Resenhas - Os Sofrimentos do Jovem Werther

Celaro 27/11/2022

Clássico.
Com grande maestria Goethe vai transformando o protagonista Werther em um homem profundamente perturbado por uma paixão. Clássico.

Phelip 20/09/2020

Clássico é atemporal
Os Sofrimentos do Jovem Werther foi o primeiro best seller da história, além é claro, de influenciar o vestuário da época e provocar fenômenos sociais. Para ter-se uma noção da grandiosidade da obra, Napoleão a leu 7 vezes. Entretanto, a obra é mais que apenas o sucesso de público as demais características apresentadas a coloca na prateleira dos clássicos.

O primeiro destaque é para a atemporalidade da obra, o roteiro funcionaria se transposto a qualquer época, pois o enfoque é nos conflitos internos do protagonista e na sua visão que progressivamente torna-se distorcida. É uma obra que funcionará para o público erudito ou para o leitor descompromissado que procura a diversão. De exigentes literatos a leitores para diversão a narrativa conseguirá.

O segundo ponto a ser destacado é que a grandiosidade da obra vai além da capacidade narrativa, que engloba alguns personagens (um deles sequer dialoga). A genialidade consiste em criar uma narrativa que além de agradar diversos públicos, as diversas camadas contidas na narrativa a tornam objeto de análise para diversas áreas de estudo: Werther é um arquétipo de personagem depressivo.

Essa habilidade única em criar personagens fictícios com uma personalidade real fica evidente quando o autor adianta-se cerca de 300 anos em relação ao conhecimento do processo de depressão: inicialmente vemos Werther com a perca do interesse pelas atividades de lazer, progride para uma depressão que interfere nas atividades laborais e por fim entra num estado de melancolia e anedonia (perda do interesse total pela vida) culminando no suicídio como ato final. A história foi inspirada nas aflições do próprio autor o qual mediante a ideação suicida não a executou, transpondo a sua maior decepção para o protagonista.

Do ponto de vista sociológico a contextualização levaria a uma discussão que seria tão extensa que fugiria do escopo da resenha. Mas pode-se destacar que a obra apresenta uma crítica a moralidade da época, ao exclusivismo aristocrático e uma crítica aos costumes. A jovem pelo qual o protagonista se apaixona, Lotte, já compromissada, a despeito do moralismo formal e de manter-se fiel às tradições nutre a esperança do apaixonado e posteriormente ensandecido Werther.

Como todo clássico é uma obra que contribuirá para a formação do imaginário, e também para entender determinados padrões apresentados a época.

Natalie Lagedo 27/03/2017

Os Sofrimentos do Jovem Werther inaugurou a carreira de Goethe. Não há quem tenha participado das aulas de literatura na escola e não ouviu falar do marco que esta obra foi nas letras européias. Inspirado totalmente nas experiências pessoais do autor, Werther faz parte de uma corrente do movimento romântico alemão chamado de Sturm und Drang, da qual foi fundador o próprio Goethe e Schiller. Essa vertente do romantismo coloca os sentimentos acima de tudo, dando-os a responsabilidade nos acontecimentos e decisões da vida.

O trabalho, o metodismo, a opinião pública, os amigos, a famíla, a saúde são trivialidades, menosprezadas pelo protagonista, que é um pintor que se mudou para a pequena Walheim e lá conheceu o amor e a perdição de sua existência. Narrado em forma epistolar, em cartas dirigidas ao primo Guilherme (que vira o "editor" do livro depois da morte do apaixonado), notamos a oposição entre a razão e o coração em praticamente todo o momento.

O cenário idílico não comina e parece não contagiar Werther, que vai degradando, tomando ares de louco. Por outro lado, não é possível formarmos opinião exata sobre o caráter de Carlota e Alberto e qual a verdadeira posição deles acerca do enamoramento do artista, pois só os vemos como objeto da atenção, nunca como pessoas reais, com defeitos e virtudes.

