Cris 19/11/2023
Lerei tudinho da Aline. Estou numa rua sem saída.
Lançado em 2020 pela e-galáxia, 'Rua sem Saída' bem como todas as outras histórias de Aline Bei machuca e termina sangrando mostrando mais uma vez aos seus leitores o que a escritora é capaz quando o assunto se refere a sentimentos.
" a nossa primeira prisão, o
nome, quer dizer pensando bem
é a segunda, primeiro vem o
corpo
logo de cara dois avisos que
o mundo nos dá sobre a
Liberdade, perceba, ela não é
possível, nada em totalidade é
possível o que alcançamos são fagulhas das coisas que nomeamos
e mesmo os lampejos
já nos derretem
se nem os dinossauros
conseguiram, por que justo o ser
humano?"
O conto tem apenas 32 páginas e vai narrar os dias de dois personagens em paralelo. Lucrécia é uma jovem empregada doméstica com um sonho de virar professora, tem como único amigo o mini Aurélio guardado debaixo de seu travesseiro; e um cão chamado Diablo que além de viver acorrentado é vítima de zoofilia por alguém mentalmente desequilibrado. Surreal de tão nojento.
Ler Aline Bei é um misto de emoções pois é natural se envolver e ficar abismado com tamanho domínio em transformar vidas em poesia, em contrapartida, seus livros sempre vão retratar essas vidas de forma sofrida e sem grandes finais felizes, aliás, quase sempre suas histórias terminam em tragédia ou melancólicas realidades.
Também é notório desfechos abertos ou no mínimo subjetivos que dão margens a diversas interpretações e, se tratando de quem é, os desfechos não aquecem os corações, ao contrário disso!
Repetindo o que já disse em outras resenhas da Aline, o que mais me chamou a atenção novamente foi a escrita. Sou bem suspeita quando se trata da escritora e sua habilidade em escrever. Contudo, em 'Rua sem Saída', me incomodou um pouco o abrupto final, ainda não sei se foi tão proposital assim, provavelmente, sim. Quem sabe a culpada foi eu por não entender piamente a mensagem passada. Creio que ainda vou matutar e muito o que li, enquanto isso dou duas estrelas pela história repleta de nuances e gatilhos, e uma por ter sido criada por ela, a minha Clarice Lispector da atualidade.