Irmão de alma

Irmão de alma David Diop




Resenhas - Irmão de Alma


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Bookster Pedro Pacifico 02/03/2023

Irmão de alma, de David Diop
Escolhido para o primeiro mês do Desafio Bookster 2023, o livro do autor francês criado no Senegal traz uma visão diferente sobre o tema da 1ª Guerra Mundial. Aprendemos nas escolas e em outros livros a partir da participação dos países europeus. No entanto, David Diop constrói um romance brutal centrado em personagens senegaleses, que são convocados a deixarem o seu país e lutarem contra os inimigos dos franceses. Eles não conhecem seu inimigo, mas são ensinados a cumprir com a única obrigação de matar.

A narrativa tem início com Alfa, atirador senegalês que perdeu seu amigo de infância no campo de batalha. Para honrar a morte de Mademba, Alfa desperta o que tem de mais selvagem dentro de si, matando e colecionando um prêmio para cada inimigo “do lado de lá”. Para descrever esse seu comportamento “vingativo”, o autor não poupa detalhes sangrentos e que revelam a brutalidade dos campos de batalha. É a morte que acompanha os dias de quem está na linha de frente da Grande Guerra.

Acompanhamos esse cenário de terror contaminando os pensamentos do protagonista, como se conduzisse Alfa a um estado de loucura causado pelo trauma. Estamos de frente com os pensamentos de Alfa que, como em uma espécie de confissão, repete várias vezes o que vem em sua cabeça. Todo esse processo acaba desaguando em um final com diferentes interpretações, o que confirma a riqueza na criação do autor.

Achei muito interessante conhecer essa perspectiva pouco contada na literatura que povoa as nossas estantes. A história trazida por Diop, e que venceu o International Booker Prize, é a história de dezenas de milhares de soldados convocados pela França em suas colônias, que eram iludidos pelas promessas de uma vida melhor. Há, ainda, a abordagem sobre a espiritualidade na cultura senegalesa, o que nos ensina muito sobre a força da relação entre Alfa e Madembe.

E para quem leu o livro, gravei um vídeo com dois convidados especialistas que está disponível no canal do Youtube. Não deixem de assistir!

Nota 9/10

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site: https://www.instagram.com/book.ster/
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Toni 10/07/2021

Leitura 40 de 2021

Irmão de alma [2018]
David Diop (França, 1966-)
Nós, 2020, 128 p.
Trad. Raquel Camargo

“Você vai descansar um mês fora da zona de combate e voltará novamente pronto para a guerra. Você deve prometer que em seu retorno não mais mutilará os inimigos, compreendido? Você deve se contentar em matá-los, não em mutilá-los. A guerra civilizada proíbe.” Estas palavras, ditas por um superior ao protagonista do romance, passaram a ser minha obsessão pelo resto do livro. Que belo conto de fadas esse que nos mentem vezes sem conta a história e os homens, sobre “guerras civilizadas”, limpas, necessárias, por Deus, pela pátria e pela família. E que grande ironia apontar no mutilador de cadáveres a monstruosidade, o inaceitável e desumano, quando poucas horas separam a fala acima da próxima ordem que engendrará a carnificina diária das trincheiras.

Irmão de alma é um livro belíssimo, muito merecedor do Booker International conquistado este ano. Centrado na participação de um contingente de senegaleses lutando uma guerra que poucos ali entendem, o romance é narrado por Alfa Ndiaye que anuncia, nas primeiras linhas, a morte no front de batalha de seu amigo “mais que irmão” Mademba. O trauma da guerra, tornado “mais que real” pela brutalidade do assassinato de Mademba, transforma Ndiaye em um sujeito cindido entre a tentativa de elaboração e as perdas dos muitos pedaços de si reconfigurados pela violência. O trauma, entendido como evento que vai além dos limites da nossa percepção, é brilhantemente transportado para a narrativa por meio de uma retórica circular, repetitiva e aprisionada no impacto traumático recalcado em busca de formas de se manifestar.

