Tender Is the Flesh

Tender Is the Flesh Agustina Bazterrica




Resenhas -


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Beatriz 16/09/2021

distopia fantástica!
a premissa já é muito interessante; os animais carregam um vírus q se entrar em contato com humanos leva a morte, então os animais passam a ser quase inexistente aq pq são mortos por todos, inclusive por seus próprios donos. e como todos sabem, nós necessitamos de carne (nao é atoa q veganos substituem com comprimidos) e como solução o governo legaliza o canibalismo. tem literalmente açougues vendendo, braços, penas, rins, etc, e comerciais na tv falando pra consumir ?carnes especiais?.
não falarei mais nada da sinopse, e também nao leiam, vão sem saber qm vamos acompanhar, será mais surpreendente.
costumo gostar bastante de livros q provocam sensações em mim durante a leitura, com esse eu fiquei assustada pq isso não é tão distante da realidade, acredito sim q seríamos capazes de normalizar esse tipo de coisa. e acompanhar a trajetória de Marcos nos mostrando esse universo, foi estranhamente curioso, assustador, e muito bem apresentado.
por falta de discernimento, chegam a chamar humanos de cabeças, carnes especiais ou dão apelidos em inglês pra dedos para poder separar as coisas e nao ficar tão ?real?. torturam, tem mercado negro, usam crianças, caçam, e comem pessoas no jantar como se não fosse nada. a partir dessa perspectiva, pode tirar várias reflexões, talvez aprendizado, ?imagino esse livro sendo recomendado por professores para debater sobre moralidade, ética, e principalmente o veganismo.
é narrado em terceira pessoa, bem linear com uma escrita boa q prende desde o começo. cumpre com excelência oq é proposto, mas deixa a desejar no aprofundamento dos outros personagens, como a esposa do protagonista ou a mulher do açougue, e também poderia tirar uma crítica de q é possível viver sem consumir carne, visto q o protagonista passa a maior parte do livro sem. independente disso, não foi algo q me incomodou totalmente. o final foi impactante e até previsível q msm assim adorei o rumo q tomou.
eu recomendo demais, mas avisando q tem gatilhos como: assassinato, canibalismo (avakk), tortura de animais, abuso de vulnerável, citação de pedofilia e possível necrofilia.


??spoilers??
qnd marcos ganha uma cabeça de presente, e começa a usá-la (lembrando q ela não tem consciência, ou sequer voz para poder impedir) foi mt inesperado, achei q ele fosse uma pessoa ?correta? pq ele nao compactuava com o canibalismo dps q seu filho morreu. fiquei extremamente chocada qnd ele engravida ela, e depois mata como se não fosse nada. eu pensei q ele gostava dela, mas não, era so por causa da criança msm. ja sabia q isso podia acontecer, cheguei a pensar q ele fosse comê-los ja q ele tava se comportando de um jeito bem estranho. fica a pergunta, ele vai conseguir esconder a criança por mt tempo?? sera q ele fará alguma coisa com Cecília para q ela nao conte a ninguém??? esse livro é maravilhosooo fiquei bem chocada, então eu gostei e mttt.
znyx 26/09/2023minha estante
Na verdade humanos podem sobreviver muito bem sem carne (melhor até), sem precisar de nenhum comprimido pra substituir a carne. Só proteínas vegetais (como feijão, soja ou grão de bico) já são suficientes. ???


Valdenia7 31/01/2024minha estante
"não podemos viver sem carne" podemos muito bem até kkkkkkkkkk


Beatriz 31/01/2024minha estante
Simmm, qnd escrevi nao tinha me aprofundado no assunto. Hj nem consumo carne oia a ironia kjjskskk


Valdenia7 01/02/2024minha estante
que massa!!!!!!! Parabéns por isso.




Maritania.Dalposso 18/10/2023

That?s easy meat, with a first and last name
O livro se passa em uma sociedade distópica, após a disseminação entre os animais de um vírus mortal para os seres humanos, o que fez com que todas as outras espécies tivessem que ser erradicadas.

Como o consumo de carne de animais não era mais possível, pessoas começaram a ser atacadas na rua por grupos que praticavam canibalismo. Devido a pressão social, o consumo de carne humana passou a ser uma prática legal e regulamentada, em um período que ficou conhecido como "Transição" (parece que sermos vegetarianos nunca foi uma opção aqui).

"They adapted the processing plants and regulations. Not long after, they began to breed people as animals to supply the massive demand for meat."


