Irwing 14/11/2018minha estanteRichard Dawkins tem mérito pela coragem de tentar por um ponto final nessa discussão milenar, mas na verdade o que ele conseguiu foi apresentar muito mais do mesmo. Ele esquentou argumentos já conhecidos e superestimou a teoria da evolução. Teoria que tem uma certa lógica, mas que está longe de ter evidências e comprovações científicas palpáveis e inquestionáveis. Por outro lado, os teístas provavelmente também nunca conseguirão encontrar provas científicas para sua fé, apesar de terem também teorias científicas que lhe favorecem.
Na verdade todos nós cremos em Deus, ou não, por fé. A crença em Deus é um ato de fé. A não crença em Deus também é um ato de fé. Senão vejamos: a NÃO CRENÇA em Deus não significa não crer em nada, é antes uma CRENÇA num mundo sem divindades. O que, apesar do otimismo das argumentações de Dawkins em sua obra, ainda não se vislumbra na contemporaneidade comprovações científicas para tal posicionamento. Logo, certezas sem ciência, ainda que seja com uma capa de cientificidade, não passam de dogmas da cabeça do autor.
Deste modo, o cerne da questão entre ateus e teístas não está nas evidências que ambos possuem e sim nas suas próprias experiências, preferências pessoais e, principalmente, percepções/visões de mundo.
Em resumo, sejam ateus ou teístas, você encontrará os sermões de ambos os lados, tentando converter fiéis, seja para crença num mundo com ou sem a presença de Deus. O que preocupa no proselitismo "Dawkinista" é a forte alegação em ter a religião como um problema que deve ser eliminado do mundo ou combatido. Quando é a intolerância contra as crenças ou posicionamentos diversos dos nossos que deve sim ser combatida, tenha ela partido de religioso teísta ou de um "religioso" ateísta, travestida de cientificidade ou não. Neste ponto, acredito que o autor novamente se engana, ao tentar evitar o radicalismo (intolerante) religioso atacando a religião, quando o real inimigo é a intolerância em si, venha ela de onde vier. Com este seu posicionamento quanto ao fim da religião, ao invés de ajudar a diminuir a intolerância mundial, acredito que ajudará mais a somar novos adeptos a ela. Ou será que a única intolerância que devemos tolerar é a nossa?
Dawkins novamente erra em trazer discussões metafísicas para o campo das ciências naturais. Ele concientemente parece ter deixado essas questões filosóficas de lado, pois não acredito que notório autor tenha se deixado cegar pelos impulsos, paixões e aversões pessoais pela cosmovisão teísta e naturalista que sustenta.
Tirando estes fatos, é muito bom você investigar as refutações ao pensamento deste autor, para que o ateu convicto não cometa seus mesmos erros e evite se lançar desavisadamente, supervalorizando seus conhecimentos, numa discussão/debate pacífico com um teísta bem instruído. Um bom argumento é bom até encontrar outro melhor. Lembre-se que geralmente nos apaixonamos por um posicionamento e depois buscamos fundamentar ele. Assim, as raízes do que cremos nem sempre estão alicerçadas em base científica e filosófica sólidas ou nem sempre fazemos uma ciência tão imparcial quanto deveríamos. Esteja sempre aberto a novos pontos de vista e retenha o que for bom, para não defender convicções flagrantemente equivocadas por puro partidarismo.
Fique na paz!