Sentir empatia por Werther é difícil. O drama é demasiadamente exagerado. A paixão o subjuga e mesmo quando ele tenta trabalhar e conhece novas pessoas a figura adorada não sai de deu pensamento. Que maldita obsessão! Que paixão feroz! Tudo é excessivo, até a resolução final. Matar-se é pouco. Teve de fazê-lo com a arma do adversário, como para deixar claro que o que o levou a suicídio foi aquele outro, que tomou de si o que lhe era mais caro, a sanidade e a doce Carlota.

Lívia GM 15/10/2020

Werther, tão intenso como uma tempestade
A obra ?Os Sofrimentos do Jovem Werther? é constituida por cartas que Werther, o protagonista do livro, escreve ao seu amigo Wilhelm, nelas o personagem narra as suas aventuras em sua nova moradia, localizada em um pequeno vilarejo. É nele que Werther conhece Lotte, a moça que conquistara o seu coração e que passara a receber os seus afetos. No entanto, a jovem já estava comprometida com Albert e se casaria pouco tempo depois com este, fato que impediu Werther de ter muito mais do que sua atenção como amiga. Audacioso como era, Werther buscava constantemente estar na companhia de sua amada, não medindo esforços para encontrá-la e mesmo depois que Lotte firmara o seu compromisso com o noivo, ele não deixava de visitá-la quase que diariamente, procurando sempre a ter por perto. E assim se passa o enredo, o sentimento que Werther nutre por Lotte meche fortemente com ele, ela passara a ser a inspiração de sua vida, fato que determinará todas as suas ações ao longo da história.

Carlinha 12/07/2022

Intenso com poucas páginas
Gostei da experiência desse pequeno romance.
Aqui acompanhamos os relatos do joven Werther em suas cartas para o amigo Wilhelm.
Percebemos a transformação do protagonista no momento em que encontra seu amor (platônico).
O autor consegue expor com delicadeza e em poucas páginas toda a paixão, todo o desespero, toda a agonia, todo o sofrimento...
Me surpreendi com o fiel relato da depressão, mesmo sendo uma obra do século XVIII.

Lisa 04/06/2023

Goethe e sua originalgenie
O #Goethe é um dos maiores expoentes da literatura a ponto de ter o intervalo da metade do século XVIII e o começo do século XIX intitulado como "Goethezeit", época de Goethe. Sua morte por sua vez, marca o fim do classicismo alemão, muito embora no Brasil sua fama romântica seja a que perdura. E é dentro desse pré-romantismo com o movimento Sturm und Drang que surge Werther, quebrando paradigmas, opondo-se as normas tradicionais.

Os Sofrimentos do Jovem Werther não somente alavanca a carreira do autor, representando um movimento literário, como também e o principal, gera a base para o estudo de um fenômeno social urgente, o suicídio. Em 1787, três após o lançamento, Goethe reedita a obra, suavizando passagens e acrescentando arcos, tentando reduzir a onda de suicídios "gerada" pela história, fenômeno que até hoje se intitula "Efeito Werther". Goethe sem intenção gera a necessária discussão sobre o tema e a criação de estudos e políticas públicas e hoje há um modelo de como se noticiar suicídios em midia.

Há muita coisa a ser dita sobre isso, uma dissertação inteira, mas prefiro me ater a me opor a ideia de que é romantizado. É um livro do romantismo sim, o que não quer dizer necessariamente romantizador. Werther é patético, mimado, iludido, irritante, idealizador e romântico exagerado. Também egocêntrico, solitário e desconectado. O seu sofrimento por Lotte assume o foco e leva ao leitor romântico como ele a esquecer o resto, de não observar o molar. Werther é deprimido da página um, desconectado da realidade e dos seus valores e o mais importante, ele sabe disso e o diz repetidamente.

Não há romantização de apoio, ele está em sofrimento o livro inteiro, ele clama por ajuda, tenta sair disso, engajar em novas contingências. Ele é atormentado e morre em um estado de tormento, não de propaganda. E é impressionante que em pleno Século XVIII, o Goethe traga uma abordagem tão naturalista e causal, que veja a depressão como um padrão construído através da interação com o meio, e faz uma analise perfeita de contexto e resposta em certo momento. O personagem em si mesmo é um romântico, mas o quadro depressivo é realista.