Acompanhamos os relatos dessa mudança pelo ponto de vista do Marcos Tejo, gerente de uma das plantas de processamento, que entre outros problemas, está passando por um momento difícil no casamento devido à perda do filho.

A primeira parte do livro tem como ponto central da narrativa o mundo distópico criado pela autora, sendo que os dramas pessoais vividos pelo protagonista acontecem quase como um pano de fundo. Apesar dessa centralização do universo, senti que não houve aprofundamento, foi uma construção mais superficial, com muito foco para as cenas mais repugnantes e chocantes e menos esforço em realmente construir esse mundo.

Inicialmente a leitura foi penosa para mim por conta das cenas gráficas pesadas. Eu conseguia ler umas 10 páginas antes de deixar esse livro de lado (e ficar pensando nele pelo restante da semana). Mas não foram apenas as cenas cruas que me deixaram desconfortável, o que impacta também é a dissociação do que é um ser humano, que pode ser tanto um consumidor quanto uma "cabeça" no abatedouro.

"Before long, people began to ask for front or hind trotters, using the cuts of pork to refer to upper and lower extremities. The industry took this as permission and started to label products with these euphemisms that nullified all horror."


A autora deixa explícito a banalidade com que a sociedade encara essa mudança, com uma mistura de alienação e hipocrisia, e ainda traz uma reflexão sobre como nos acostumamos até com as coisas mais brutais e insanas, relatando cenas de exploração humana como um produto de consumo que são aceitas com extrema rapidez e naturalidade.

?But then why do you consider it atrocious?
Because it is. But that?s what?s incredible, that we accept our excesses, that we naturalize them, that we embrace our primitive essence.?


Durante a narrativa são mencionadas algumas vezes e de forma breve uma teoria da conspiração onde, supostamente, não haveria nenhum tipo de vírus nos animais e tudo não passaria de manipulação do governo. Achei desnecessário, uma vez que o tema não foi desenvolvido, apenas jogado ao vento para temperar algumas cenas. Também não temos informações suficientes sobre o governo ou os fatos que iniciaram a "Transição" que justifiquem o motivo para a origem dessas teorias, que seria algum tipo de controle populacional.

Quanto ao governo, existem indícios de totalitarismo. É descrito um toque de recolher e são listados vários termos proibidos de uso relativos à transição, que podem te levar direto para o abatedouro municipal (lembrando obras clássicas do gênero).

A autora também não nos situa muito bem no tempo, mas acredito que tenham se passado 20 anos do início da "Transição", uma vez que os sobrinhos adolescentes do Marcos não conhecem o sabor da carne animal. Neste ponto todo mundo já está habituado e acostumado com a mudança, mas o mundo antigo ainda não foi completamente esquecido (achei bem tocante o capítulo com os idosos na casa de repouso olhando os pássaros que restaram pela janela).

Um ponto de reconhecimento para a autora é a fidelidade com que descreve os processos de um abatedouro, demonstrando que fez uma pesquisa muito bem feita sobre o funcionamento de plantas de processamento e legislações da área. Ela abordou o que seria o nosso equivalente a bem estar animal, boas práticas de fabricação, requisitos microbiológicos e de qualidade. Temos uma cena onde é avaliada a qualidade das peles, e são mencionados padrões de manejo e processamento que impactam diretamente no valor agregado final do produto, indicando quais "cabeças" seriam mais valiosas e por isso deveriam contar com cuidados extras (impossível não parar um momento para refletir aqui).

Inicie esse livro sabendo que se tratava de uma distopia, e com o andamento da história e as escolhas do personagem, acreditei que teria outro final. Porém a conclusão foi rápida, pouco plausível e completamente diferente do que eu esperava.

Quando li a sinopse do livro fiquei bem interessada pela leitura, contudo o final ruim e a ambientação que não foi bem trabalhada ao longo da narrativa prejudicaram a experiência. A todo momento eu sentia como se a obra estivesse inacabada, com saltos e lacunas a serem preenchidas. Acredito que seja um livro curto demais para a proposta.
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Queria Estar Lendo 22/02/2022

Resenha: Tender is the Flesh
Tender is the Flesh foi uma leitura desafiadora que resolvi fazer porque ele entrou no Kindle Unlimited. Esse horror distópico foi escrito por uma autora argentina, e fala sobre um futuro onde o consumo de carne humana passou a ser permitido por lei.

