spoiler visualizartriz 01/01/2022
Tinha potencial
Bad Max não é um livro ruim, mas ele poderia ser muito melhor.
Eu irei falar sobre certas problemáticas de Bad Max, mas saibam que eu peguei esse livro quando ele estava de graça na Amazon.
Esse é o segundo livro da L.C. Almeida que eu leio, o primeiro foi Ballet para Dois ? que, honestamente, foi uma tremenda decepção. Bad Max é mil vezes melhor que Ballet para Dois, mas há características na escrita dessa autora que me irritaram em Ballet para Dois ainda me irritam profundamente nesse livro.
Parece que a autora olhou a personagem Isabella (Ballet para Dois) e resolveu fazer a Bianca extremamente contrária à ela ? ou vice e versa ?, mas o tiro saiu pela culatra e a Bianca é tão infantil quanto a Isabella. Ela quer parecer ter um ar de mulher madura, brava ? quando é necessário ? e forte, porém Bianca é apenas uma personagem com piadas toscas e frases de efeito; ela usa a desculpa de ser uma pessoa bruta/grossa/séria quando tudo o que ela está fazendo é ser debochada ? de um jeito péssimo ?, como quando, no começo do livro, ela repete que precisa manter seu emprego e parágrafos depois ela é desrespeitosa/debochada/age com ironia. Mesmo assim, ela é uma personagem "fácil de engolir", ou seja, eu não odiei ela completamente.
Outra coisa que ficou me incomodando durante a leitura inteira foi a dificuldade da autora ? ou da própria personagem ? em dizer/admitir que a Bianca é uma personagem acima do peso ou uma personagem gorda, ao invés disso, ela ficou dando voltas e mais voltas sobre as inseguranças da mesma sem nunca trabalhar ou resolver essas inseguranças, com apenas uma passagem no livro falando que ela tem "gordurinhas".
"Eu me olho de um lado e vejo as gordurinhas das minhas costas [...]. Do outro lado, a dobrinha na minha barriga que sempre aparece [...]."
A autora deu a impressão de que essas inseguranças simplesmente desapareciam assim que o Max elogiasse a Bianca, poderia ser algo bem mais trabalhado.
Antes de falar sobre 'O Bad Max', gostaria de falar sobre os furos desse livro, o que não são poucos:
? 1° ? Personagens Secundários.
Eles são praticamente invisíveis, sim, mesmo o Ricardo. A maioria dos personagens secundários estão ali apenas para ser um motivo pelo qual o casal principal se aproxima ou se afasta, Ricardo passou o livro inteiro tentando fazer Bianca e Max ficarem juntos e parecia que ele não tinha mais outro propósito. Micaela, Naomi, Ossi, Anthoine, Verônica, Taylor, Chuck, Mãe do Max, garoto que ganhou o boné do Max, todos eles só serviram para a Bianca perceber algo sobre o Max. Sim, todos.
? 2° ? A Garota Misteriosa do Ricardo.
Ricardo se apaixona por uma garota que não sabe o nome e fala dela pelo resto do livro, o livro acaba e ele não acha a bendita dessa garota, no capítulo final é falado que ele está com alguém, mas não fala quem, se é a garota misteriosa ou não. Uma das coisas que eu mais odeio em livros de romance ? tirando o gênero de romance inteiro ? são personagens secundários que são deixados de lado, sem um desenvolvimento, sem explicações para suas ações, com a personalidade resumida em "servir o personagem principal" ? vulgo chaveirinho. Ricardo era um personagem importante, ele estava em, praticamente, 80% do livro e a autora nem se deu o trabalho de escrever um final decente para ele.
? 3° ? Mãe do Max.
Eu não faço a mínima ideia do porquê ela apareceu nesse livro, o único objetivo plausível era fazer tanto a Bianca quanto os leitores obterem algum tipo de pena pelo Max. Novamente, a autora poderia ter desenvolvido um bom plot para o relacionamento de mãe e filho, mas ela apareceu duas vezes no livro, na primeira vez para ser grossa com o casal principal e fazer a Bianca ter pena do Max e, na segunda vez, para ter uma cena de nem uma página e, logo após, ir falar sobre o casal principal com a personagem principal.
Também, acho essa fala da Bianca, de quando a mãe do Max aparece para assistir sua corrida, bem nojenta:
"A mulher fria que eu conheci nem parece essa pessoa, que corre para se jogar nos braços do seu filho, dando um abraço de verdade nele. Nada de abraços de cacto dessa vez, amém.
O que uma quase morte não faz, não é?!"
"O QUE UMA QUASE MORTE NÃO FAZ [...]?!"? Quem fala uma coisa dessas?
Sobre o Bad Max, resumidamente, ele é puro suco de qualquer bad boy que existe em qualquer livro, literalmente, a única diferença é que ele é um piloto de Fórmula 1 ? ou melhor, Fórmula A. Max Vegas não é um personagem ruim, assim como a Bianca, acho ele "fácil de engolir" por ser um personagem muito comum, também acho ele bem parecido com o Mikhail (Ballet para Dois).
Agora que entramos no tópico "O Bad Max", queria falar sobre problemáticas do livro, as quais eu tenho ciência desde o ano passado. Max e Ricardo são inspirados em pessoas reais, pilotos reais, esse é o problema. A amizade entre dois pilotos? Verdadeira. A ideia das fantasias? Feita na vida real por esses mesmos pilotos. Ricardo recebendo outra proposta? Aconteceu. Max perdendo pole? Adivinhem. E o que mais me incomoda: o acidente do Anthoine, o acidente foi real e o verdadeiro Anthoine morreu enquanto o do livro ficou bem e esse acidente serviu para que a Bianca percebesse que estava apaixonada ? novamente, personagens secundários sendo usados apenas em prol do casal principal ?, isso foi um tremendo golpe baixo e sujo. Isso além do pai do Max ser pintado de bom moço e sua mãe como a malvada, porém não vou me aprofundar nisso.
A autora pegar todos esses fatos reais, juntá-los em um só e chamá-los de sua criação é completamente errado, Bad Max é, no máximo uma fanfic. Tinha tudo para dar certo e ser um livro absurdamente incrível, mas todas as coisas listadas acima o impede de conseguir tal feito.
Resumindo: eu vou dar 3 estrelas assim como eu dei para Ballet para Dois, é um livro muito bom, mas muito injusto por parte da autora.