“Certos tipos de trauma que se abatem sobre os povos”, escreveu Toni Morrison, “são tão profundos, tão cruéis, que [...] apenas escritores são capazes de traduzi-los, transformando tristeza em significado e afiando nossa imaginação moral”. “Irmão de alma” é justamente o tipo de literatura com esse poder. Recomendo demais, e deixo aqui meu agradecimento à Raquel-Vizinha-Tradutora que me presenteou com esta lindeza. 🌻

#daviddiop #editoranos #irmãodealma #irmaodealma #bookerinternationalprize
Raquel 16/02/2023minha estante
Toni,
Sua resenha é brilhante. Tomei a liberdade de copiá-la, para eu ler quando quiser recordar a história.
Obrigada,
Raquel




Kaue Garcia 16/01/2023

Denso
Este ano decidi embarcar nos desafios do bookster e este é o primeiro livro de 2023, confesso que foi algo totalmente fora da minha zona de conforto (normalmente romances, fantasias e thrillers)! O livro apesar de curto, é denso, profundo, pesado ? em vários momentos tinha que parar a leitura para digerir o que estava acontecendo! É impressionante o quanto a guerra explora e transforma a alma humana, ainda mais numa situação como a vivida pelo protagonista do livro!
wtflaurete_ 16/01/2023minha estante
quero muito ler esse! sabe dizer a classificação??




Leila de Carvalho e Gonçalves 17/04/2022

?À Noite, Todos Os Sangues São Negros?
Durante a Primeira Guerra, a França recrutou aproximadamente 200.000 soldados de suas colônias, uma parte sob ameaça de perder suas terras e a outra iludida pela promessa de uma boa pensão e a cidadania francesa.

Em Irmão de Alma, vencedor do International Booker Prize, David Diopp aborda esse assunto, mediante a perspectiva dos ?chocolats?, africanos ocidentais, que tiveram suas vidas ceifadas ou alteradas, defendendo um país que jamais foi deles.

A história é narrada e protagonizada por Alfa Ndaye, um adolescente senegalês, que é convencido por Mademba Diop, seu amigo e irmão de criação, a tornar-se um tirailler, isto é, um atirador de baixa patente do exército francês. Resumidamente, a narrativa expõe como os horrores da guerra podem induzir à loucura, ao apresentar o dia a dia nas trincheiras, onde uns competem contra os outros, estimulados por um capitão que menospreza as vidas até de sua tropa.

?O capitão lhes disse que os inimigos tinham medo dos negros, dos canibais, dos zulus, e eles riram. Estão felizes porque o inimigo do lado de lá tem medo deles. Estão felizes em esquecer o seu próprio medo. Assim, quando eles surgem da trincheira, o rifle na mão esquerda e o facão na mão direita, projetam-se para fora do ventre da terra e colocam no rosto olhos de loucos. O capitão lhes disse que eram grandes guerreiros?, então eles morrem enquanto cantam, competindo entre si loucamente.

Num relato de vocabulário limitado e repetitivo, característico de quem conhece muito pouco o idioma que está falando, Ndyae compartilha primeiramente sua dor e o sentimento de culpa pela morte em combate de Mademba, colocando em pauta a eutanásia ou o homicídio por compaixão. Em seguida, ele revela seu ritual de vingança contra os inimigos, algo tão hediondo a ponto do jovem ser considerado um ?dëmm?, devorador de almas, e temido pelos seus companheiros.

Como ele mesmo reflete: ?A loucura temporária permite esquecer a verdade das balas. A loucura temporária é irmã da coragem na guerra. Mas, quando damos a impressão de sermos loucos o tempo todo, continuamente, sem pausa, aí assustamos, até mesmo os nossos amigos de guerra. Aí começamos a não ser mais o irmão coragem, o enganador da morte, mas o amigo verdadeiro da morte, seu cúmplice, seu mais que irmão.?

A escalada alucinatória de Ndyae conduz a narrativa para um impactante desfecho. Irmão de Alma foi inspirado no romance A Aventura Ambígua, de Cheikh Hamidou Kane, considerado um dos primeiros e mais extraordinários romances filosóficos africanos. Ele está indisponível em português, mas há material na internet para conhecê-lo e realizar a intersecção entre as duas obras, ou seja, a similaridade das trajetórias de Samba Diallo e Mademba Diop. Um assunto que remete a aculturação dos povos originários, aspecto que determina o destino dessas personagens. Inclusive, há uma frase bastante elucidativa do livro de Kane na epígrafe de Irmão de Alma: ?Sou duas vozes simultâneas. Uma se afasta e a outra cresce.?

