muito vinculada à perda, e nessa sua obra, se torna mais evidente. Os personagens, de maioria masculina, estão sempre preocupados com paternidade. Creio ser o leitmotiv dessa escrita tão poderosa quando se trata de relações já dilaceradas e cortadas tragicamente pelo tempo.
Me pareceu, por vezes, uma linguagem de difícil entendimento. A disposição estética engana, revelando uma escrita complexa e profunda, intensamente digressiva. É necessário ler com o coração aberto e com olhos atentos, como é de se esperar com a obra de Carrascoza.
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Matheus Sousa 05/06/2020

A beleza de um Carrascoza
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Carrascoza me fascina desde ?O Caderno do Ausente?, que inaugura sua conhecida ?Trilogia do Adeus?. Seus contos reverberam de uma maneira rara; na?o leio suas histo?rias sem que seja momentaneamente transportado para um tempo passado ou futuro, ou que sinta que o presente e?, ao mesmo tempo, firme e movedic?o. Na?o e? diferente do que realiza nesse ?Conto para uma so? voz?, escrito durante uma reside?ncia litera?ria do autor na I?ndia. Em tom paternal, acalenta a dor de um outro pai, um pai o?rfa?o de filho, no dia seguinte ao enterro. Ele acompanha o desabrochar das primeiras e eternas lamentac?o?es diante da perda, da impote?ncia, da solida?o, da continuidade da vida a despeito da interrupc?a?o do viver
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O homem acorda. Desperta. Esta? vivo. O homem olha para o pro?prio rosto; ele ve? o filho. Sente a cumplicidade da esposa em um toque, no primeiro toque, sente que dividem a perda, cada qual a sentindo ao seu modo: aspereza e falta de cor. O dia, a luz dele, seus dons, doem, incomodam, partem os lac?os, os ossos. Um pedac?o de vidro rasga a conscie?ncia e devolve a? realidade a repugna?ncia outrora deformada. O filho era o anteparo, era o filtro que conjurava no mundo mal a beleza. Ele restou suportando o o?nus dos que permanecem
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O tom da narrativa faz lembrar a dor lacerante de ?O pai da menina morta? de Tiago Ferro, apesar de menos reali?stica e mais poe?tica, pertencendo aos mananciais do abstrato. Tambe?m ?O Peso do Pa?ssaro Morto? e? evocado, tanto pela carga emocional, que implica em uma descarga de alta voltagem em leitores mais suceti?veis, quanto pela estrutura em versos. Observei um certo ritmo caracteri?stico de alguns contos do autor como ?Meu Amigo Joa?o? e ?Umbilical?, mas um tanto mais ousado. Carrascoza explora o envenenamento pelo pro?pria conscie?ncia enlutada de uma maneira ta?o dolorida que por vezes me vi sentindo o peito pesado, um marejar. A pote?ncia de pouco mais de 100 pa?ginas, que espetam agulhas, farpas e la?minas, na?o deixa de assustar. Incautos, na?o se arrisquem
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?A saudade na?o tem fase minguante?, diz o narrador. Diz ao pai anestesiado pela vida
Oberdan 10/06/2020minha estante
Ouvi o podcast e como não li nada de Carrascoza a curiosidade foi grande.




Bruna Antonieta 13/07/2020

Doloroso e poético
Conto para uma só voz traz a história de um pai que perde um filho em uma narrativa em verso. Ali, você entra em contato com aquela dor lacerante, de maneira única e poética. Por dias pensei no livro, ele foi como uma ferida em mim, que eu cutucava a casquinha toda vez que quase cicatrizava.
Ao mesmo tempo que conhecemos um sentimento tão forte e íntimo, sabemos pouco, quase nada das personagens e isso faz com que você devore as páginas por mais. Para mim, o livro de Anzanello não é só sobre aquela história específica, é sobre o sentimento de perda. E me encantou a representação da história de um pai e de um filho, porque falamos muito sobre o laço materno.
Já quero muito ler outras coisas do autor, completamente apaixonada! ??
Eric Luiz 24/07/2020minha estante
Recomendo demais "Caderno De Um Ausente", do Carrascoza. Muito Lindo!!!


