Roberta Jornalista 02/10/2020
Minha iniciação na literatura alemã
Esta foi a minha 2ª tentativa de leitura deste livro sabidamente triste, poético e agradável, não sendo indicado para momentos de decepção ou fragilidade. Desta vez fluiu e eu encontrei completa sintonia e alinhamento com o raciocínio do autor.
Marco inicial do romantismo, é inspirado na própria história de Goethe, que se apaixona por Charlotte, que era comprometida com Albert. Nomes e lugares foram trocados, há inserção de partes fictícias (como o final), porém afirma-se que esta obra-prima da literatura mundial tem tom autobiográfico. Monólogo, é uma linda e empolgante leitura, se lida com entonação, causando suspiros e sorrisos involuntários.
Desenvolvida através de cartas remetidas a Guilherme, que faz o papel do leitor, o livro apresenta a narrativa de paisagens naturais, sentimentos e a inteligência do homem, possuindo uma linguagem relativamente rebuscada.
A admiração de Werther por Carlota começa a aparecer na página 32, carta de 16 de junho, ainda que tenha sido alertado a não se apaixonar por esta, já que era noiva de Albert. O que este acha de Werther? Extravagante em suas ideias e pensamentos. A paixão arrebenta na carta do dia 30 de agosto e é tanta que ele alega que sofrer o deixa um pouco melhor. (um sofrimento causado por ele próprio).
Werther sofre tanto que resolve partir, tentando trabalhar com o embaixador, mas a “atividade física do trabalho não era adequada à sua natureza”. O embaixador é metódico e W. é “preguiçoso” e acha que trabalhar é um martírio. As cartas ficam mais espaçadas, W. começa a perder o sentido da vida e fica um tempo sem pensar em Carlota, voltando a escrever para ela na carta do dia 20/01/1772. Após sua demissão da comitiva do embaixador, W. muda-se de cidade e passa a seguir o príncipe, na intenção de ir à Guerra e esquecer Carlota. Oscilando entre bom humor e depressão, W. quer se aproximar novamente da amada, contando os dias para vê-la.
A carta de 24 de dezembro mostra pessoas como as de hoje e, ao longo da história, eu me identifiquei (não em sofrimento) e/ou concordei com o protagonista.
Werther tem ideias ora confusas, ora coerentes e, para entendê-las, o leitor tem que mergulhar em sua interpretação, achar o cerne que o autor quer transmitir. Puro, ele é um homem empático, sonhador, romântico e bondoso, que sofre preconceito social, questiona Deus em certos momentos e no fim das contas acaba por alcançar a desejada “liberdade eterna”.
Maravilhoso! Leitura obrigatória! Jornalista Roberta