/https://skoob.s3.amazonaws.com/livros/11611593/CONTOS_159913987711611593SK1599139878B.jpg "Contos")
Contos
Clássicos da Literatura Unesp
Guy de MaupassantResenhas - Contos
2 encontrados | exibindo 1 a 2
/https://skoob.s3.amazonaws.com/usuarios/1729027/1729027SK-V11713564683G.jpg){kind=small}
Diego Rodrigues 15/12/2023
"Como é profundo esse mistério do Invisível! Não podemos sondá-lo com nossos sentidos miseráveis..."
Meu único contato com a escrita Maupassant até então se resumia ao conto "Uma vendeta", que li em uma coletânea de horror. Não digo que morri de amores pela narrativa, mas foi o suficiente para despertar a minha curiosidade em relação a outras obras do autor. Logo, essa concisa compilação de contos veio bem a calhar. Com tradução e notas de Fabio Stieltjes Yasoshima, o volume integra a coleção "Clássicos da Literatura UNESP" e reúne oito narrativas escritas entre 1880 e 1887.
Tendo prostitutas, soldados, cães de rua e corações solitários como protagonistas, são histórias que configuram uma verdadeira radiografia do espectro social da França de fins do século XIX, evidenciando as mazelas dos desvalidos e as hipocrisias da burguesia. O contexto da Guerra Franco-Prussiana também ganha destaque, aparecendo como pano de fundo em várias dessas narrativas. Vale lembrar que Maupassant foi voluntário nessa guerra, então é natural que não ficasse indiferente. Dos contos aqui reunidos, dois particularmente me chamaram a atenção. Não por acaso, são aqueles que lidam com questões mais existencialistas. Abaixo falo um pouco mais sobre eles.
"Miss Harriet" narra o "quase amor" entre um pintor itinerante e uma mulher de meia idade que nunca conheceu o amor. Eles se conhecem em uma estalagem em meio à natureza, mas Harriet não é bem vista pela população local. Estrangeira, é vista como uma solteirona de hábitos estranhos, uma mulher "demoníaca". O único que se aproxima dela é o pintor, mas ele só parece se dar conta do que ela sentia por ele quando já é tarde demais. Narrativa extremamente triste e comovente sobre os infelizes que não encontram o amor em sua passagem pela terra.
Já "O Horla" nos apresenta o diário de um homem atormentado. A narrativa se dá no melhor estilo Lovecraft e mescla elementos de horror com nuances psicológicas. Também me remeteu muito aos clássicos machadianos, como "O alienista" e "O espelho". É um daqueles contos que se torna impossível de largar depois que se inicia a leitura e que nos deixa com a clássica questão: o que acabou de acontecer aqui foi fruto da loucura ou obra do sobrenatural?
Foi uma leitura muito prazerosa e reflexiva. Maupassant tem um jeito de narrar muito leve e envolvente, ao mesmo tempo em que consegue tratar de temas sociais e existenciais de forma muito inteligente e penetrante. Sempre digo que começar pelos contos é a melhor forma de se conhecer um novo autor e essa leitura veio pra reafirmar isso. Mais um francês lido e mais um para a lista dos escritores que preciso ler mais.
site: https://discolivro.blogspot.com/
"Como é profundo esse mistério do Invisível! Não podemos sondá-lo com nossos sentidos miseráveis..."
Meu único contato com a escrita Maupassant até então se resumia ao conto "Uma vendeta", que li em uma coletânea de horror. Não digo que morri de amores pela narrativa, mas foi o suficiente para despertar a minha curiosidade em relação a outras obras do autor. Logo, essa concisa compilação de contos veio bem a calhar. Com tradução e notas de Fabio Stieltjes Yasoshima, o volume integra a coleção "Clássicos da Literatura UNESP" e reúne oito narrativas escritas entre 1880 e 1887.
Tendo prostitutas, soldados, cães de rua e corações solitários como protagonistas, são histórias que configuram uma verdadeira radiografia do espectro social da França de fins do século XIX, evidenciando as mazelas dos desvalidos e as hipocrisias da burguesia. O contexto da Guerra Franco-Prussiana também ganha destaque, aparecendo como pano de fundo em várias dessas narrativas. Vale lembrar que Maupassant foi voluntário nessa guerra, então é natural que não ficasse indiferente. Dos contos aqui reunidos, dois particularmente me chamaram a atenção. Não por acaso, são aqueles que lidam com questões mais existencialistas. Abaixo falo um pouco mais sobre eles.
"Miss Harriet" narra o "quase amor" entre um pintor itinerante e uma mulher de meia idade que nunca conheceu o amor. Eles se conhecem em uma estalagem em meio à natureza, mas Harriet não é bem vista pela população local. Estrangeira, é vista como uma solteirona de hábitos estranhos, uma mulher "demoníaca". O único que se aproxima dela é o pintor, mas ele só parece se dar conta do que ela sentia por ele quando já é tarde demais. Narrativa extremamente triste e comovente sobre os infelizes que não encontram o amor em sua passagem pela terra.
Já "O Horla" nos apresenta o diário de um homem atormentado. A narrativa se dá no melhor estilo Lovecraft e mescla elementos de horror com nuances psicológicas. Também me remeteu muito aos clássicos machadianos, como "O alienista" e "O espelho". É um daqueles contos que se torna impossível de largar depois que se inicia a leitura e que nos deixa com a clássica questão: o que acabou de acontecer aqui foi fruto da loucura ou obra do sobrenatural?
Foi uma leitura muito prazerosa e reflexiva. Maupassant tem um jeito de narrar muito leve e envolvente, ao mesmo tempo em que consegue tratar de temas sociais e existenciais de forma muito inteligente e penetrante. Sempre digo que começar pelos contos é a melhor forma de se conhecer um novo autor e essa leitura veio pra reafirmar isso. Mais um francês lido e mais um para a lista dos escritores que preciso ler mais.
site: https://discolivro.blogspot.com/
/https://skoob.s3.amazonaws.com/usuarios/8216901/8216901SK-V11664288215G.jpg){kind=small}
2 encontrados | exibindo 1 a 2
Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a
Política de Privacidade.
ACEITAR