Bruna Antonieta 25/07/2020minha estante
Caderno de um ausente chegou esses dias aqui em casa e logo iniciarei a leitura! Ansiosa ?




Leanndru 30/10/2020

Luto
Existem muitos livros que falam sobre o luto, mas esse tem duas características quer chamam muito a atenção. Uma fala de um dos envolvidos nesse tipo de luto que pouco é explorado na literatura. E segundo a forma da escrita.

Bom, vale muito a pena, produziu visões e pensamentos que dificilmente teriam me ocorrido se não o tivesse lido.
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Cibele 28/06/2020

Carrascoza sempre maravilhoso
Como sempre, os livros do Carrascoza ultrapassam as barreiras da sensibilidade. Lindo e sensível, mas também aterrador. Leitura super rápida e fluida.
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Rosy 29/07/2020

Conhecendo João Carrascoza
Premissa triste, mas bem interessante
de se ler. O livro é super bonito, mto poético.
Acho que perdeu um pouco em alguns pontos, deixando a leitura meio confusa, mas como é super bem escrito, acaba prendendo.
Estou louca para ler mais sobre o autor, pois sei, por está leitura, q ele é mto bom. Mesmo o livro não tendo me empaquitado tanto quanto eu gostaria.
Eric Luiz 01/08/2020minha estante
Recomendo muito o "Caderno de Um Ausente". É um livro lindo.


Rosy 01/08/2020minha estante
To louca pra ler ;) Obg




maria.e.sousa.7 23/03/2024

Muito delicado
Um longo e pungente poema sobre perda e luto. Um pai processando a perda um filho.

Escrito numa residência que o autor fez na Índia, fiquei imaginando como essas residências podem, de fato, ser incríveis para fomentar ideas e a criatividade de escritores.

Bastante lírico, o autor fala da sua dor com doses lancinantes de pesar e igualmente, de ternura. Perdas que nunca vão se resolver, nunca serão esquecidas, mas que podem ser processadas, com sorte, amainadas, pelo jorra da dor em forma de palavras e poesia.

Ressalto que há muitos gatilhos para quem esteja lidando com o luto.

Destaco aqui alguns trechos que me tocaram de forma especial:

É preciso ter muita vida em nós para saber que o mundo não é menos mundo se alguém que amamos se foi.
...
A saudade não tem fase minguante,
é crescente todo dia,
quanto mais o tempo passa
maior a sua supremacia,
hoje ela já ultrapassou
o seu estágio de ontem
e caminha para um grau acima,
amanhã vai se superar,
infiltrar-se, silenciosa,
onde antes não chegava,
não hesita um só instante,
vai se alastrando, se alastrando,
se o líquido toma a forma do copo
e completa o que nele está oco,
a saudade, na via oposta,
entope de vazio o todo.
...
É no silêncio, não no grito, ao contrário de um nascimento, que se recebe a morte.
?
Esse homem,
e qualquer outro,
veio dotado de um aparelho sutil,
a memória,
que se é dádiva numa ponta,
na outra, é maldição,
toda moeda tem seu verso
? a de Deus certamente é o homem ?,
a memória não se regula como uma TV,
nem se troca por modelo mais novo,
cada um modela a sua,
e até que não se esfumem
seus arquivos mais acessados,
é com ela que teremos de nos (re)ver.
?
Não há como estancar a memória,
uma vez aberta,
dela escoam boas e más substâncias, ainda que se queira trazer à tona
só aquelas,
essas vêm junto,
um rio não é só suas águas,
é também o que elas arrastam, pedaços de galhos na superfície,
seixos em roldão lá embaixo,
pneus velhos,
animais mortos,
o único freio para a memória é o tempo que se derrama à sua frente e lhe dá novas margens,
diante de um prato,
esquece-se da fome de ontem.

Recomendo muito!

5/5
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