No limite entre a civilização e a barbárie e com apenas 123 páginas, Irmão de Alma comprova que ?tamanho não é documento?, quando a pauta é a qualidade literária. Ao mesmo tempo, tratá-lo como ficção histórica é desmerecer seu alcance como uma contundente alegoria sobre a monstruosidade da guerra.

Como afirma escritora Micheliny Verunschk: ?O que os senhores da guerra fingem não saber é que não há força alguma que a guerra possa gerar. Nem econômica, nem política, nem pessoal. A guerra é uma ruína. E o que parece força, mais cedo ou mais tarde, revela sua face de fracasso. A pulsão de morte por ela representada é poderosa, claro, mas seus frutos sempre serão podres?.

Boa leitura! ??
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Laris 08/01/2023

Contado em primeira pessoa, vemos um recorte da primeira guerra mundial narrada pelo ponto de vista de um soldado africano que lutou pelos Aliados.
Ele tem um ritmo bem diferente pela escolha narrativa; várias frases se repetem ao longo do livro e as frases no geral são curtas. Mas é um livro angustiante, pesado, que mostra muito além dos horrores da guerra de trincheiras.
Foi uma experiência bem diferente pra mim, mas que gostei demais, e recomendo a leitura sem dar muitos detalhes porque, além de ser um livro difícil de descrever, ele me soou mais como um monólogo interno do que como uma sequência de acontecimentos.
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olivkholin 27/01/2024

Esse é um livro ficcional mas ao mesmo tempo muito realista sobre o que acontece nas trincheiras da guerra. É violento, pesado e sangrento, é sobre escolhas. O certo ou o errado para sobreviver, lutar pela promessa de um futuro melhor (uma ilusão).

O autor trata sobre soldados africanos lutando na Primeira Guerra Mundial pela França e enfrentando experiências sangrentas, de violência e perca da sanidade. A escrita do David Diop é interessante e fluída, eu gostei da forma como ele escreve sobre os pensamentos do protagonista (Alfa), as repetições e os fluxos de sentimentos e emoções junto com uma insanidade causada pelo trauma.

O final foi diferente do que eu imaginava. É um livro que vale apena ser lido.
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jdelisiario 08/01/2023

Irmão de alma
Primeira leitura finalizada do desafio bookster de 2023 e foi simplesmente brutal.

Uma história pesada que tem como palco e ao mesmo tempo plano de fundo, a guerra.

A sensação é de que com os acontecimentos fui enlouquecendo com Alfa, espero a resenha do Pedro Pacífico para ver se meu raciocínio faz sentido.

Não é um livro fácil, embora seja curto. Traz a realidade nua e crua da guerra.

#leituraTerapia
Bookster Pedro Pacifico 13/01/2023minha estante
Quase terminando? a resenha vem no final do mês!


jdelisiario 13/01/2023minha estante
??????




@buenos_livros 02/01/2023

?É isso a guerra: é quando Deus se atrasa na música dos homens, quando não consegue desemaranhar, ao mesmo tempo, as linhas de tantos destinos.?
-
. 01/2023
. Irmão de Alma (2018)
. David Diop ??
. Tradução: Raquel Camargo
. Romance | 126p. | Livro
. @editoranosbr
-
. Uma leitura potente que narra a participação de um jovem senegalês na Primeira Guerra Mundial e os desdobramentos psicológicos da morte do seu melhor amigo em batalha. Reconstruindo a história do protagonista desde a infância, se monta um retrato do personagem e da cultura tribal senegalesa da época, ao mesmo tempo que a sua saúde mental é abalada pelos horrores da guerra levando-o à um cenário de desumanização. Ótimo livro!
. ??????????
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Rodrigo1001 30/12/2023

Nem tanto ao céu, nem tanto à terra (Sem Spoilers)
Título: Irmão de Alma
Título original: Frère d'ame
Autor: David Diop
Editora: Nós
Número de páginas: 126

Irmão de Alma, do escritor franco-senegalês David Diop, venceu o International Booker Prize de 2021 e foi finalista do prestigioso prêmio Gouncourt, tendo levado também o Goncourt des Lycéens. Ambientado durante a Primeira Guerra Mundial, mostra o conflito pelo olhar de um soldado senegalês que vê seu melhor amigo ser morto, sofrendo as consequências psíquicas do trauma.