Na história, acompanhamos Marcos, cuja carreira segue o ramo do abate de humanos. Neste futuro, um vírus cobriu todos os animais do mundo e tornou suas carnes mortais para a humanidade; a partir daí, os governos resolveram liberar o consumo de carne humana de maneira "organizada", e se construiu um mundo onde imigrantes, moradores de ruas, classes sociais mais baixas e outros subjugados pela sociedade passaram a ser tratados como pedaços de carne. Não mais humanos, meros produtos para que a vida possa prosseguir a partir deles.

Deixo aqui o aviso de conteúdo de que Tender is the Flesh é um livro perturbador. Ele foi feito para isso. É uma distopia que discute consumo e a presença constante da indústria agro ditando o ritmo do mundo, fazendo um paralelo nesse futuro terrível; ela não é uma história sobre revolução, sobre crescimento, sobre rebeldia. É uma história nua e crua sobre o pior da humanidade.

Tem gatilhos de canibalismo, violência extrema, gore, estupro, menções a pedofilia, crueldade animal e outras temáticas carregadas. Leia apenas se tiver estômago e cabeça para lidar com os temas que ela critica.

O livro de Agustina Bazterrica já começa com um soco na cara, que é justamente para ditar o peso da trama. Marcos vai até o abatedouro, e sua visão nos apresenta o local onde trabalha, onde as peças de carne - porque jamais são tratados ou chamados de humanos, para evitar a humanização e, consequentemente, o peso da culpa - são tratadas. Desde o abate até a distribuição. O trabalho de Marcos é lidar com diferentes tipos de problemas naquele ramo, e ele é bom no que faz.

Marcos é um protagonista vazio. Diferente daquele que acompanhamos em 1984, de George Orwell, não é possível torcer por Marcos; não tem humanidade dele, assim como não há humanidade no resto do mundo.

O que eles se tornaram a partir do momento em que os governos tornaram legal o canibalismo é uma sombra de crueldade disfarçada de sobrevivência.

Marcos está sozinho em casa, desde que a esposa se mudou, perturbada pelo luto com a morte do filho pequeno. Distante de tudo e de todos, com apenas a sua mente o acompanhando, é possível sentir que muito do que Marcos era já se foi.

Ou, vai ver, ele sempre foi assim. Parte da sombra que é esse novo mundo. No começo, não tão abertamente cruel quanto outros personagens, como donos de indústrias que veem o lucro acima de qualquer coisa, como caçadores que finalmente podem aproveitar seu sadismo de acordo com a lei.

Mas é um personagem vazio de reação. Tão desprezível quanto o mundo ao seu redor por isso.

Quando ele recebe o "presente", uma humana que foi criada para abate, para fazer com ela o que quiser, ele entra em conflito. Um conflito perturbado, abusivo, nojento. Não dá para lê-lo com empatia; não dá para sentir por Marcos nada além do horror que sentimos pelo resto do mundo.

Tender is the Flesh é sim uma história perturbadora, mas é também uma história que te coloca para pensar. E muito. Os paralelos dessa sociedade canibal com a nossa, com o consumo desenfreado de carne, é assombrosamente verdadeiro; é impossível não substituir as pessoas nas fábricas de carne por bichos sentenciados ao mesmo tipo de des-vida (porque não dá para chamar criação para abate de qualquer coisa além disso).

É desumano, e é ainda mais macabra a maneira com que eles tratam essa situação. Como eu disse, os governos clamam que é pura sobrevivência, mas será mesmo? Com os ricos caçando humanos por esporte? Com as carnes sendo produzidas a partir de imigrantes, classes mais baixas, pessoas criadas desde a infância para servir a mesa da família com mais dinheiro para pagar por ela?

Não seria mais fácil substituir a carne por outros alimentos, como qualquer pessoa vegana e vegetariana faz? Por que a indústria agro não parou, por que os governos permitiram que tamanho massacre fosse normalizado?

São questões que permeiam a história e a nossa cabeça conforme a trama se desenvolve, e ficam com a gente com o fim. E que fim. Se você espera revoluções ou uma pontinha de esperança, esse não é o livro; como eu disse, ninguém aqui é decente.Os poucos que são, desapareceram do radar por isso. Esse é um mundo que achou tudo bem, em prol da "sobrevivência", comer outras pessoas. Esse é um mundo perverso.

Tender is the Flesh é a versão traduzida do original da autora argentina; para quem está um pouco acostumade a ler em inglês, vai fácil. Achei a leitura super fluída, com uma tradução boa. Os capítulos são curtos, então não enrosca em momento algum. E é simplesmente impossível parar de ler, porque você quer entender, quer saber o que vai acontecer - e, quando chega ao fim, fica com uma sensação pesada no estômago.

