Luísa 01/02/2022O que rolou aqui??Tentei ler esse livro acho que umas duas vezes antes e não engatei. A história me parecia muito absurda, muito sem pé nem cabeça, e eu não estava conseguindo entender o senso de humor do autor (ou da protagonista?). Mas, depois de três de minhas amigas mais próximas, que têm um gosto literário parecido com o meu, lerem e amarem esse livro, me senti na obrigação de tentar mais uma vez. E dessa vez eu insisti.
Passei dos 25% com um sentimento muito parecido com o que tive das outras vezes que tentei ler esse livro, uma coisa meio "tá, mas é isso que o povo ama?". PORÉM, em algum momento duas coisas aconteceram: 1. eu entendi (acho) o propósito do livro; 2. a história ficou mais empolgante.
Uma coisa absolutamente fantástica conta a história da April May, que é essa menina 100% comum, de pouco mais de 20 anos, que um dia se depara com uma estátua muito doida na rua e chama um amigo pra fazer um vídeo com a estátua junto com ela. Ocorre que o vídeo viraliza porque o que acontece é que do nada essa mesma estátua surgiu num monte de lugar do mundo ao mesmo tempo e o vídeo deles foi o primeiro a mostrar isso.
Daí em diante, a coisa vai escalando para um surto completo e inicialmente parece bem absurdo mesmo, mas o ponto é justamente esse!! Foi feito pra ser absurdo porque a nossa sociedade é muito absurda, se você pensa bem, nada faz muito sentido rs. Pessoas se tornam celebridades do dia pra noite, se tornam referências em um assunto mais ou menos do nada e o livro, a meu ver, é uma grande sátira disso.
A April, na brincadeira, chama a estátua de Carl, e o nome pega, o mundo inteiro passa a se referir às estátuas como Carl, que é um nome ridículo e nada científico. São diversas situações como essa que vão acontecendo na história, pessoas brigando por interpretações diferentes da estátua e simplesmente um grande surto. Acontece tanta coisa que não quero dar spoiler, apenas digo para, caso você também tenha tentado ler e não tenha conseguido: insista, vale a pena.
A partir do momento em que a sátira de fato fez sentido pra mim, foi quando passei a gostar do livro. Só não dei 5 estrelas por dois motivos: há certa demonização, sutil, da China e de outros países que desviam do modelo capitalista enquanto os EUA são meio idealizados (têm uma presidenta ótima e não sei o que mais, me poupe, Hank); e o final é meio brochante, não completamente brochante, até porque eu sei que tem uma continuação, mas mesmo assim, poderia ter terminado de outra forma. De todo modo, muito bom!