Em entrevista após a publicação do livro, David Diop disse que, "ao escrever Irmão de Alma, quis permitir ao leitor habitar a mente de um jovem africano, dar-lhe acesso direto à sua experiência de guerra. A escolha de uma narrativa de fluxo de consciência permitiu-me amplificar a voz interna deste jovem que, como todos os seus irmãos de armas africanos durante o período colonial francês, não tinha forma de se fazer ouvir".

Para mim, este livro é um grito visceral de um soldado que enlouquece em meio à brutalidade e à lama da guerra de trincheiras. Não me pareceu uma obra de protesto racial, mas antes um lamento sonoro contra as pressões capitalistas e desumanizantes que produzem uma guerra.

Lento e implacavelmente violento na primeira parte, a história assume uma nota pessoal mais interessante na segunda metade. A narrativa flui como se estivéssemos lendo a transcrição da mente de alguém, como se fôssemos meros expectadores. Nada ali é mutável pelos desejos do leitor.

Alerto, porém, que se você acha que deveria ler este livro simplesmente porque ele foi coroado com o Booker Prize, então você poderá ficar desapontado. Embora retrate tão bem a dura realidade da guerra, toda a história gira apenas em torno de alguns eventos relacionados com o protagonista principal e seu melhor amigo. Não há muita diversificação. É como se você estivesse com fome, mas só colocasse um pouquinho no prato para se alimentar.

No mais, com muitos termos e frases repetidas, não estranhe se você sentir uma leve irritação ao longo da leitura. Embora o tradutor tenha feito um ótimo trabalho, sinto que o autor exagerou nessas repetições que, por fim, cansaram mais do que qualquer outra coisa. É como dedilhar uma mesma tecla de um piano diversas vezes – já entendemos a nota, não é necessário estressá-la tanto.

De outro prisma, a impressão que tive é como se o conceito geral deste livro fosse algumas boas linhas de uma novela ou mesmo de um ensaio, e o autor tivesse que encontrar uma maneira de ampliá-lo. É um bom livro, mas mesmo sendo bastante curto, me pareceu longo demais, abordando os mesmos temas continuamente.

Tendo se revelado um livro unidimensional pra mim, a experiência de leitura não suplantou a expectativa de um livro tão premiado e consagrado. Fechei a última página crendo que as suas credenciais são, na verdade, um tanto quanto superestimadas. Ainda assim, recomendo este livro para qualquer pessoa que se interesse por livros de guerra e queira entender melhor sobre uma mente deturpada pelas misérias que ela causa.

Leva 3 de 5 estrelas.
edu basílio 30/12/2023minha estante
rods... com suas habituais elegância e "acuidade clínica" não apenas quando indica uma leitura, mas também nos casos em que a proscreve :-) delícia de resenha!
em tempo: essas repetições repetições repetições irritantes irritantes irritantes me fizeram levar mais de uma semana para ler um livreco de 64 páginas do nobelizado-caramelizado jon fosse, e chegar ao fim apenas saturado, irritado e aliviado (por ser o fim do livro, e fim eterno do meu contato com o autor).


Rodrigo1001 30/12/2023minha estante
Oi DuDu! Obrigafo pelo comentário. E, sim, te entendo perfeitamente. Além das repetições ad eternum, o excesso de violência me atrapalhou bastante nesse livro. Evisceramentos, explosões, decapitações... um livrinho de pouco mais de 120 páginas com o peso de 1 tonelada. Sobre o Jon Fosse, sua resenha ecoa outras similares que li por aí. O oba-oba do Nobel foi só isso mesmo: confetes. Em tempo, que 2024 traga a magia de livros que tirem teu fôlego e te façam amar cada página virada. Um super abraço carinhoso.


Débora 31/12/2023minha estante
Resenha, como sempre, magnífica, Rodrigo!!!?


