Fernanda309 15/12/2020
O que achei de... A princesa escondida (+ quotes)
EDIÇÃO: O design do livro combina demais com estórias de princesas, as notas, mapas, o universo criado por Laura fica mais profundo e detalhado com esses extras. Eu também amo a capa, embora não consiga imaginar a modelo como sendo Elisa de jeito nenhum. É tão não ela, e aí já é problema. Além disso, essa edição tem alguns erros de digitação, como espaço faltando após travessões de fala, outra vez que um "que" ficou "q ue", um "b=chamei" (?) aleatório, outro "0que". Também detectei um erro de concordância e um "se" faltando em "não sei (se) eu aguentaria". Tinha até um "desconsertada" no lugar de "desconcertada". Ou seja, faltou uma revisão mais dedicada. Eu li a versão beta e não tinha problemas deste tipo, o que é estranho.
ESCRITA: Eu fiquei bem cativada pela versão beta aqui, pois não precisei mais do que três oportunidades pra terminar. Desta vez, também só precisei de duas, o que posso dizer que é um ponto a favor, porque se a escrita é ruim, pode ser o melhor enredo do mundo, eu abandono. A escrita da Laura é fluida, leve e condiz com a proposta do livro. No beta, vi algumas descrições totalmente desnecessárias que aqui não senti, mas quando olho o número de páginas, ainda dá pra ver que o livro é longo demais para o que entrega.
ENREDO: Posso afirmar de cara que transferir o enredo para uma realidade próxima à do Brasil foi a melhor decisão, e por isso minha nota subiu meia estrela em relação à nota do beta. Como eu suspeitava, o impacto foi enorme. Os lugares, os nomes, as falas, tudo ficou bem mais crível e desta vez, não vi falhas. A cena do quase beijo Elisa/Ben que me cativou tanto no beta passou sem grandes emoções, e o ataque de pânico me pareceu meio longo desta vez. Perdeu a emoção da surpresa também na releitura. Elogio a apresentação da cultura/história de Parforce, bem diluída e sem quebrar o ritmo; reitero a falta de política em um enredo envolvendo a realeza. A protagonista é princesa, linha de sucessão e só fala de política quando é pra reclamar da distância da família ou como não encaixa naquele mundo. Sério? Também elogio à caça ao tesouro, acredito que seja o ponto alto do livro.
PERSONAGENS: Edição boa. Enredo bom. Protagonista não. No beta, eu não tinha muitas expectativas, e ela me agradou em vezes contadas nos dedos das mãos. Quando se tem um livro contado em primeira pessoa por uma única perspectiva, vamos encarar tudo com a visão dela. Automaticamente, se não gostamos da dita perspectiva, toda a narração fica comprometida. Foi o que aconteceu. Lá, eu me irritei inúmeras vezes, soltei suspiros de exasperação em outras incontáveis, pensei em abandonar o livro exatamente três vezes, e a que mais cheguei perto de fazer isso foi quando ela briga e demite Ben (faltou pouquíssimo pra eu abandonar aqui). Aquela foi a primeira de uma série de atitudes insensatas, mesquinhas, estúpidas e absolutamente imaturas. Muito exagero, muito drama, a última pessoa que eu iria querer no trono do meu país, e rezaria para a linha de sucessão nunca precisar dela. Quando estava apaixonada, meu Deus do céu. Ela não via os sinais da frente dela, sempre precisava que os outros dissessem o que ela precisava fazer. A cena da revelação foi a que deixou mais claro. Uma despreparada total. Quando resolveu tomar uma atitude, ainda foi a errada, e só a fez parecer uma pirralha.
