JezielH 11/05/2024
Onde está a loucura?
Estava bem ansioso para ler O Alienista, agora que li, devo ser louco por ter sido ansioso, ou louco não a ter lido antes, ou mais louco ainda por ter gostado.
Ler Assis é sempre um prazer, ele possui um toque de humor sátiro, meio ácido, e Simão Bacamarte é um ótimo exemplo disso. Ao estudar a loucura, o Alienista primeiro deve saber o que é ser louco. Movido pela opinião pública, junta meia dúzia de alienados, títulos dados pela sociedade, para tratamento e pesquisa. Separando em grupos e subgrupos, manias por manias, surge um padrão. Esse padrão comum aos loucos também é comum a alguns sãos. De grão em grão, alma a alma, o Alienista vai enfiando na Casa Verde. Uns dirão por dinheiro, mas até isto renuncia. É tudo pela ciência.
O tirano e sua bastilha causam medo na cidade. Daí nasce a revolta. A chama da revolução incendeia todos, mas logo é apagada. A lenha para a revolta, o povo, está trancafiada dentro da casa de Orates.
Eis a segunda resolução do Dr. Bacamarte: se 4/5 é louco, então o normal é ser louco, logo não precisam de tratamento, devendo assim, serem tratados os sãos.
É um enredo simples, até mesmo previsível o final desta história, mas tão bem contada me fez não parar de ler até terminar. Trazendo para os dias atuais podemos perceber como os transtornos mentais são deixados de lado, O Alienista nos mostra que não existem só loucos e sãos, mas cada um é um pouco dos dois, e antes de rotular o outro, talvez encontre em si o que pensou ver no próximo.