Porque esse não é um mundo que pode ser salvo ou resgatado. Eles já atingiram o fundo do poço, e dali só podem cavar mais para baixo.

site: https://www.queriaestarlendo.com.br/2022/02/resenha-tender-is-flesh-agustina.html
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Daisy 08/03/2023

Que foi isso?
Uma premissa muito interessante que supera a expectativa da nojeira e, principalmente, da crueldade.
Agustina priorariza o wordbuilding e deixa um pouco a história ao abandono. Claro que o que te atrai nessa história é o mundo, mas se isso não vier acompanhado por um plot não é muito apelativo para mim. Basicamente, por cada 10 páginas de um assunto qualquer de canibalismo, há 2 de reflexão sobre o pai e 1 com o plot em si. Parece que a autora queria despachar as paginas de plot para poder voltar para a worldbuilding.
Isto contribuiu para uma história episódica. 80% do livro parece uma vistia de estudo a esse mundo do inferno.
E as personagens secundárias não eram personagens com opiniões diferentes, elas eram apenaa representações de diferentes opiniões que nada ou pouco contribuiram para a história.

O final foi um estalo na cara.
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schibia 07/12/2022

falta de profundidade, ótimas cenas para causar desconforto
Tender is the flesh é um livro sem muita explicação, que não se importa muito com detalhes e explicações lógicas, o que foi a parte que mais me incomodou no livro. A autora falha em construir a história e os arredores do livro de uma forma sólida, não se incomoda em explicar melhor sobre a Transição que, apesar do nome, da a impressão de ter acontecido da noite pro dia pela falta de profundidade nas poucas informações fornecidas.
No entanto, a autora faz um bom trabalho em mostrar situações absurdas e causar desconforto com cenas de maus tratos a animais e pessoas desumanizadas. Do meio pro final do livro a falta de detalhes passa a ser menos importante pela quantidade de acontecimentos, e a escrita fica bem fluída.
Eu teria gostado muito de ver certas personagens serem mais bem desenvolvidas, porque acho que o final teria um peso maior se uma personagem específica tivesse mais espaço durante o livro, enquanto outros personagens pareciam estar lá só pra encher linguiça (pun not intended) mas mesmo assim tiveram mais espaço no livro.

Como vegetariana, não pude evitar de enxergar comparações ao ler o livro, e acho que foi uma ótima escolha da autora não tentar esfregar na cara dos leitores o quanto aquelas atrocidades fazem parte do nosso dia a dia e da nossa dieta ao consumirmos carne. A reflexão fica a cabo do leitor e acho que isso foi uma boa decisão.

mas enfim, apesar de ser um bom livro eu não leria de novo, e recomendaria só pra pessoas específicas. se você gostou do filme "Raw" e não sentiu nojo e nem vontade de parar de ver, talvez goste desse livro kkkkkk
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Luisa 01/05/2022

citando isabela boscov: "achei insuportável com todo o respeito o carinho"
misericórdia.
caí nessa por recomendação (sou vegetariana desde muito nova e pesquiso sobre antropofagia e canibalismo nas horas vagas). tinha muitas expectativas e nenhuma foi cumprida.

eis os porquês dessa leitura não ter sido das mais agradáveis pra mim:

- o protagonista é insuportável: tudo bem que ele tem um emprego difícil e já sofreu bastante, mas nada justifica ser tão apático. passei a maior parte do livro pensando "não é possível que esse homem não goste de nada nem ninguém", pouquíssimas vezes consegui me conectar com ele;

- o livro parece ter sido escrito no auge do tumblr em 2013, num blog de superwholock (nada contra). isso me incomodou demais. o texto é cheio de frases de efeito, é tudo tão edgy...

