Paulo 11/08/2020
1 - "O Último Ponto", de Camila Loricchio (4 estrelas)
Ótima carta de apresentação para a coletânea de contos. Camila Loricchio arrasa com essa narrativa. Ela nos coloca na pele de uma motorista de ônibus da UniFenda que leva os alunos para o campi. Contando o cotidiano de suas aventuras comuns, a autora consegue criar rapidamente a empatia pela personagem. O conto é contado em primeira pessoa, mas o leitor é um passageiro do ônibus. É como se a Boiuna estivesse nos contando sua história. Seu poder especial é sua falta de necessidade de dormir, o que a torna a motorista ideal.
A narrativa é repleta de calor humano. Camila consegue nos deixar encantados com uma personagem que vai ficar marcada para mim. Em alguns momentos, Boiuna revela uma certa melancolia ao revelar que a Fenda está fechando e talvez a universidade precise fechar daqui a algum tempo. Então ao mesmo tempo em que a narradora pode ser divertida e despojada em alguns momentos, em outros, revela certa melancolia e incerteza por aquilo que pode vir em um futuro próximo. Achei a história super bem encaixada, na medida certa e ela termina no ponto final do ônibus. A autora teve também uma boa noção de ritmo e de tom dado para a história, mostrando a informalidade da narradora.
3 - "Arquipélago e outros anteparos", de Auryo Jotha (4 estrelas)
Ceci é uma garota espontânea e que ama a sua liberdade. Ao lado de Kamila e Fred eles são um grupo inseparável. Fred tem uma habilidade única que o permite teleportar as pessoas para qualquer lugar que ele se lembre menos ele mesmo. Ceci é uma copiadora de poderes e Kamila tem habilidades de respirar embaixo da água. Com a Fenda se fechando, a UniFenda está sob a administração de um reitor declinista que vê os fendistas como pessoas que precisam esconder seus poderes. O motivo das pessoas sentirem medo deles é o uso indiscriminado de seus poderes. Ceci não gosta dessa postura. Seu espírito livre a leva a ir aonde seu coração manda. E a narrativa se passa em um desses dias quando elas decidem ir a uma linda praia.
Os poderes do Fred são muito legais. Para realizar o teletransporte, ele precisa bater um tambor. E são suas batidas que determinam lugar e coesão corpórea das pessoas. Por essa razão, a narrativa do Auryo transborda sonoridade. Juro que eu conseguia ouvir os sons do curimbó ressonando ao longe. Nessa sonoridade, as palavras vão se ligando e se encaixando para formar os parágrafos e as páginas. Gosto quando os autores testam coisas diferentes na forma como uma narrativa pode ser apresentada. Embora eu tenha achado a história um pouquinho longa demais que o necessário (teria cortado umas duas ou três páginas), eu gostei dessa combinação som e palavra.
Não posso comentar muito sobre o simbolismo do final porque seria entregar spoiler, mas o autor também me impressionou e me pegou de surpresa porque eu já não esperava mais revelações no final.
4 - "A Fenda tá fechando", de Mary C. Muller (4 estrelas)
Essa é uma daquelas avaliações safadas de 4 estrelas que eu merecia ser xingado por isso. Mas, vou pelo meu instinto. Explico mais embaixo. Esta é uma narrativa em primeira pessoa de uma personagem que se coloca em uma posição neutra em relação a seus poderes. Ela quer apenas viver uma vida normal. Não é nem contra, nem a favor. Ela só quer ser deixada em paz. Não quer saber de UniFenda. Ela expõe claramente seus argumentos e fala o quanto ela não gosta de exposição ou sobre os acidentes causados por fendistas que não sabiam controlar seus poderes. Se pararmos para pensar um pouco, 90% da narrativa é um tratado da personagem justificando sua escolha de não usar seus poderes ou até fugindo deles. Claro que, como já dizia o velho tio daquele personagem lá da Marvel, com grandes poderes vem grandes responsabilidades.
