spoiler visualizarM.K. Greece 31/01/2022
[INTERPRETAÇÃO PLATÔNICA DO LIVRO: PALÁCIO DE AREIA]
Interpretação e Reflexão Por: M.K. Greece
Autora do Livro: Raffa Fustagno
Maricá, 27 de Janeiro de 2022
A primeira coisa que é necessária salientar sobre a obra: PALÁCIO DE AREIA é o trabalho impecável de transcrição que a querida autora Raffa Fustagno fez ao desenvolver sua fantasia, baseando-se nos acontecimentos conflitantes e escandalosos que ocorreram durante os anos de mandato do 61º Governador do Estado do Rio de Janeiro, concluídos entre os anos de 2007 a 2014.
Apresentando-se como uma pesquisadora muito competente e também, uma hábil jornalista investigava, percebe-se em cada linha, capítulo e diversas citações, que a autora Raffa Fustagno estudou detalhadamente, as reviravoltas que ocorreram no Governo do Estado do Rio e usou-as como exemplo para criar sua fantasia moderna e ainda, desenvolver a trama que enlaça seus personagens.
A autora Raffa Fustagno com muita habilidade procurou criar um cenário de conflito de classes sociais, no qual parte dos seus personagens defende uma posição de vida elitizada, mostrando-se cegas para o exagero de uma vida luxuosa, se apresentando propriamente como encarnações de neo-monarquistas, que se sentem no direito de serem superiores as demais pessoas e tudo isso, contrastando com a realidade da vida, esta que apresenta a luta árdua das pessoas menos favorecidas, tentando humildemente defender as suas causas, mesmo com poucos recursos, além das inúmeras dificuldades enfrentadas pela maioria da população, que apenas procura viver dignamente, sendo salvaguardados pela justiça e igualdade.
Esse embate de classes é protagonizado pelas irmãs Elzalina (jovem que carrega valores distorcidos) e Annelisa (alma virtuosa). Olafo Filho (O Corrupto) e Idrana (A Cumplice) apelidaram suas filhas de Frieza (Elzalina) e Pureza (Annelisa), apelidos esses, que personificam perfeitamente as suas personalidades. Observa-se nessa obra a representação genuína e fiel da figura do “Divergente”, aquela figura que não se encaixa nos padrões sociais, nem nas tradições e tampouco se familiariza com a conduta dos seus semelhantes. A autora soube trabalhar bem não só a figura, mas também o arquétipo do “Divergente” e com isso ela temperou o seu texto, engrandecendo essa trama e com isso, nos prendendo a ela.
Essa “Divergência” é representada pela personagem Annelisa (Pureza), que como de costume, enfrenta conflitos relacionais por ser considerada uma pessoa “fora da curva” ou mesmo uma “ovelha desgarrada”, principalmente por seus familiares. Ela se depara com o dilema de viver na toca dos lobos (família corrupta), sem ter despertado o instinto predatório (exploração e extorsão) de alimentar-se da carne (dinheiro público) das suas presas (povo inocente). Annelisa em muitos momentos não sabe como agir diante do comportamento alienado e desonrado de seus familiares.
Por isso, a riqueza dessa história esta em mostrar nitidamente que o destino de muitas pessoas, organizações, governos e cidades, é que verdadeiramente, estão “Desgovernados”. O livro nos ensina que a luxúria impede as pessoas de enxergar a verdadeira realidade, por que para os mais favorecidos, não existem dificuldades ou problemas impedindo o progresso deles. Eles têm tudo que precisam para evoluir e nada os impede de conseguir aquilo que desejam. E justamente por causa disso, eles não conseguem perceber a verdadeira importância da vida humana.
Esse livro é um incentivo, estimula o nosso despertar de consciência, através da sua narrativa sociológica bem retratada, precisamente direta e muitíssimo criativa. Ele (livro) nos atinge com um choque de realidade e assim, nos permite enxergar essa profunda e desvirtuada inversão de valores, que prejudica o desenvolvimento da vida e a relação saudável entre as pessoas. Acompanhando a história da personagem Annelisa (Pureza) e as suas dificuldades, vamos aprendendo com ela, recebendo essa dádiva consciêncial, a qual a autora Raffa Fustagno nos presenteia através da obra: PALÁCIO DE AREIA.
