Day 28/10/2020
São Paulo, 28 de outubro de 2020.
Maria,
Você não sabe, mas eu li a sua história. Talvez isso não importe porque a sua história chega há muitas pessoas, mas assim como a Rafaela precisa achar uma forma de colocar os meus sentimentos para fora, então decidi escrever.
Quando comecei a sua história, ou melhor, da Rafa e da Luísa, tive a certeza de que nada ficaria bem. É que o começo é intenso demais, pois os homens não tiram tudo apenas da Rafa, eles tiram tudo de nós também, pelo menos, de mim. Foi assim que percebi que aquela história também seria minha. Uma parte de mim foi refletida naquelas palavras.
Entre o amor escondido, revelado em cartas duas vezes, e todos os sentimentos conflitantes de alguém que não sofre tanto - mas sofre sim - e sente que precisa abafar suas inquietações por causa disso, você me deu muito mais do que uma história de amor.
Relacionamentos não são sempre bonitos e você não teve medo de jogar isso na nossa cara. Há altos e baixos, pessoas que chegam e vão embora e alguns sentimentos que nunca vão nos deixar. Precisamos viver isso.
Você me mostrou os pensamentos mais íntimos de Rafaela, a forma como ela enxergava Luísa, mesmo que ela não conseguisse ver, eu consegui. Consegui enxergar Luísa perfeitamente, mas também consegue ver a Rafa. Talvez ela não quisesse isso, no entanto, ela se colocou tanto ao falar da outra que é impossível deixar de construi-las na minha mente.
As pessoas precisam das suas histórias, Maria, porque você não tem medo da intensidade. Luísa é intensa. Rafaela é intensa. E eu quero ser intensa como elas.
Eu me senti acolhida nas suas palavras. Mesmo nas mais cruéis. Mesmo nas que me fizeram chorar. Mesmo quando você me mostrou, sem dó, que o mundo não é tão cor de rosa para garotas que amam garotas ou para garotas negras ou para tantos outros grupos. E eu fico feliz por ter me lembrado. Porque a gente precisa lembrar, Maria. Lembrar, inclusive, das músicas emos que ecoam na sua narrativa e ainda reverberam na minha mente.
É isso, Maria. Obrigada por tudo.
Com amor, porque sou emo,
Dayane.