Rodrigo1001 31/12/2023minha estante
Obrigado, Débora! Feliz 2024 pra vc e sua família!




Cacá 04/06/2022

Loucura
Livro maravilhoso, surpreende na forma da narrativa forte, sobre a loucura de uma guerra que não pertence ao narrador , mas que consome todos os seus sentimentos.
Fantástico !
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Leila 07/10/2022

Que livro destruidor!
Tem que estar preparado para ser dilacerado pela crueza da guerra (sempre) e pela nudez da alma do personagem. Forte, real e visceral ❤️
O livro se passa na Primeira Guerra, os personagens são dois irmãos de criação senegaleses recrutados. Um deles morre e o outro "sobrevive" assombrado pelas lembranças do irmão e pela sede de vingança, vira um "devorador de almas" e até seus companheiros passam a ter medo dele. Suas reminiscências são avassaladoras. As histórias e resgates dos povos originários entremeados no contexto vivido torna o livro muito bonito. A linguagem é diferente e pode causar estranhamento, mas eu acho que o livro vale a pena #ficaadica
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Gislaine 22/01/2023

Profundo e impactante
Um relato do front de batalha a partir do olhar de um camponês senegalês lutando pela França na 1o guerra.
Um misto da consciência de sua condição de arma humana lutando pelo seu colonizador e da insanidade causada pelos traumas que a guerra traz. Muito sensível, profundo e impactante.
Traz muitas reflexões que vão além dos aspectos óbvios da guerra e das história de vida anterior ao recrutamento.
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Helder 08/10/2022

A loucura e seus limites
Irmão de Alma é uma das boas surpresas deste ano para mim.
Incrível como em tão poucas páginas o escritor francês de origem senegalesa consegue nos levar para a crueldade da guerra de uma maneira que nos deixa sem chão.
O narrador do livro é Alfa Ndyaie, um negro jovem, belo e extremamente forte, que logo no primeiro capítulo já nos conta como seu melhor amigo, ou o irmão de alma do título, morreu na sua frente na primeira guerra mundial, quando ambos os senegaleses estavam lutando na guerra pela França.
Esta morte causa um trauma tão grande em Alfa que ele se torna um “devorador de almas”, que não vou descrever aqui o que seja, pois, a experiencia de descobrir em que isso consiste é visceral.
Numa guerra existem limites? O que é aceitável e o que pode ser visto somente como maldade gratuita? E quando uma atitude deixa de ser idolatrável e torna-se repugnante? E os limites para brancos e negros são os mesmos?? Qual o impacto de nossas crenças, diferenças sociais e até dificuldade de comunicação em um ambiente de guerra? E como um homem pode voltar normal de uma guerra tendo visto e feito tantas atrocidades?
Diop traz todos estes questionamentos em seu texto e ainda traz belos momentos que nos levam a conhecer a cultura do Senegal, quando Alfa conhece um médico, que com dificuldade em se comunicar, pede que ele lhe faça desenhos sobre seu passado.
Com estes desenhos vamos conhecendo a vida dos amigos antes da guerra até chegar em um final extremamente impactante, que mantem o livro com a gente mesmo após o fechamento da última página.
O que é real e o que é loucura?
Recomendo!


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Wercton 23/03/2023

Vingança, perda e a brutalidade da guerra
Pelas lentes do soldado senegalês e protagonista Alfa Ndiaye, mais do que o vil confronto externo, acompanhamos o turvo confronto interno de um homem marcado profundamente pela dor da perda de seu amigo mais próximo e sua subsequente deterioração mental.

Eu tenho um ponto fraco para histórias de guerra. É um período histórico cruel em que a humanidade esteve de face com o que há de mais bestial em si, houve uma banalização da vida onde milhares de jovens com uma vida inteira pela frente perdiam a vida a troco de nada. Esse livro lança uma luz sobre algumas dessas vidas, o sofrimento psicológico, mais do que o físico, imposto à esses soldados.

Deixo de recomendação o pesado filme "Nada de Novo no Front" (2022), que mostra o 'lado de lá', colocando rosto em alguns dos jovens alemães com os quais Alfa Ndiaye confrontou.
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