@flaviamaris06 31/12/2023
? ELA É TUDO QUE VOCÊ PENSOU QUE SERIA? A LIBERDADE?
Após os acontecimentos do primeiro livro. Theodosia está à bordo do navio pirata Fumaça. Muitas coisas mudaram em pouco tempo e a vida de Thora parece navegar seguindo os desejos dos outros. Ela é a rainha de um país invadido, e sem um exército para retomar o que é seu por direito. O que fazer? Para onde ir? Não é de se admirar que ela esteja desanimada.
Quando tinha 6 anos, Theodosia viu sua mãe, a Rainha do Fogo, ser morta pelo kaiser, soberano da Kalováxia, um país conquistador e invasor de várias terras. Ele a manteve prisioneira e manipulando-a por 10 anos, até que a corou como Princesa das Cinzas. O kaiser continua sendo uma força sobre sua vida, que agora corre perigo, já que ele a quer destruída e sem aliados. Sabendo que precisa reconquistar seu país, Thora dá ouvidos à sua tia, que sugeriu um casamento com um soberano rico, capaz de lhe conceder exércitos para reconquistar Astrea.
A ESPERANÇA É CONTAGIOSA. QUANDO SE TEM O SUFICIENTE, ELA SE ESPALHA NATURALMENTE.
Um fator muito interessante é que Astrea é um matriarcado. Não existem reis, apenas rainhas, que escolhe alguém para ser pai de sua filha, que será a futura soberana. A população de Astrea não é branca, tem menos preconceitos e se utilizam de magia, enquanto os kalovaxianos têm a pele e olhos claros, são bastante agressivos e querem utilizar a magia para seus próprios fins.
Muitos dos personagens estão bem construídos e são dignos de se acompanhar, como Artemísia, de longe a melhor do livro, melhor até que a protagonista. A autora apostou em personagens diversos, poderosos, mas pecou no desenvolvimento de alguns assim como a personagem, tudo bem que ela tem 16 anos, mas com tudo que ela passou, era esperado que ela fosse mais madura. E a tentativa de fazer um triângulo amoroso ali simplesmente não funcionou. Está sem graça, insípido, mal construído e toda vez que surgia eu meio que fazia leitura dinâmica, ela não sabe quem quer e a todo momento diz que gosta de um ou de outro.
Nem vou entrar na discussão do quanto Theo é boba a ponto de ser infantil, como quando ela vê um elevador e acha que vai ser emboscada pelas forças do kaiser. Pelamor, sabe? A garota soube lidar com pessoas perigosas por 10 anos, conseguiu escapar das forças do kaiser, mas vê um elevador e pira? Tudo bem ela ser inocente para uma série de coisas, mas foi demais, achei até engraçado kkkkk.
Ainda assim, o livro aborda temas interessantes, como a presença de campos de refugiados, tema urgente e presente na mídia e uma realidade para milhares de pessoas. Sta'Crivero, a nação que concordou em receber Theo, vive no luxo exagerado, enquanto os refugiados não têm nem o que comer. Foi muito legal a Theo ter se compadecido, mas também está de mãos atadas, sem poder para interferir. Ela vive um dilema: se casar e perder as características de sua terra natal, ou perder a chance de libertar seu povo da opressão?
O livro vai morno até bem perto do final quando, de repente, do nada, a autora resolve mostrar a que veio. Foi bem no finalzinho mesmo, dando uma reviravolta que vai acabar colocando Theo na presença de uma pessoa importante para sua vida e que tem destaque no primeiro livro. Isso me irritou muito, pois a autora tem poder de cativar e prender as leitoras, mas só escolheu fazer isso perto do final.
? ELA É TUDO QUE VOCÊ PENSOU QUE SERIA? A LIBERDADE?
É bem interessante tratar de guerra, ocupação e refugiados em um livro para jovens adultos. A autora conseguiu falar das desigualdades, das dificuldades dos sobreviventes, da destruição causada por forças invasoras e as consequências dessa invasão. Se no primeiro livro nós ficamos presas no palácio de Astrea junto de Thora, agora ela vai ver o mundo e perceber que a situação é bem mais grave do que achava antes.
Acho inclusive que a autora falou pouco sobre o assunto, ela poderia ter até explorado mais. Porém, a parte dos refugiados, foi bem elaborada. Ela fala das dificuldades do campo, de como pessoas de várias nações acabaram fazendo do campo um lar a contragosto, como a vida é difícil e insalubre em locais como esse. Espero que ela consiga expandir isso num próximo livro.