Na leitura dessa versão oficial, nada mudou, mas eu já sabia o que esperar, então só passei por toda essa vergonha mesmo e segui em frente. O mais bizarro é que ela própria sabe que é assim, sabe o que tem que fazer, e ainda assim não o faz. Não tem coisa que eu odeie mais que gente impulsiva, e pior ainda as que gaguejam ou ficam tagarela demais em situações inapropriadas - mas pra falar outras coisas são bem de boa. Ben é muito mais príncipe do que Elisa jamais vai ser como princesa, mas vi aqui a Síndrome de Aspen (A seleção): aquele orgulho cego que o diminui aos olhos dela, bem a briguinha idiota Aspen/America que levou America a ir pro palácio e encontrar Maxon (muito melhor, mas duvido muito que esse vá ser o caso). Chloe, minha Chloe, a que teve chances de passar por essa resenha imaculada, teve sua reputação jogada no lixo com aquele final absolutamente incoerente com tudo o que tinha sido apresentado dela até então. Não passou pela cabeça dela que Elisa não tinha escolha? É um assunto de Estado. Uma pessoa de mente lógica que estuda na Casa das Ciências e gosta de política e diplomacia teria pensado nisso.
Adorei as amizades que foram apresentadas na caça, gostei de todos, sem exceção. Me fizeram rir bastante. Matt me incomodou o livro INTEIRO. E é mais que óbvio que tem mais nele do que a Elisa vê - aliás, com todos, pois só ela não via que Portia não era sua amiga de verdade. Ele serviu mesmo pra verbalizar o que eu estava pensando no final: ninguém a preparou pra isso? Tudo bem, Elisa passa 90% do tempo agindo e pensando como se tivesse 13 anos de idade, mas alguém a teria ensinado algo, né? Não? Pior ainda. Por fim, a amizade tóxica estranha entre Elisa e Portia, onde qualquer ser com olhos via que aquilo não era amizade coisa nenhuma, menos nossa princesa Elisa (insira sarcasmo aqui). Quando finalmente se liberta dessa amarra (porque outros disseram pra ela fazer, claro, Elisa precisa de validação pra tomar decisões), uma amizade de anos não vira briga nem ressentimento nem nada. Só andam em direções opostas e fim. Aliás, acho que a Portia não estava errada em dizer que estava na hora da Elisa crescer. Realmente tá precisando.
+: Já li livros com colégios internos, já li livros com realeza, já li livros com caça ao tesouro, já li romances adolescentes, mas é a primeira vez que vejo tudo em um só enredo, e deu uma boa mistura. Porém, minha incompatibilidade com a protagonista foi praticamente total. Deu uma ligeira melhorada do beta algumas cenas interessantes foram acrescentadas, mas que não tem nenhum impacto pro plot principal. Até tive interesse em saber alguns desenvolvimentos, mas essa releitura encerra de vez minha trajetória com a Elisa. Outros enredos da autora, de preferência com protagonistas mais maduros, quem sabe. Fora isso, Elisa Pariseau (aliás, um sobrenome francófono sem qualquer ligação/explicação com o enredo) acaba aqui. Se ficaram todas as explicações pros próximos, bem, é uma pena.
"Imagina se eu fosse mudar cada coisa em mim para que ninguém falasse nada! Se tivesse que mudar tudo que pudessem julgar, o que restaria de mim?"
"Seja quem você é. Muitos podem te odiar e, mesmo que ninguém afinal te ame, não tem como se amar se você tira pedacinhos de si mesma para encaixar na visão dos outros. É melhor viver sozinha do que rodeada de pessoas e sem você."
"Não tenho o menor interesse em competir com outras garotas, (...). E se elas querem sua mão no corpo delas, bom para elas. Não sou eu que vou julgá-las, e você é a última pessoa que deveria."
"O truque (...) é fingir que sabe o que está fazendo, principalmente (...) quando não se tem a menor ideia."
“Conheça a si mesma, Elisa. Entenda suas fraquezas e seus desejos, e ninguém nunca poderá usá-los contra você.”
"Era tão fácil só celebrar as partes boas e esquecer as outras pessoas, era cômodo fingir que tudo até então tinha valido a pena."
"Você descobrirá que o céu é o limite para aqueles cujo sonho é o conhecimento alcançar."