Alegar que a história romantiza e incentiva o ato é no mínimo uma falácia (non sequitur e/ou post hoc) de "porque inspirou outras pessoas, então é evidência de que houve apoio e causalidade". Werther é UMA contingência em um mar de contingências de maior magnitude que ele. Sendo como for, que honra é podermos ter acesso a Goethe e sua "originalgenie".

Shaira 17/06/2023

É necessário entender o livro para não abandonar o livro
O livro é arrastado, apesar de poucas páginas, você passa semanas ou até meses lendo, como no meu caso. Apesar disso ele é escrito com. uma sensibilidade impressionante e tem uma escrita linda é única.

Não deve ser lido em qualquer momento da vida com qualquer emocional pq você pode ou achar ele chato e abandonar ou o livro te deixar em dias e dias cinzas de melancolia.

Meu conselho é que, se você quer ler, leia! mesmo que seja em um ritmo lento, mesmo que você intercale com outros títulos, nem que seja uma data por dia ou 3 páginas por dia? se você se sentiu atraído pela história entre nela!!

Esse livro é uma experiência literária, vale a pena.

Cleber.Laia 01/06/2023

Apesar do tema ser bem sensível, Os sofrimento do jovem Werther é um romance incrível. Deve ser lido e relido. As pessoas com problemas psicológicos devem evitar essa obra.

Occult 01/06/2023

Macho chato
Coitada de Charlotte (não sei como não foi ela que se suicidou ao ter de lidar com esse homem a importunando afetivamente toda hora). Ela estava visivelmente incomodada e o Werther insistindo apesar da realidade em contrário e a moça praticamente casada com outro tendo de lidar com isso...

"A natureza humana tem seus limites - continuei - ela consegue suportar alegria, sofrimento e dor até certo ponto, e sucumbe assim que esse ponto é ultrapassado. Aqui, então, a questão não é saber se alguém é fraco ou forte, mas se consegue aguentar a medida de seu sofrimento, seja ele moral ou físico." pág. 90

"Tantas vezes sentimos que nos faltam algumas coisas e justamente o que nos falta parece estar de posse de outra pessoa, a quem ainda somamos todas as qualidades que temos, além de certa satisfação idealizada por nós. Assim, a felicidade está completamente pronta no outro, uma criação de nós mesmos." pág. 112

celle 20/12/2020

Apontamentos
"ela é sagrada para mim. Em sua presença todos os desejos se calam" (p. 80)

"Guilherme, são ilusões o que nos fazem felizes?" (p. 81)

"rio-me do meu próprio coração - e vou fazendo tudo o que ele ordena." (p. 123)

"de fato, Guilherme, é horrivelmente irritante ver tanta gente sem compreensão e sentimento para as raras coisas que no mundo ainda têm valor." (p.129)

"meu caro amigo, cada vez mais me convenço de que a existência humana é quase nada." (p. 132)

"ela faz de mim tudo que quer." (p. 135)

"o que eu sei qualquer um pode saber, mas o meu coração é meu, inteiramente meu, só meu." (p. 121)

Conclusão: o romance é extremamente lindo e emocionante. O amor e a paixão nos fazem humanos e nos dão sentido à vida, acredito eu.
O amor romântico é escasso hoje. Quem, hoje, ama verdadeiramente? O que temos é uma abundância de liquidez, devassidão e materialismo. Bauman talvez nos guie sobre isso.

Contudo e todavia, Werther (em minha opinião) é um retrato extremamente exagerado disso kakaka

Eu amei cada pedacinho da obra e também a loucura do protagonista. Sim, para mim ele foi invadido pela loucura!!

Talita | @gosteilogoindico 20/08/2022

Melancolia
Werther transpira melancolia. Devorei esse livro em 24 horas! Toda a escrita (arrisco dizer poética) me envolveu muito.
Realmente, como o título diz, o protagonista sofre (de amor e conflitos internos).
Não achei que ia gostar tanto da leitura, me surpreendeu.
Acredito que o autor colocou essa melancolia de Werther ao extremo para dar esse choque na sociedade: o que pode ser "besteira" para uns, é "demais" para outros.