- em várias partes senti que os diálogos eram muito artificiais, principalmente em cenas onde alguém explica como funciona a indústria da "carne especial". vi outras resenhas dizendo que isso é subestimar a inteligência do leitor e concordo - acho que existem jeitos melhores de deixar a gente saber como são as coisas nesse mundo;

- alguns personagens são absurdamente caricatos e a representação deles é no mínimo de mau gosto. é sério, tô até agora na dúvida se realmente foi racismo da parte da autora ou se foi intencional e eu é que tô lacrando sem necessidade.

mas no geral, o livro cumpre o papel de entreter e prende o leitor pela curiosidade. o ritmo da escrita muda drasticamente nos 45 do segundo tempo, então senti que os últimos capítulos ficaram meio desconectados do resto da história. mas no geral, achei a construção de mundo bem feita! não fiquei tão chocada com as descrições do abate porque já estou um pouco acostumada com o gênero, mas tem cenas que são extremamente gráficas. não é pra todo mundo. não recomendaria por medo de acharem que eu sou fria e calculista
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Sabrina758 29/06/2022

Nessa narrativa sinistra e perturbadora, vamos conhecer este novo mundo onde o consumo de carne humana é legalizado e naturalizado na sociedade. Devido a uma epidemia viral, os animais se tornaram uma ameaça aos humanos. Com isso, além dos animais criados para o consumo, os outros também oferecem risco e foram alvejados, muitas vezes de forma cruel.
Pela perspectiva do protagonista, Marcos, que trabalha diretamente com a indústria e carregamento de carne humana, vamos conhecer algumas áreas e como acontece a produção e o uso delas. Nesse meio tempo, vamos tendo o desprazer de eventos absurdos, traumáticos e cruéis acontecendo. Não há qualquer prova de que o vírus realmente exista, mas essa nova forma de viver já está completamente estabelecida e as pessoas pararam de questionar há anos. A indústria bilionária de agropecuária precisava sobreviver e o governo embarcou junto, mas quem pagou por tudo isso? Pobres, imigrantes, pessoas a margem da sociedade, foram os primeiros a morrerem e virarem comida.
Com isso, o índice populacional diminuiu, a pobreza e a criminalidade também, mas custou a vida de muitos inocentes. Simplesmente decidiram que a sociedade deveria se dividir em quem é produto e quem consome. Há toda uma desenssibilização, e aqueles que viraram alimento já não são mais visto como humanos, mas bichos. O vocabulário foi todo alterado para que não se correlacione estes seres a pessoas. Com isso, a perversão e crueldade de tantos tem aval. Além da indústria alimentícia, vemos os grandes criadouros, laboratórios que usam "pessoas" para testes, indústria de couro, arenas de caça, bordéis onde você pode ter relações sexuais (muitas vezes estupro mesmo, e pedofilia) e pode pagar para comer a pessoa depois.
Marcos é um protagonista que quase não está lá, tamanho é o vazio e inação dele perante as coisas, mesmo àquelas que o causa repulsa. Desde a infância, ao perder a mãe, ele ficou diferente. Após ao que eles chamam de "Transição", quando o consumo de pessoas passou a ser legal, o pai dele, que era dono de uma das mais prestigiadas empresas de criação de animais, não suportou essa mudança e foi diagnosticado com demência, causando mais uma perda simbólica na vida de Marcos. Para conseguir sustentar o pai na casa de repouso, ele se torna o braço direito de uma das empresas mais reconhecidas de "carne especial".
Casou-se e teve um filho com uma das enfermeiras que trabalhava na casa. Mas, um dia, o filho tem uma morte súbita. Com isso, a vida e o casamento de Marcos se deterioram mais ainda e ele segue vivendo dormente, um dia após o outro, fazendo um trabalho que não gosta porque paga a suas contas e ele é bom no que faz. Enquanto a esposa começa a morar com a mãe devido ao trauma da perda do filho, ele ganha uma "espécime" de presente, onde ela deveria virar churrasco ou uma fonte extra de dinheiro, ele começa a tratá-la de forma digna, cometendo várias infrações que poderiam levá-lo a morte pelo Governo. Com o privilégio de sua posição no trabalho, ele continua a fazer coisas que não deveria, dando um nome a essa mulher e a engravidando. Daqui pra frente é só pra trás. O falecimento do pai de Marcos, as desavenças com a irmã que nunca se importou com nada, infringido a lei para poder esconder a fêmea carregando o seu bebê, o parto e o retorno da esposa. Uma completa loucura, e eu não conseguia parar de ler.
Resumidamente, é um mundo que não tem mais volta. O que é moral? ética? compaixão? Todos os limites e barreiras já foram ultrapassados aqui. As pessoas que protestaram acabaram sofrendo "acidentes" oportunos ou somem. Ao restante, passada a histeria coletiva, o que sobra é seguir e aceitar esta realidade. Tornaram-se pessoas desconectadas e insensíveis, que não se importam com nada ou que simplesmente seguem o que todo mundo tá fazendo. Mas também temos a presença daqueles que sabem exatamente o que fazem e gostam, que se beneficiaram de tudo. Gozam disso, desse poder.
Um livro, sem sombra de dúvidas, muito bem escrito e que podemos fazer paralelos e refletir sobre tantas coisas na nossa realidade. Será mesmo que não havia jeito de sobreviver de uma forma mais ética? Penso que sim, com certeza. Mas é um mundo corrupto e cruel, onde só pessoas influentes e ricas mandam e prosperam. Se você espera aqui um plot revolucionário, ou talvez uma redenção, certamente não é um livro para você. Tudo aqui é cru e vil, e o final me deixou chocada com a frieza, mesmo sem esperar nada de Marcos.
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Clarysse1 26/03/2023

