Autodefesa

Autodefesa Elsa Dorlin




Resenhas - Autodefesa


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vagnerrg_ 01/01/2022

“Autodefesa - Uma filosofia da violência”, de Elsa Dorlin, publicado no Brasil pela @ubueditora e @crocodilo.edicoes, foi uma das grandes surpresas que tive em 2020. Pensar a violência (tanto a recebida como a praticada) a partir de um ponto de vista filosófico foi uma atividade interessantíssima e perturbadora. Dorlin leva aos limites a noção de biopolítica, indo além, muito além, da noção de violência que eu tinha. Dorlin ajuda a pensar para que serve se armar e o peso político dessa atitude. Ela também consegue ilustrar a razão da violência ser algo legitimado para poucos grupos e como a violência é peça fundamental do Estado repressivo, capitalista, machista, colonialista e, lógico, racista. Mais uma leitura cheia de lições importantíssimas para conseguir compreender a gravidade dos problemas do mundo em que nos encontramos. Roubou meu fôlego. Além de pertinente é muito bem escrito.
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karinna adad 31/10/2020

A partir da premissa de que nossa sociedade é dividida entre corpos defensáveis e não defensáveis, Elsa Dorlin disserta sobre os vários significados que o conceito de autodefesa possui(u) ao longo do tempo e das mais diversas circunstâncias.
Relacionando o exercício da autodefesa com as práticas de grupos oprimidos (escravos, judeus, negros, LGBTs, mulheres), a autora observa que o direito de preservação de si legitimado aos sujeitos arquétipos de uma sociedade machista, branca e heteronormativa é criminalizada quando reivindicada e/ou praticada pelo outro discriminado.
Assim, dentre várias iluminações preciosas trazidas pela obra, Dorlin ressitua o conceito de violência.
O ataque de um negro a um policial racista que pratica uma abordagem injustificada ou a reação agressiva de uma mulher a uma tentativa de estupro é violência pura e simplesmente? Ou precisa ser vista como uma defesa de si?
A mesma defesa que é garantida pelo Estado sob o nome de legítima defesa quando o sujeito a fazer jus é homem, macho, branco e rico.
Autodefesa traz discussões instigantes e atuais sobre raça, gênero e classe envolvendo violência que precisam entrar na pauta sobre o que se entende por direitos humanos.
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Tatá 12/03/2021

Um livro importante!
Quem pode se defender? O que é autodefesa e o que é a violência? "Numa sociedade racista, um negro que se defende é agente da violência". Poder se defender é privilégio de uma minoria dominante, contudo, os corpos sem direitos legais de se defender, permanecem criando mecanismos a partir de sua subjetividade, de táticas defensivas para sobrevivência, o que difere da tal "legítima defesa". A autora traz essa reflexão no livro, que é um livro denso, pesado, que além de trazer uma genealogia da defesa armada, dá uma visão panorâmica sobre os vários mecanismos de sobrevivência de grupos não dominantes; de como se dá o monopólio do uso da força sob vários âmbitos, por exemplo, quando ela cita o Estado como aquele que defende indivíduos que já são reconhecidos enquanto legítimos para se defender por si mesmos.
A experiência vivida de grupos que são aniquilados das mais diversas formas (como as mulheres, os/as judeus/as, as/os negras/os) traz a autodefesa enquanto capaz de assegurar condições para sobreviver. E aí, a autora relata diversas dessas experiências, indo da experiência judaica de autodefesa à defesa pessoal no movimento sufragista ou a autodefesa dos Panteras Negras.

Além disso, a autora traz a questão filosófica acerca das conceituações de autodefesa, discutindo contratualistas como Hobbes e Locke.

Inclui também a discussão acerca do estado racial e da racialização do vigilantismo (que difere de justiça), além da romantização da violência colonial (que até hoje se reflete) que acarreta na supremacia branca enquanto legitimada por esse estado, e aí ela narra as diversas situações de injustiça como a do adolescente negro Emmett Till que foi acusado injustamente de ter agredido uma mulher, dentre outros exemplos que são bem pesados e necessários de serem trazidos à tona.

Acho importante quando ela coloca o ponto de vista da autodefesa enquanto uma possibilidade contraofensiva do corpo militante, o que se torna um mecanismo de restauração da dignidade.

Dentre todas essas coisas, o exemplo de uma personagem do livro "Dirty Weekend" me marcou: não é que a personagem aprendeu a lutar, mas, que na verdade, desaprendeu a não lutar.

As questões do racismo, das relações de gênero etc, são bem postas neste livro e nos provoca uma reflexão fundamental.
Um livro importante, completo e atual.

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Euler 15/10/2021

#nãoficção #leituradodoitorado
Um livro extremamente instigante. Que traz reflexões importantes sobre a violência e que dá um recorte aos corpos dissidentes - negres, mulheres, lgbtqiamais- apontando que ao contrário do que podemos pensar, o único caminho pra enfrentar a violência cometida contra essas corpas seja na prática da autodefesa, e na prática talvez de reagir mesmo que com violência, se necessário. A autora distingue a legitima defesa , criada por corpos privilegiados - para inclusive justificar certas práticas violentas- da autodefesa que deve ser uma busca por parte des dissidentes como tentativa de sobreviver a esse sistema. O livro dá um panorama de como diversos grupos de militância negra, feminista e lgbtqiamais atuou nessa busca, além de apresentar como algumas lutas surgiram nesse prisma de enfrentar o opressor. Dorlin toca em vários temas muito atuais e que já pensamos muito sobre, como o fato que só estão armados e podem se defender os privilegiados, que a justiça é brankka e a polícia age pra controlar nossas corpas. Se Agamben questiona quais corpos são matáveis. Dorlin questiona quais corpos podem se defender. Leiam que tem muito mais que ainda tô assentando??
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Adriana Scarpin 03/10/2022

Esse foi o livro de setembro do grupo de estudos Leituras da Insurreição da UnB, por isso passei ele na frente do Lacan e a Democracia que é igualmente urgente.
Para quem é anarcafeminista a Dorlin acaba não trazendo nada de muito novo, mas para quem é neófito no assunto acredito que deve ser um desses livros que abrem todas as portas da percepção sobre o ato político da autodefesa e como isso foi usado para manter o poder de quem o detém, mas como as minorias podem usar isso em seu favor, mesmo sendo contrária à narrativa hegemônica do homem branco.
Dorlin faz uma genealogia dos movimentos de minorias que utilizaram táticas de autodefesa para quebrar o flerte dos supremacistas masculinistas brancos que usam a tese de defesa é o melhor ataque para subjugar mulheres e etnias de minorias e colocar a defesa de quem é de direito: nas mãos das feministas e do movimento negro.
Já deu né, gente, parou de dar mole pra fascista cujo maior prazer é ser canalha, a luta tá só começando, mas tá na hora do revide.
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