spoiler visualizarmajunixx 27/11/2021
E vamos de polêmicas kkkkkkkkk
Eu nutri expectativas nesse livro durante cerca de um ano até conseguir comprá-lo e enfim... me decepcionar. Ao menos em partes.
A princípio eu adorei a escrita e a forma como tudo se desenvolvia (já falei que amo tudo da Lorraine né?). Amei ver mais intimamente a forma como Locke cuidava de seu pai, como administrava a propriedade/mausoléu Havisham, e, principalmente, como lidava com sua contínua solidão que nem ele percebia. Até Portia chegar. Ela desde o primeiro momento se mostrou uma protagonista completamente diferente de tudo o que eu estava habituada nos romances de época, e eu também tinha adorado isso. Adorei a língua afiada, o afronte, a sagacidade, a sensualidade sem os pudores da época, tudo. Entretanto, da metade do livro em diante algumas partes da escrita se tornaram muito custosas pra mim, e eu estou falando das cenas hot mesmo. A relação deles foi muito construída em cima de desejo carnal (e eu pensando que depois de Albert o Locke era o mais de boas rsrs) e eles só conseguiam se entender porque absorviam pequenos trechos pessoais de diálogos que deixavam escapar ou por meio de atitudes.
Mas essa não foi a grande questão desse livro e não foi a toa que eu demorei para conseguir terminar de ler ele. Absorvi o máximo dos detalhes de tudo com muita calma e ainda demorei um tempinho há mais depois de ler para entender tudo e formar minha opinião sobre. Eu já tinha uma ideia de que o grande segredo de Portia envolvia uma criança, mas quando tudo foi revelado eu fiquei tão chocada que só faltou eu me pintar de palhaça.
Como eu li nos outros comentários, a maioria das pessoas que leram esse livro simplesmente odiaram a Portia, e eu não tiro a razão de nenhuma delas. Também achei a atitude dela condenável, baixa e, de certo modo, até um pouco cruel. Porém ao mesmo tempo eu consegui compreender. Vi alguns comentários inclusive condenando a autora, mas Lorraine escreve há mais de vinte anos e (vou acrescentar essa curiosidade aqui para quem não sabe ainda) é formada em psicologia, então eu acredito que ela sabia exatamente o que estava fazendo quando desenvolveu Portia e esperava exatamente essas reações de nós leitores. Como disse anteriormente, Portia não é uma mocinha comum dos romances históricos, ou seja, não é pura de índole, incapaz de errar, inocente, recatada e afins. Em alguns momentos eu conseguia imaginar ela vivendo no século XXI, inclusive. Porém, no século XIX as coisas eram completamente diferentes. Ela estava completamente desesperada para salvar a cria, e nisso escolheu o caminho mais tortuoso. Afinal, o que se pode fazer quando o pai do seu filho quer m4tá-lo sem qualquer remorso apenas para não assumi-lo?
Desde o meu primeiro contato com os livros de Heath eu já percebi de cara o quanto ela gosta de humanizar suas personagens; criando situações que possivelmente aconteceriam no mundo real, fazendo eles passarem por provações emocionais, de caráter, e com esse livro não foi diferente.
Eu conheci a Lorraine nessa série e de cara já me apaixonei pela escrita dela. Tenho certeza que vou comprar e consumir mais livros dela, apesar desse ter sido bem complicado.
Portia não é inocente, mas eu particularmente também não consigo culpá-la por 100% de tudo e d3monizá-la.
Como Lorraine bem disse na Nota da Autora: Espero ter conseguido retratar o desespero de Portia em relação à época em que vivia. Obviamente, é pouco provável que uma mulher em sua situação tivesse se casado com um aristocrata - mas é por isso que eu escrevo ficção.
Talvez esse livro não mereça 4 estrelas, mas eu vou dar mesmo assim porque o final dele me emocionou demais e pra mim fez valer por todo o livro. Estou ansiosa para ler o livro do Marquês.