Assustador e nojento
"Saboroso Cadáver" é um livro assustador e nojento, que apresenta uma visão perturbadora do futuro da humanidade. Escrito por Agustina Bazterrica, a obra apresenta uma sociedade em que a carne humana se tornou uma commodity valiosa, destinada a suprir a crescente demanda por alimentos em um mundo superpovoado.

A narrativa acompanha Marcos Tejo, um homem que trabalha em um matadouro que produz carne humana para consumo. Através dos olhos dele, o leitor é levado a um mundo sombrio e grotesco, em que a m0rte e o c4nib4lism0 são banalizados e encarados como uma atividade rotineira.

O livro é assustador em muitos aspectos, especialmente pelas descrições gráficas de c4nib4lism0 e 4ssass1nat0, que podem ser chocantes e perturbadoras para alguns leitores. Bazterrica não poupa detalhes em suas cenas de v1ol3nci4, tornando a leitura desconfortável em vários momentos.

No entanto, a obra é mais do que apenas uma coleção de cenas s4ngrent4s. A autora cria uma narrativa envolvente, que explora temas como a ética, a moralidade e o papel da tecnologia na sociedade. Ela também apresenta personagens complexos e bem desenvolvidos, que lutam para encontrar significado em um mundo que parece ter perdido a humanidade.

No geral, "Saboroso Cadáver" é um livro perturbador, mas também intrigante e provocativo. A autora utiliza o horror e o nojo como ferramentas para explorar questões profundas sobre a natureza humana e a sociedade, criando uma obra que é, ao mesmo tempo, assustadora e fascinante.

gatilhos: além de 4ssass1nat0, c4nib4lism0 e m0rte, outros possíveis gatilhos incluem: cru3ldad3 com animais, consumo excessivo de carne, exploração, v1ol3nci4 s3xu4l e d1scrim1naç4o.

classificação indicativa: geralmente "Saboroso Cadáver" é recomendado para maiores de 18 anos devido ao seu conteúdo extremamente gráfico e perturbador, que pode ser considerado inapropriado para leitores mais jovens.
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fyveer 27/03/2022

Tender is The Flesh, Agustina Bazterrica.
Que livro doido é esse? Encontrei no kindle unlimited e li sem nenhum aviso prévio, fiquei muito assustada e amei a narrativa. Durante todo o tempo de leitura eu estava fazendo uma careta de nojo, as descrições da autora vão direto ao ponto e mostram todo o horror escatológico dessa sociedade distópica.

O protagonista em nenhum momento se passou de santo, mas juro que não estava esperando aquele plot twist do final.

Absolutamente tudo nesse livro é perfeito, amei demais.
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vivianbooks 27/05/2023

"Estamos tentando adivinhar qual o gosto do tio Marcos"
Uma sociedade distópica que normalizou o canibalismo, o que pode dar errado? Depois que um vírus mortal para os humanos infecta todos os animais, estes são sacrificados, desde bovinos até gatinhos e cachorrinhos. Mas se não há carne de animal, o que os humanos comeram? Outros humanos, claro!
O livro conta essa história macabra pelo ponto de vista de Marcos, ele trabalha em um abatedouro, supervisionando o "assassinato" de inúmeras pessoas ( lê-se cabeças, como em cabeças de gado), que deram transportadas para o consumo de outras pessoas ( lê-se pessoas- pessoas). Mas será que existe diferença entra pessoas-pessoas e pessoas-cabeças-de-gado?

