Janaina.Leme 13/10/2020Muita beleza e romance do sul ao centro-oeste do BrasilAo ler Sol e Sombras, de Aliel Paione, parti da premissa de não buscar nada a respeito antes de começar a leitura, segui para desvendar o que o autor propunha na obra.
Passamos o grande primeiro capítulo conhecendo João Antunes e sua família, moradores da Estância de Santos Reis, no Rio Grande do Sul, administrada pelo pai de Getulio Vargas. João nasce e cresce na cidade, se torna um exímio capataz e exemplar boiadeiro, mas quer mais do que isso, quer mais do que sua família pode lhe proporcionar.
Deixa sua família e sua namorada na cidade e parte para Cavalcante, em Goiás, atrás do Garimpo. Essa foi a maneira que João Antunes colocou na cabeça que ia ganhar dinheiro e assim foi.
Os cenários do livro são detalhados com precisão, principalmente porque se passa no começo do século dezenove e precisamos dos detalhes para nos ambientalizar. Há passagens por Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo e Goiás.
O autor capricha também nos detalhes das cenas dos encontros amorosos e são muitos ao longo da história, sempre tendo João Antunes como o personagem principal de toda a trama.
Levando em consideração que boa parte dos principais personagens são brancos e “lindos”, como descrito pelo autor, a diversidade fica por conta dos secundários, com exceção de Marcos “Cocão” que não consideramos como secundário, mas que não ficará por muito tempo na trama (tentando não dar spoilers).
Na opinião de “Eu Já Estive Em”, Santinha e Cocão foram os melhores personagens, apontando outros “ares” para a obra, quebrando a branquitude e trazendo à tona a diversidade, mesmo que dentro de todo o preconceito que ainda era mais forte décadas atrás. Claro que o preconceito existe nas nossas vidas até hoje, mas acreditamos que agora, pelo menos, temos mais espaço de fala.
O livro também entra brevemente em política, já que Getúlio Vargas passa de leve pelos capítulos. A breve convivência de João Antunes com Vargas em pequenos encontros, despertou no personagem o interesse pela política, mas ela só vai voltar a ser citada na amizade de Antunes com o professor Carlos Val de Lanna, do qual separamos a citação: “O que é certo é que o Brasil precisa cuidar melhor do seu povo, mudar sua estrutura social e acabar com essa desigualdade absurda”.
Ao nosso ver, o forte de “Sol e Sombras” é o romance já que toda a trama principal está envolta aos casos amorosos de João Antunes e sua beleza. Não enxergamos o personagem como um “belo convicto”, alguém que use de sua beleza para conseguir as coisas, achamos que ao contrário: ele acaba sendo vitima das situações, mesmo que saindo com o bolso cheio e muitas mulheres.
Além do romance, de quebra o leitor consegue ter uma pincelada de política, geografia, história um pouco de homossexualidade abordados ao longo dos capítulos. Vale destacar que os capítulos não seguem uma lógica. Uns são extremamente grandes e outros bem pequenos.
“Sol e Sombras” é o segundo volume da Trilogia do Sol. O primeiro chama-se “Sol e Sombras em Copacabana” e o terceiro, “Sol e Solidão”. O autor, Aliel Paione, é engenheiro e mestre em Ciências e Técnicas Nucleares pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde lecionou no departamento. Trabalhou com salvaguardas nucleares na estatal Nuclebrás e foi professor de Física na PUC Minas. Diz o autor que considera sua formação técnica um equívoco. Ao seu ver cursos técnicos são estéreis e se esvaecem perante as emoções de dois seres apaixonados vivendo um instante inesquecível.
E essa última frase é possível ser sentida várias vezes durante Sol e Sombras. Com 431 páginas, é editado pela Editora Pandorga e à venda na Amazon. Acreditamos que os livros possam ser livros todos separadamente porque lemos somente o segundo e não interferiu em nada por aqui :)
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