Sté 09/08/2022

É que a primeira impressão nos encontra de coração aberto
"Quanto à sua perplexidade, à sua paixão, à sua incessante agitação e aspiração, ao seu cansaço da vida, algumas das cartas que ele deixou, e que incluímos a seguir, ofereceram o testemunho mais marcante", p. 172

Confesso que o início não me prendeu, acredito que estava muito ocupada e demorou bastante para fluir. Mas acredito que faltou me debruçar mais já que o meio para o fim me prendeu bastante.
Desde o princípio eu já achava super problemático esse amor platônico do Werther, mas quando ele tenta defender um ser que também está padecendo de um "amor" desse tipo, e tenta abu**r da mulher que não compartilha do mesmo sentimento que ele. Foi o fim para mim, não tem mais como defender. Atos desse tipo não se justificam, ponto.
Você é livre para amar e se apaixonar, assim como o(a) outro(a) é livre para não corresponder. Acho super perigosas essas paixões doentias, em que o ser acredita que a pessoa só será feliz com ele, que ninguém pode amar como ele, etc etc... Para mim isso não é amor e vai, geralmente, levar a um fim trágico para alguém...
Eu, no lugar o Wilhelm, recebendo todas essa cartas do Werther, na metade delas já tinha pego meu cavalinho e ido buscar ele pela mãozinha igual criança: "meu anjo, vamos para casa, vamos fazer um tratamento psicológico, melhorar essa autoestima".
Sem condições!!!
Mas para além dessa problematica, esse livro é uma obra, Goethe faz jus em estar entre os grandes clássicos, a perfeição da escrita, o desenrolar da história descrita através de cartas, com uma riqueza de detalhes que faz parecer uma história contínua, muitas das colocações do Werther, esplêndidas!

"Quando sentimos falta de nós mesmo todo o resto nos falta", p. 110

"Além disso, ele parece ter em mais alta conta minha inteligência e meus talentos do que este meu coração, que é meu único orgulho e a única fonte de tudo: de toda a minha força, de toda a fortuna e de toda a desdita. Afinal, o que eu sei, qualquer um é capaz de saber ? mas só eu sou portador deste meu coração", p. 138

Obs. Não vou tocar na questão problema do fim, por dar spoiler e ser bem densa.
Enfim, recomendo, mas Werther me fez muita raiva kk

Açucena 14/05/2021

?Tenho tanto! E o sentimento que tenho por ela devora tudo. Tenho tanta coisa, mas sem ela tudo para mim é como se nada existisse. ?

Soliguetti 03/08/2022

Paixão ardendo em fogo lento
"Os Sofrimentos do Jovem Werther" é um clássico, então obviamente temos aqui um bom livro. Para quem gosta de se aprofundar na psique dos personagens, esta obra de Goethe é um prato cheio. Werther pode ser analisado de diferentes ângulos e perspectivas, cada uma delas lançando luz sobre as ações do personagem de forma diferente. Há também que se considerar a época em que foi escrito. Goethe foi uma das principais figuras do Romance Europeu, e este romance trata de questões universais como amor, ciúme, depressão...

Dito isso, por se tratar de um escritor mais antigo e com uma linguagem também mais antiga e rebuscada, exige-se o dobro da atenção para não deixar passar nenhuma das aflições de Werther. A história em si também é um pouco lenta, com os fatos demorando-se anos para se desenrolar - se fosse escrito nos dias de hoje, acredito que a paixão seria mais violenta, caminhando para sua conclusão em apenas algumas semanas. Essa morosidade, combinada ao linguajar arcaico, me cansou os olhos algumas vezes. De qualquer forma, superados esses obstáculos do tempo, a leitura será muito agradável (à medida em que se pode ser, considerando os suplícios do personagem que o leitor também acaba sentindo em menor grau).