Letícia 13/06/2021
Essa leitura foi, em realidade, uma releitura. A primeira vez, três anos atrás, pôde ser pouco aproveitada, pois não dei tempo ao tempo, e minha avalição a respeito de tanta sensibilidade foi de três estrelas. Mas eu mal havia entendido a ideia central do livro, dado o seu contexto. Em uma época em que era raro o casamento por amor, o efeito Werther de discussões e ações suicidas é catastroficamente filosófico.
A história narrada em primeira pessoa, de forma epistolar e extremamente íntima, à um amigo, Guilherme (do qual não sabemos muita coisa), retrata a vida do jovem que, ao se mudar para uma pequena cidade, se apaixona terrivelmente por Charlotte. A moça, entretanto, está noiva, o que não impede Werther de querer ter com ela uma grande amizade, que acaba estendendo-se ao seu noivo. Ele era, afinal, um bom homem.
As discussões sobre suicídio e a comparação que Werther constantemente faz de si próprio com outros casos trágicos, incluindo um relato interessantíssimo de alguma lenda, nas últimas páginas, nos faz entender que a ação sempre foi à ele uma opção quando não houvesse mais saída. Essa ocasião vem quando Charlotte, já casada já algum tempo, sugere que ele se afaste, e ele percebe que, em seu triângulo amoroso, alguém deveria morrer.
É uma história muito sensível, melancólica e cruel, narrada de forma rebuscada. Não me apressei para lê-la desta vez e, embora não recomende esta tradução, recomendo seriamente a leitura do grande clássico alemão que iniciou o romantismo na Europa.