Gabriel.Maia 29/07/2022
Hari Seldon desromantizado
Neste volume acompanhamos o envelhecimento de Hari Seldon e os primeiros passos de uma psico-história efetiva, que começa a realizar suas primeiras previsões sobre o futuro da galáxia. Asimov nos apresenta alguns novos personagens, uns muito carismáticos como Wanda Seldon, filha de Raych ou o novo imperador Agis, que talvez tenha sido o meu favorito. O livro é dividido em 4 partes e tem um epílogo emocionante no final, e eu considero cada uma dessas partes como uma história separada, pois se passam períodos de aproximadamente 10 anos entre cada uma.
O autor deixa claro para nós como a passagem do tempo afetou nosso querido Hari, que a todo momento comenta sobre o vigor perdido pela passagem dos anos e sobre a dor em sua perna que só aumenta a cada dia que passa, porém todos em volta dele sempre fazem questão de enfatizar que suas faculdades mentais continuam intactas, mantendo a mesma mente brilhante de sempre. Em paralelo à decadência de Seldon, temos a decadência do império galáctico, agora mais escancarada do que nunca. Luzes interiores do domo falhando, falta de segurança nas ruas, lixo espalhado por todo canto, corrupção e falta de créditos até mesmo para o imperador... Parece que os trantorianos tiveram uma pequena amostra do que é ser brasileiro.
A psico-história e seu criador não passaram ilesos por todo esse processo. Hari passa a ser conhecido internacionalmente como "Corvo Seldon", o arauto da destruição do império, o que acaba dificultando muito a evolução da psico-história. Seldon precisa de créditos para pagar os funcionários e para continuar seu projeto, porém não tem mais a boa imagem que tinha antes, o que vai fazê-lo tomar caminhos inimagináveis para a continuação do trabalho de sua vida.
É um livro bom, segue bem a premissa do "Prelúdio à fundação", porém acho que faltou um algo a mais. Os primeiros três capítulos, apesar de serem de fácil leitura, não tem uma trama tão instigante quanto teve o primeiro livro, e o quarto capítulo só é diferente pela quantidade de informação e ganchos que tem com a trilogia original da fundação. Wanda é uma personagem incrível e muito carismática, mais uma prova contra a falácia de que Asimov não sabe construir personagens femininas, porém nem ela conseguiu elevar essa história ao mesmo patamar da anterior. Acho que parte do problema foi a divisão em períodos, que acabou deixando as plots de cada uma bem corridas e isso atrapalhou um pouco, porém eu entendo que precisava ser assim para que pudéssemos acompanhar a passagem dos anos de uma forma dinâmica.
O epílogo vale muito à pena também, é muito emocionante e tenho certeza que vai colocar lágrimas nos olhos de vários fãs de Hari Seldon.
Enfim, eu esperava um pouco mais por causa da maravilha que foi o livro anterior e me decepcionei um pouco, mas isso não significa que o livro seja ruim. É um livro que vai te prender bastante, com uma boa história geral e cheio de curiosidades sobre a criação da psico-história, apenas não vá com expectativa de ter o mesmo formato do anterior que vai ser sucesso!