A Mary foi muito habilidosa ao nos mostrar uma personagem que está em um claro processo de negação para si mesma. A sua postura é a de fuga, não a de alguém que não está aceitando seus poderes. Não é uma neutralidade. Aliás, a gente pode até avançar mais no pensamento da autora: não existe neutralidade neste mundo. A gente pode dialogar, mas sempre vamos defender algum ponto de vista. É como alguém que se diz ser apolítico. Não existe apolítica... O ato de ser apolítico é um ato político. É o mesmo aqui. A personagem cai em contradição em diversos momentos. Tanto é que no final, sua falta de escolha vem cobrar o seu preço.
Faltou para mim um algo mais. Vai parecer preciosismo da minha parte, mas esta é a minha única razão para não dar nota máxima. Eu senti que a narrativa percorreu um caminho seguro demais, manteve-se constante o tempo todo. A autora não correu riscos aqui. A escrita está corretinha, não há problemas técnicos, a descrição está precisa. Por exemplo, no conto anterior, o Auryo correu riscos ao usar uma técnica diferente. A Camila chutou o balde no primeiro conto quebrando a quarta parede. São esses riscos que eu senti falta. Por isso minha avaliação ficou no boa.
6 - "Predador", de Isa Prospero (5 estrelas)
Atenção: história com gatilhos ligados a abuso sexual
Explorar a maneira como pessoas com poderes podem abusar deles já foi feita de várias maneiras diferentes. A Isa conseguiu criar uma história impactante com uma forma bem inovadora de explorar o assunto. Estamos diante de Laura, uma personagem que começa a história em um quarto, seminua, sem se lembrar do que ocorreu na noite anterior. Ela sabe que alguma coisa está errada. Só não sabe o que é.
A escrita da Isa é tensa e claustrofóbica o tempo inteiro. Ela quebra completamente o ritmo das narrativas anteriores. O que ela traz é de uma força e intensidade incríveis. A dor que a personagem sente de ter sido violada, de ter tido sua confiança abalada por um predador é sólida para o leitor. A gente sente o mesmo que a personagem. E ela só usou uma narrativa em terceira pessoa (nem em primeira foi). A personagem revela gestos e olhares que revelam os seus sentimentos em um dado momento. E é esse poder de contar uma história através de impressões e colocando o leitor em um quarto escuro ao lado da protagonista que torna a narrativa tão boa.
Outra coisa que é para se chamar a atenção de outros escritores é que em nenhum momento a Isa precisou descrever uma cena de abuso sexual para o leitor entender o que aconteceu. Basta a insinuação da cena. Por isso ele tem gatilhos. E essa é a marca de uma autora madura e experiente que sabe tratar o tema com habilidade, sem a necessidade de explicitar nada.
7 - "Monocromático", de Victor Nassar (5 estrelas)
Esse é um conto tão doce e gentil que eu não tive como não dar cinco estrelas para ele. Tentei encontrar alguma coisa, até dei uma de duro na queda, mas fui conquistado pela história do menino cujo poder era fazer o mundo ficar monocromático para as outras pessoas. É uma narrativa simples, contada em primeira pessoa com um personagem absolutamente empático. Vamos caminhando ao lado do personagem em sua trajetória pela descoberta do amor e da felicidade. Ele precisa lidar com seus poderes que, em teoria, tornam o mundo triste para as pessoas. Ao conhecer uma pessoa que o aceita como ele é, seu coração finalmente descobre algo diferente: o calor de um sentimento.
A conexão que liga o personagem à sua namorada é bem construída. É uma temática de aceitação. A gente poderia facilmente substituir a situação do personagem por um cadeirante ou alguém com algum outro tipo de limitação. Adorável a sintonia entre os dois personagens e a maneira como esta conexão se associa aos seus poderes. O autor trabalha no conto as adaptações que a pessoa faz para poder conviver com outra com limitações. É também colocada o preconceito e a raiva das pessoas diante de alguém que pode ser um estorvo à vida social das mesmas.