Esse livro é magnífico, aterrorizante, bizarro e incrível, tem cenas que faz você querer desistir, mas também faz você pensar sobre o que faria se fosse você. Se oporia a essa regra de comer outras pessoas, ou seria apenas mais uma na grande massa de manobra da sociedade?
mismana0 27/05/2023minha estante
sinistrissimo


GioMAS 27/05/2023minha estante
Adicionei aos "quero ler"


vivianbooks 27/05/2023minha estante
Não imagina o que esse livro fez com o meu psicológico kkkk


vivianbooks 27/05/2023minha estante
Boa leitura, eu recomendo demais esse livro




Nath @biscoito.esperto 15/10/2022

"Enquanto comiam, Jesus tomou o pão, deu graças, partiu-o, e o deu aos seus discípulos, dizendo: 'Tomem e comam; isto é o meu corpo'" (Matheus 26:26).
Atrás do altar da Capela Sistina está "O Juízo Final", obra polêmica de Michelangelo. O artista representou vários santos observando o julgamento divino das almas humanas, que ou ascendiam aos céus ou despencavam para o inferno. Dentre os santos está São Bartolomeu, representado um pouco á direita do centro. Ele segura uma pequena foice em uma mão e sua própria pele esfolada na outra.

Michelangelo costumava se representar em suas obras, e o fazia frequentemente como uma figura impotente diante do que estava sendo representado. Ele terminou de pintar a Capela Sistina já com 60 anos, e foi fortemente criticado por representar os santos nus. A igreja encomendou que outro artista pintasse tecidos sobre as genitais dos santos representados, mas a pele esfolada de São Bartolomeu venceu a censura. Curiosamente, Michelangelo escolhera representar a si mesmo justamente como o santo que fora esfolado vivo.

É verdade que as pessoas não gostam de violência explícita, mas é curioso como o sofrimento humano é tão relativizado em nossa sociedade. Quando um homem negro sofreu um mal súbito e morreu dentro do Carrefour, seu corpo foi coberto e o expediente continuou normalmente. Em outro supermercado da mesma rede, um cachorro foi envenenado e morto por um segurança. Você consegue adivinhar qual caso gerou mais revolta? Há uma situação tão parecida neste livro que, se ele não tivesse sido escrito antes destas tragédias, eu desconfiaria que a autora se inspirou nelas.

Em "Tender is the flesh" ("Saboroso Cadáver", na tradução brasileira), Agustina Bazterrica faz uma crítica extremamente cruel e incômoda ao fato de que nós, seres humanos, tiramos vantagem dos nossos iguais a todo momento. Desde que tenhamos algo a ganhar, somos capazes de cometer (e justificar) todo tipo de crueldade.

O livro argentino é narrado em terceira pessoa e conta a história de Marcos Tejo, um herdeiro de uma usina de processamento de carne. Antes de um vírus mortal assolar os animais, sua família trabalhava com vacas. Agora que todos os animais morreram, sua empresa trabalha com "carne especial".

Mais do que uma história de terror envolvendo canibalismo, esta é uma ficção que especulativa estranhamente sedutora e revoltante. Gostei muito do livro, apesar de não ser uma leitura para os fracos de estômago.

site: www.nathlambert.blogspot.com
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Dri 23/05/2021

Chocante e brutal
Como seria um mundo em que ser canibal é a regra? É isso que a autora imagina nessa obra tão impressionante. É mostrado muitas implicações sociais e culturais da indústria da carne humana.

Ela desenvolve quem seriam as primeiras vítimas, como funcionaria o esquema de carnes, a reação das pessoas a isso e a facilidade de adaptação das pessoas e como a gente pode normalizar absurdos e violências enormes.

Tem cenas super descritivas, então é para os de estômago forte. Ainda é mostrado como ficam os animais que já não podem mais ser consumidos, pois foram acometidos por um vírus mortal para humanos. Já digo que tudo é muito triste.

Tudo isso é contado pelo ponto de vista do protagonista que trabalha em um matadouro e tem muitas culpas, problemas familiares, dúvidas e tudo isso é muito bem colocado.

Pra mim foi excelente em conceitos e criação de mundo, mas achei que em alguns momentos o desenvolvimento de personagens e alguns detalhes mais emocionais ficaram deixados de lado e é algo que eu valorizo.

