Kelly Oliveira Barbosa 19/08/2022Quem são os loucos?“Não se sabia já quem estava são, nem quem estava doido.” (26p.)
Faz três semanas que li esse famoso conto do Machado de Assis: O Alienista. A princípio pensei que eu não tinha nada para escrever por aqui sobre ele. Afinal de contas, o que se pode comentar de uma leitura como essa? Digo, um clássico como esse da literatura brasileira? Não que eu tenha reservas de comentar minhas impressões sobre qualquer leitura, mas… partindo do ponto que eu escrevo como uma leitora comum sem qualquer pretensão a não ser de cultivar o meu hobby (sim esse blog é um hobby), pois, o que eu poderia dizer sobre esse conto? Especialmente, nada. Porém, pensando que na leitura, sempre há uma porta de entrada para novos leitores, que podemos ser nós os acessos para ligar autores e livros a leitores, e mais, que se cheguei a ler um autor como o Machado de Assis em minha fase adulta foi por causa de pessoas comuns que partilharam suas impressões de leitura na internet… Bem, talvez vale a pena rascunhar algo.
O Alienista foi publicado em 1882, em “Papéis Avulsos”. Basicamente é um conto sobre a loucura. E como a melhor sinopse temos essas duas perguntas para pensar: “Quem são os loucos?” “O que fazer com eles?” A inquietação que essas dúvidas provocam é o que leva o nosso protagonista, o médico Simão Bacamarte, a causar uma enorme confusão na pacata e acomodada vila Itaguaí.
É uma obra-prima sem dúvida. A capacidade e genialidade do Machado de Assis é de deixar qualquer brasileiro orgulhoso da nossa literatura. E o tema escolhido, que segundo José Carlos Garbuglio, foi uma preocupação constante do Machado, falo da loucura, é um tema para mim dos mais interessantes na literatura. Por isso também, será impossível esquecer-me do enredo desse conto. O que essa leitura causa dentro da gente em dúvidas, percepções, autoconhecimento… é incrível.
Sobre a edição que li, estou deixando algumas fotos abaixo e vale a pena comentar um pouco também. É uma edição antiga, data de 2002, da Editora Ática, no selo “Série Bom Livro”. Essa edição desgastada pelo tempo, veio parar nas minhas mãos através da bondade de um leitor do Blog. Foi um baita presente, pois agora que li reconheço o valor da mesma. Além do conto, na edição tem uma resenha muito boa da obra escrita pelo José Carlos Garbuglio da USP; um texto de apresentação do autor e obra do Carlos Faraco, do qual já li um conto também chamado “Idolatria”; um resumo bibliográfico e um caderno de perguntas para melhor interpretação da obra (muita nostalgia do tempo de escola). Além de ter gostado muito do conto em si, ler nessa edição ainda que desgastada, foi um bónus. Sinceramente fiquei com vontade de adquirir outros volumes dessa série, o que se tiver oportunidade farei com certeza.
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