Nassar emprega diálogos bem encaixados, uma escrita precisa e sutil. Não utiliza nenhuma técnica mirabolante de escrita, preferindo caminhos mais seguros, mas ao atacar na empatia do leitor em relação aos seus personagens ele consegue ser bem sucedido. Eu coloquei em outro conto que um caminho seguro leva a algo normal e sem grande destaque; mas, o básico pode ser bem feito quando associado a uma narrativa mais sentimental. O final é de uma beleza que eu vi poucas vezes esse ano. Não vou falar mais porque posso estragar a história para alguém.
8 - "O nosso tempo é feito de espera", de Roberta Spindler (4 estrelas)
Sabemos que a Fenda está se fechando e isso está sendo entendido como uma possível ameaça aos alunos da UniFenda. Todos vivem sob a incerteza de terem seus poderes desativados ou se virem como a última geração de fendistas. Enquanto isso, Luna precisa conviver com o seu poder: o da insônia. Ela não consegue dormir. Essa habilidade lhe dá a possibilidade de estudar por horas a fio, o que a tornou uma das melhores alunas teóricas do campus. Só que seu poder é inútil. Luna sente que está tirando o lugar de outros alunos mais capazes. E em uma noite de insônia, ela decide caminhar até a boca da fenda para espairecer suas ideias e refletir sobre os rumos a seguir. E é lá que um encontro com uma senhora irá mudar sua vida.
Não é spoiler porque não vou dizer como, mas a ideia da autora de explorar o folclore brasileiro é fantástico. Vivemos em um mundo tão cercado pelo super e pelo inovador, que nos esquecemos de que havia algo antes. Se formos pensar mais a fundo, Spindler faz uma clara associação com a nossa relação com a cultura que vem de fora. Pouco conhecemos sobre nossas tradições. Aqueles que realmente conhecem lendas brasileiras é porque se interessou pelo tema e saiu atrás dele. Não é algo que povoa o nosso dia. Por exemplo, no dia em que estou escrevendo essa resenha, vai passar um filme do Thor na televisão. Eu sei quem é o Thor e o que ele faz, mas não sei quem é a Matinta Perera. Isso é só para citar um exemplo. Já vai de algumas décadas o conceito de que os deuses existem enquanto nos lembramos deles. Seu poder vem da crença. De certa forma, podemos dizer que é isso. Quando nos esquecemos, ele deixa de existir.
Mas, para mim, faltou um algo mais na narrativa. Eu adorei a ideia, principalmente porque eu sou um historiador, mas não gostei da personagem. Achei a Luna uma personagem muito apagada. Talvez porque ela funcione mais como uma personagem orelha. O dilema dela acaba se perdendo diante do plot maior. Faltou um pouco mais de personalidade a ela. Nesse sentido, acho que a história carecia de mais algumas páginas justamente para trabalhar este aspecto.
11 - "Quantas novalginas você tomou hoje?", de Pedro Poeira (5 estrelas)
Teo está indo para um momento importante de sua vida: a apresentação de seu TCC ao lado de seu grupo de trabalho. Várias semanas de sangue, suor e lágrimas para esse momento. Nada pode dar errado. Todos os olhares estão voltados para ele. Ele prepara as piadas perfeitas, as observações ideais, o powerpoint está bem alinhado. Mas, tudo parece dar um jeito de acabar dando errado. Seu poder de fazer curtas viagens no tempo se torna uma maneira de consertar as coisas. Só que as coisas parecem sempre fugir ao seu controle. E tudo o que ele deseja é uma nota perfeita.