Mas amei mesmo assim, não conseguia largar. Aquele tipo de livro que não se se recomendo, porque não é pra todo mundo, é repulsivo, mas difícil de desviar os olhos.
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mari 08/01/2023

nojento apenas para chocar
Considerei parar de comer carne durante toda a minha leitura, mas essa foi uma das poucas coisas positivas que eu tirei desse livro. O mundo distópico criado por Agustina Bazterrica é definitivamente interessante (e nojento), e faz você repensar várias vezes o horror da natureza humana, consumo de carne, testes em animais e outras coisas.
Fora o mundo em si, todo o resto foi bem fraco. A caracterização dos personagens foi superficial, não existe qualquer tipo de trama até a segunda metade do livro, e quando temos, é simples e não tratada com importância alguma. Eu geralmente não tenho muito problema com livros sem enredo, mas esse me incomodou, pois parecia que ela estava 100% se apoiando no mundo e não queria falar de nada além disso. Um livro puramente para chocar.
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Andrea 21/01/2022

O q dizer dessa autora q mal conheço e já considero pakas???
Achei esse livro no twitter, sem querer, e me interessei de cara (afinal, aqui é team Hannibal, né, hahaha). Não lembro exatamente porque estavam falando dele, mas acho que era porque o ator Chris Pine foi fotografado com um pilha de livros e ele estava no meio. (Agora fico me perguntando: será que ele já leu? Será que gostou? Será que ele quer interpretar o Tejo???)

Mas bem, eu nunca tinha lido um livro que praticamente fechasse a cartela de bingo dos TW/CW!! (TW = trigger warning e CW = content warning, que em português, eu conheço como "aviso de gatilho", mas parece que tem uma polêmica por trás da expressão etc etc.) Acho que só não teve incesto, nem alusão, mas de resto, FALE QUALQUER COISA que deve ter aparecido:

- tortura*? check
- pedofilia e necrofilia? check
- depressão?? check
- assassinato*? check
- violência explícita? check
- estupro? check
- suicídio? check
- canibalismo? -chorrindo- check

* tanto de ser humano quanto de animais

A história basicamente se resume a: e se "o governo" não apenas permitisse e legalizasse coMO INCENTIVASSE O CONSUMO DE CARNE HUMANA (aka carne especial, porque falar "carne humana" não é good vibes). Mas não é qualquer carne especial, não, são "cabeças" criadas justamente para esse fim.

Um parênteses aqui: isso me lembrou de um texto que li uma vez, acho que era sobre racismo, e questionava como seria se dividíssemos o planeta com outra espécie de ser humano (acho que teve uma época que isso aconteceu, né?): será que os enxergaríamos como seres inferiores, como animais? (Ou o contrário: talvez NÓS fôssemos a ralé.)

E isso é exatamente o que acontece nesse livro: parece que a maioria das pessoas simplesmente aceitou como normal ter criadouro e abatedouro de humanos (que nem são de outra espécie), chegando ao ponto de se poder...


SPOILER
comprar uma cabeça e criá-la dentro de casa pra consumir aos poucos. Sim, eles vão arrancando pedaços das pessoas vivas e tem até tutoriais ensinando como.
FIM DO SPOILER


Isso também me lembra outro livro, A Estrada, que até tem todo um contexto de escassez e tal, mas quando você pára pra pensar, o ser humano é todo fodido da cabeça, né? Deixe-o solto, sem leis e punições, e ele se transforma (pra pior).

Acho que o que mais me pegou foi ler esse livro justamente quando estamos passando pela pandemia de covid-19. Antes, the old me leria e pensaria, "gente, esse tipo de coisa aconteceu na segunda guerra mundial [como se tivesse ocorrido há muito tempo], mas hoje estamos mais evoluídos e não aceitaríamos situações como essas"! Aí você corta pra 2022 e tem gente que acredita na terra plana e que toma remédio de verme pra vírus. Bateu muito perto da realidade pro meu gosto.

Não é uma história pros fracos de coração e estômago - inclusive, ele tem uma das cenas MAIS PAVOROSAS QUE EU JÁ LI/VI, que é o tour pelo abatedouro onde o personagem principal trabalha. Se com animais o processo já é horrível, com ser humano então... Definitivamente, este livro desbancou Quando os Adams Saíram de Férias do meu pódio de livro mais medonho da vida, e jogou Bloodchild, da Octavia E. Butler, pra uma honrada terceira posição.

Eu li a versão traduzida em inglês, pois mi español és muy ratatá, mas parece que a Darkside Books comprou os direitos e quero só ver o que ela vai fazer com esse livro. Vou preparar meu bolso, pois sei que acabarei relendo em português (deus me defenderay).


Um PS: eu achei o estilo de narrativa da autora muito interessante e diferente, porque é uma terceira pessoa meio misturada com primeira, mas não sei até onde a tradução influenciou nisso, se é que influenciou.
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