Em contrapartida, enquanto Annelisa (Pureza) se preocupa com as coisas mais importantes da vida (o bem estar das pessoas), Elzalina (Frieza) quer apenas se preocupar como esta a sua imagem no espelho, preocupando-se com o cabelo e se as fotos nas redes sociais estão bonitas e se de fato ostentam sua vida luxuosa, se apresentando com um espírito involuído, um verdadeiro obsessor da luxúria material, esta que torna vazia as relações humanas, cercando-as e envolvendo-as sob uma atmosfera de narcisismo, avareza e egocentrismo. Elzalina (Frieza) é o retrato perfeito da sereia que nada no oceano de vaidades do seu próprio umbigo. A personagem Elzalina (Frieza) se mostra um tanto complexa de entender, pois ao mesmo tempo em que suas atitudes são consideradas reprováveis, ficamos presos a figura dela, justamente por causa da sua complexidade existencial, pois ela vive o complexo de Narciso e de Dorian Gray, hora sendo enaltecida e enriquecida por sua rara beleza, hora podendo ser arruinada e enlouquecida por ela.
Enquanto sua irmã, a pura, encantadora e sonhadora Annelisa (Pureza), deseja apenas ter uma vida simples, formando-se na faculdade, tornando-se uma defensora das causas sociais e se possível, viver uma história de amor com o seu segurança Cristolfo, semelhante ao romance vivido por Rachel Marron (Whitney Houston) e Frank Farmer (Kevin Costner) no filme: “The Bodyguard” (No Brasil: O Guarda Costas).
Todavia, apesar de ser representada por uma vilania escancarada, Elzalina (Frieza) possui uma grande importância para história e tornar-se até interessante, pois em muitos momentos é justamente o seu assíduo antagonismo, que mantém o calor da trama, contribuindo para a projeção de Annelisa (Pureza), estimulando-a a sair da sua zona de conforto, fazendo-a tomar coragem para viver de acordo com os valores que acredita e se opor contra o que considera errado.
No mar de corrupção envolvendo as falcatruas do governador de Arenlândia, Olafo Filho e a ostentação da primeira dama Idrana, sustentada à custa do saque constante aos cofres públicos e o sofrimento diário dos cidadãos, essa família neo-monárquica vive a pompa do luxo, mostrando-se indiferente a indignação do povo insatisfeito. Nesse jogo político de poder sem limites, os leitores e leitoras, descobriram por trás da cortina de fumaça dos charutos importados e das bombas de gás lacrimogêneo, as tramas, segredos, mistérios, revoltas e escândalos, escondidos a sete chaves, entre as paredes do formoso e luxuoso Palácio de Frozuara.
[CONSIDERAÇÃO FINAL]
Queridíssima Raffa Fustango! Que benção foi deparar-me com a tua devotada dedicação a essa história, a qual produziu com tamanho brilhantismo. O resultado do teu excelente trabalho esta na parede do teu quarto, esta a qual as capas dos teus livros se acotovelam umas com as outras para ter um espaço de destaque. Nunca duvides que es uma autora produtiva e talentosa, pois a parede do teu quarto sempre apresentará a prova do dom divino que recebestes. Torço, oro e vibro ao Logos (Inteligência Universal) para que essa parede que destaca merecidamente os teus títulos, continue aumentando progressivamente, até o ponto que precises mudar-se para uma torre, onde lá, as paredes serão altas o suficiente para expor todas as capas que representam o triunfo da tua escrita. O que te desejo de coração e que essas paredes que suspendem e elevam os teus livros, os aproxime das estrelas, fazendo-os se misturar aos brilhos resplandecentes do céu estrelado.
site: https://www.amazon.com.br/Pal%C3%A1cio-Areia-Femme-Fatale-Fustagno-ebook/dp/B086GV6M7Y