Mais um bom exemplo de um conto quebrando o ritmo. Uma narrativa leve e divertida usando o tema da viagem no tempo, mas de uma forma diferente. Nada de Máquina do Tempo, de H.G. Wells, e mais O Feitiço do Tempo, sim, aquele clássico filme natalino com o protagonista mais mala e adorável do mundo. Pedro Poeira traça um objetivo simples a ser cumprido e o faz muito bem. Adorei a maneira como ele tornou a narrativa dinâmica com a química entre os personagens. Ele não precisa fornecer aos leitores muita informação. Em duas páginas, temos tudo o que precisamos saber. A partir daí, o que se seguem são esquetes onde ele vai repassando as cenas. Além disso, temos a temática em si que nos remete à falta de controle. É impossível mantermos um controle absoluto sobre todas as situações. São muitas variáveis a serem analisadas. Por mais pragmáticos, controladores e organizados que sejamos, sempre vai ter algo que vai fugir ao nosso controle. É a nossa habilidade de superar as adversidades que nos torna grandes. Ou seja, nosso autor além de usar O Feitiço do Tempo me remeteu também à teoria do caos de Jurassic Park.
Para quem acha que somente a temática é o destaque desse conto, é porque não percebeu outro pequeno detalhe: a estrutura narrativa. Ele empregou um esquema de idas e vindas para o personagem que na história parece suave e sutil, mas faço ideia de como isso deve ter sido no papel. Para fazer o que ele fez é preciso um domínio de temporalidades (flashforward e flashback) e montar toda a sua estrutura narrativa do começo ao fim para saber quais partes você pode mover e para onde você pode mover. São como peças em um jogo de montar imagens. É algo que exige um controle refinado de narrativa e essa pode ser uma ferramenta bem útil para o autor empregar em futuras histórias.
12 - "Dissonâncias", de Eric Novello (5 estrelas)
Mais um conto tenso nessa coletânea. Daqueles que a gente fica vidrado do início ao fim. A narrativa é estruturada em gravações de sessões de terapia do dr. Wilson Tavares, um psicólogo que atende fendistas com transtornos mentais. Não vou entrar em mais detalhes além disso, apenas que se trata de um belo estudo sobre a psiquê dos personagens.
Novello emprega uma escrita que vai te cercando como uma sombra escura que paira no ar. No início você acha que é apenas uma nuvem no céu, mas quando vê, toda a luz ao seu redor foi sugada pelas trevas. Ou seja, uma escrita claustrofóbica e tensa que vai até o final. Cada um dos pacientes parece normal em um primeiro momento até ele revelar os seus verdadeiros sentimentos. Parece algo chocante. Algumas vezes as mudanças são tão súbitas que chegam a ser assustadoras. Se eu pudesse dizer, esse conto do Novello é o mais próximo do terror dentre todos os que eu li até o momento. E ele faz isso sem usar nenhum elemento gore impactante.
Se pessoas com transtornos mentais podem se revelar desafiadoras mesmo no mundo real, imaginem quando se tratam de pessoas com poderes especiais. Ao lidar com elas, não sabemos exatamente qual o nível de criatividade que eles irão empregar suas habilidades. Cada um dos pacientes se revela ser um verdadeiro desafio. E é dessa maneira experimental que Novello vai levando sua narrativa do início ao fim. Gostei muito principalmente pelo fato de que cada personagem é diferente em sua individualidade. O plot twist no final é aterrador e a maneira como a pergunta fica no ar foi uma sacada de mestre do autor.
Kudos para Novello... desculpa, mas acho que fico com esse conto como o melhor.
13 - "Edição de Amanhã", de AJ Oliveira (4 estrelas)
Lucas tem um poder interessante. Ele tem uma espécie de clarividência que eu não vou conseguir explicar, mas eu achei a ideia do AJ genial. Combina bastante com os nossos tempos de redes sociais e substitui de certa forma a velha ideia do caderno onde fazemos anotações sobre o futuro. Felipe e Lucas acabam desenvolvendo uma proximidade, muito por conta de uma certa desconfiança de Felipe sobre o novato. Isso até o dia em que Lucas acorda amarrado em uma cadeira com Felipe exigindo algumas respostas.
