Mariana Dal Chico 26/12/2021Esse ano tive vários retornos para um dos meus autores favoritos: Machado de Assis.
Reli “O Alienista” para o minicurso “O Brasil de Machado de Assis”, com o professor André Aires
Não é segredo que a característica do Machado de Assis que mais me atrai é a ironia fina, humor inteligente - daqueles que se você não se atentar, pode passar direto por ele -, e nesse livro, encontramos a sátira, que deixa a leitura divertida apesar do peso dos temas abordados.
O alienista, é aquele que trata de indivíduos com transtornos mentais e nosso protagonista é o único detentor da sabedoria acadêmica em sua cidade, o que o deixa em uma posição de autoridade e encontramos seu contraponto no Barbeiro - profissão que já foi quase como a de um médico popular.
“Isso de estudar sempre, sempre, não é bom, vira o juízo” p.32
Bacamarte identifica os vícios - dom da intriga, desonestidade e ostentação, decadência esbanjadora, bajulação oportunista, oratória vazia, demagogia irrefletida -, nas pessoas e as interna na Casa Verde como loucas.
E aqui vem o tema central: a loucura e normalidade.
O que é loucura? Quem pode determinar que outra pessoa está louca? A excentricidade pode ser considerada loucura?
Outros pontos importantes na narrativa surgem das perguntas acima: tirania x democracia, saber acadêmico x saber popular.
Machado nos presenteia com essa novela poderosa, que me causou indignação conforme sua narrativa avançava. A sensação de impotência diante da tirania de alguém em posição de poder é um dos sentimentos mais opressores e que por consequência me trouxe inúmeras reflexões. A lente de aumento jogada pelo autor na política pública de saúde ainda se faz necessária mesmo após quase 140 anos.
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