Natalia_Medeiros 12/02/2022
Expansão mental para uma vida mais humana
Comecei a leitura para participar de um clube que amo. Não dei continuidade
Comecei mais uma vez no final do ano. Desisti
Em seu tempo
Comecei a terceira, passei por Amma, Yazz e em Dominique eu viciei
Quis devorar sem pausas para digerir tanto incômodo
II Veio Carole, ainda mais forte
Bumme, LaTisha III Shirley, Winsome, Penelope IV Morgan, Hattie, Grace
Garotas, Mulheres, Outras... Quantas outras!
O romance de Bernardine Evaristo me lembra, em formato, a escrita de Aline Bei. Uma prosa em versos, os de Evaristo mais longos. O ponto final que falta e a leitura que flui.
O livro é dividido em 5 atos, sendo os 4 primeiros compostos cada um, pela história de 3 mulheres, inclusive das que não se identificam como mulher e preferem deixar o binarismo de gênero. O último ato, A festa, é o fechamento do lançamento da peça que se coloca nas primeiríssimas páginas. Amma é meio que o fio condutor da história e a vida de uma vai sendo tecida na outra, de forma sutil, cotidiana e, às vezes, surpreendente.
Não sei o que falar sobre o Epílogo sem dar spoiler.
Esse livro é um romance de peso que nos faz renovar as esperanças nas obras produzidas pelo nosso tempo. Bernardine tem um olhar e uma escrita muito humanista. Ela nos confronta em preconceitos, em novos conceitos, na normalidade e principalmente nas nossa concepção de certo e errado. Vivemos o tempo todo querendo classificar as pessoas, as ações e a nós mesmos como certo e errado, bom ou mau. E ela nos traz em diferentes perspectivas e contextos, que somos ambos o tempo todo, querendo ou não. Lia e me questionava, passando a me permitir não ser boa nem certa. Ser humana em toda a complexidade que isso imputa. Histórias que abordam temas importantes com respeito e sensibilidade, nos mostrando nossas limitações, que são claro, oportunidades, quando reconhecidas.
Ouvi essa semana uma frase atribuída a Sócrates e que encaixa com as consequências dessa leitura "O sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância". Afinal, a liberdade, nada mais é do que um estado de consciência sobre as nossas amarras. E a coragem nos leva a novas amarras, não é Dominique? Ah, o seu conservadorismo me deixou pensando sobre o meu. E escrever sobre tal leitura, me faz pensar em Eliana Rigol, que está sempre nos lembrando que somos um pequeníssimo ponto na galáxia, em expansão.