Se tem algo que é inegável é a criatividade do AJ. Isso permeia a trama, não só pela escolha do poder do personagem, mas também por como ele escolheu a problemática a ser solucionada. Novamente: muitos autores buscam enredos complexos para serem originais. E isso pode vir de uma solução simples. São dois personagens que se gostam, suas vidas se cruzam e coisas perigosas acabam rondando seus cotidianos. Dessa maneira, um deles tem boas intenções para com o seu par. Só que a maneira como ele acaba querendo proteger o seu amado é um pouco atrapalhada. E essa falta de comunicação entre os dois é que ocasiona a situação no início da narrativa. Isso é explorado bem pelo AJ que mostra que ambos estão corretos na forma como lidam com a situação. Só possuem visões diferentes sobre a maneira como o problema deveria ter sido resolvido. São coisas de casal. Mas, imagine coisas de casal sendo que um deles tem um poder de clarividência.
Achei que a narrativa demora um pouco para engrenar. Senti dificuldade para sentir empatia pelos dois personagens. Isso porque a situação toda é confusa no começo. Eu sei que a ideia era confundir mesmo, mas achei que tudo demorou a se estabilizar. Somente pela metade do conto que eu tive aquele momento de "ah... eu entendi a história". E passei a curtir mais os personagens. O momento final é bem doce e eu não vou contar mais nada.
14 - "Tipos de Pessoa", de Jana Bianchi (5 estrelas)
Cara, o Novello que me perdoe, mas caramba. Esse é o melhor conto da coletânea. Que ideia maravilhosa!! E olha, não é porque eu conheço a Jana há vários anos e ela escreveu algumas matérias para o blog, até porque eu tenho sido bem malvado nas minhas avaliações dos contos dela ultimamente, mas era disso que eu falava. Inovação, criatividade, doçura, representatividade, temáticas complexas. Tudo em um único pacote. Perfeito!
Vamos a uma sinopse simples para não entregar muito. Duas pessoas passam a se comunicar em dois períodos diferentes de tempo através de uma mesa de escola: uma em 1984, outra em 2020. Simples assim. É como se fosse um chat maluco do whatsapp do passado para o presente e vice-versa. E a conversa dessas pessoas vai girar desde discussões sobre as Diretas Já, até discussões sobre angústias, alegrias, esperanças e amor. É muito interessante ver a interconexão entre temas e a maneira como as duas pessoas passam mensagens uma para a outra. A ideia de falar acerca das Diretas Já em um momento tão difícil da república no Brasil é fantástico porque foi um movimento que teve uma forte participação popular, principalmente de estudantes. Precisamos desse movimento hoje para que o Brasil possa mudar desse país que se encontra em uma polarização insana para voltarmos ao "país do futuro".
Temos que falar da técnica. Não existe manual para o que a Jana fez. Isso é algo muito bacana. Já vi alguns autores testarem técnicas parecidas e é bem complicado de se fazer. Mesmo para formatar isso dá uma bela de uma dor de cabeça. No entanto, o resultado final é bem diferente. Não estou dizendo que todos devem fazer algo igual, mas inovar, ser criativo envolve criar coisas diferentes como essa. Na coletânea toda os contos da Jana, do Novello e do Pedro Poeira são os que envolvem técnicas mais apuradas de escrita. Isso é como você brinca com a forma de escrita. Pense no seguinte: a literatura já existe há milênios. Milhares de autores já escreveram obras de todo o tipo de forma diferente possível e imaginável. É possível ser criativo; basta desconstruir alguma das técnicas de escrita. A Jana desconstruiu o parágrafo, o Pedro desconstruiu a temporalidade, e o Novello desconstruiu o discurso narrativo. É possível se aproximar das mesmas três engrenagens a partir de alguma outra abordagem. Qual? Aí vai ser a sua mente quem vai definir.
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