Ana Júlia Coelho 22/04/2024O capitão de uma embarcação, durante uma expedição até o ponto mais gelado do mundo, encontra um homem no mar congelante. A figura não quis parar e seguiu seu caminho. Qual não foi a surpresa do capitão quando, em seguida, aparece outra pessoa. Essa decide embarcar e contar sua história.
Dr. Frankenstein fez algo inimaginável, algo deplorável: criou um monstro usando partes de outros corpos. E são seus receios e arrependimentos que ele divide com o capitão. Por sua vez, o capitão escreve cartas relatando essa história arrepiante para sua irmã na Inglaterra. Sim, um bando de fofoqueiro.
Sem querer generalizar, posso afirmar tranquilamente que 90% da história que acompanha Frankenstein e o capitão (que foi tão chato que nem lembro do nome e não vou me dar ao trabalho de procurar) é um porre. O livro começa muito devagar e sem graça, ganha muito mérito a partir do momento em que o monstro passa a narrar, e volta a ficar enfadonho. Uma ilustração ou outra incluída ao longo das páginas deixa a história um pouco mais interessante, já que me fez ler menos linhas.
Eu não conhecia a história de Frankenstein e fiquei muito surpresa com os pensamentos do monstro. Esperava algo bem sanguinário, bem terrorzão mesmo, com vários assassinatos hediondos e vítimas sofrendo, mas recebi uma reflexão sobre julgamentos e pertencimento. O monstro só queria se sentir amado e valorizado por seu coração que, diga-se de passagem, era extremamente bom, melhor que o de muita gente por aí. Me doeu muito ler o relato de como alguns personagens trataram esse indivíduo apenas por seu aspecto cadavérico e repugnante – poxa, gente, pra quê, né? O anseio de ser amado e a falta desse retorno por parte das outras pessoas o transforma, forçadamente, em um monstro propriamente dito, mesmo que ele odeie essa sua nova versão.
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