Resenhas - O Processo

bia 14/01/2024

Claustrofóbico
Me encheu de aflição do início ao fim, toda a narrativa pode ser facilmente comparada a um labirinto estreito, com ar pesado, luzes baixas e o mais angustiante e enigmático possível. escrita maravilhosa, kafka foi gigante de conseguir demonstrar essa atmosfera de um jeito tão intrincado a todas as coisas que foram descritas, nada explícito, só da pra perceber depois de sentir de fato.
o protagonista se mostra bem arrogante e no início eu não gostava dele, me irritava a conduta despreocupada, de deixar o problema se resolver sozinho, visto o peso que esse processo tinha e todas as péssimas consequências que gerava em todas as áreas da vida dele, mas com o tempo ficou cada vez mais nítido o quão bizarro é pra alguém ter que se defender de um processo cujo motivo da acusação lhe é desconhecido.
depois que ele sente esse peso e começa a de fato agir a favor de si mesmo, é desestimulado de várias formas, seja pela burocracia e pelo tanto que as informações são escondidas e de impossível compreensão, pelo colega de trabalho roubando aos poucos suas funções ou por comentários das pessoas que, tentando ajudar, só ressaltavam a falta de saída que ele tinha.
a colocação do conto Diante da lei me arrepiou toda porque, com certeza, é o meu conto favorito do autor e deu um propósito muito bem colocado pra tudo que veio antes, com ele dizendo como o homem do conto foi enganado e teve informações escondidas sobre a porta da lei, como ele próprio em relação aos motivos de seu processo e as próprias leis da sua realidade.
o fim me destruiu completamente, a entrega dele me deixou mal porque, de fato, não foi dada nenhuma saída além de aceitar o peso do processo e ter que lidar com isso o tempo todo, enfraquecendo todas as outras áreas da vida anos a fio.
inegável a semelhança com A metamorfose, desde acordar e já ter que lidar com algo inesperado e desconhecido, a luta em cada uma das tentativas de viver apesar disso, até as quebras de expectativa em ver como as pessoas de fora ao acontecimento estão envolvidas em todo o caos de ambos os livros, piorando muito toda a situação pros protagonistas e o fim dos dois, Josef k e Gregor Samsa, de aceitação e abandono de si mesmo.

Rimylles.Silva 12/04/2024

Que final!!!!
Esse livro passa uma sensação de claustrofobia muito grande. O personagem K. descobre no começo da trama que está sendo processado, mas não sabe praticamente nada acerca dos motivos. Durante toda a narrativa, ele está preso a esse processo. Os parágrafos longuíssimos passam uma sensação de que está faltando fôlego, mas o final para mim foi completamente inesperado.
Eu já li A metamorfose do autor s gostei bem mais do que de O processo.

Geovanna.Faleri 05/09/2021

opressão institucionalizada
claustrofobia. essa é a palavra que usaria para definir essa obra póstuma do Kafka. publicada pela primeira vez em 1925, pós a morte do autor, o livro se vale de uma narrativa chocante, um tanto quanto incômoda, apresentando o personagem Josef K, um home de 30 anos que é preso sem uma razão aparente.

?Alguém, por certo, havia caluniado Josef K, pois, sem que tivesse feito nada de mal, foi preso certa manhã.? com essa frase estranha, que promove questionamentos ao leitor, começamos a leitura. nos sentimos na mesma posição que K, sem respostas, sem entender o que está acontecendo, o porquê de tamanho autoritarismo relacionado à prisão de alguém. sem sequer uma justificativa!

a partir dessa trama, Kafka apresenta e critica toda opressão que os indivíduos estão submetidos. Josef K, um homem que acreditava ser livre e ter um resquício de intimidade, surpreendentemente perde esse status. ele desconhece o tribunal, ele desconhece as causas para tal problema e não identifica como sair da situação. a cada dia se vê mais preso, frente a uma elevada burocracia e a uma sociedade que não está interessada em ajudar ou compreender os problemas alheios, mas sim em vigiar e em punir os indivíduos,até que seja provado o contrário. se for possível provar o contrário.

toda estrutura de poder é questionado na obra e percebemos o uso das prerrogativas estatais como mecanismos de coerção. a falta de informação dos cidadãos, usada para o controle deles, e o excesso de leis/normas dificulta o andamento dos processos, enquanto glorifica os altos escalões do judiciário. percebo muita semelhança com o Brasil, envolvido por polêmicas e abusos poder, e também com o indivíduo que a cada dia perde sua liberdade em prol de temas que ele mesmo sequer reconhece como válidos.

enfim, esse é um livro com uma gama de interpretações!! não foi uma leitura fácil, muito menos fluida! apesar disso, foi bom ter acesso a essa outra faceta do Kafka, diferente do que li em ?A metamorfose?. uma narrativa fria, claustrofóbica e bem objetiva. leiam esse livro!!

HARROWCODED 03/07/2023

HARROWCODED, olhando para o edição de "O processo" que ela acabou de abocanhar e engolir: É só eu e você contra o mundo, Kafka.

Guilherme1988 24/10/2023

O Processo
O Processo é uma obra que nos faz questionar sobre a verdadeira realidade do mundo.

No livro, Josef K. é acusado por um motivo que ele não sabe. Diante disso, ele deve se defender evitando uma condenação.

Vemos uma organização onipotente, o tribunal. Essa organização usa quaisquer métodos para culpar os réus.

A manipulação psicológica é usada para fazer com que os réus se sintam culpados, por mais que não saibam nem o porquê de suas acusações.

A pressão gerada pelo processo torna a vida dos réus um absoluto inferno. As relações e o modo com que os réus são vistos são completamente afetados.

O tribunal pune quem questiona seus métodos. Eles usam infinitas justificativas para se manter no poder.

O livro retrata pressão social vivida por aqueles que questionam o poder. As pessoas são mantidas reféns da lei, não podem questionar a moral e duvidar da sociedade.

Albner 03/01/2024

Não importa se Josef K. é ou não culpado.
O processo mostra o potencial literário de Franz Kafka, um livro denso, quem em 192 páginas tece uma crítica muito bem colocada e também atual acerca da burocracia intensa.

No livro nós encontramos a história de Josef K. que após descobrir que está preso, uma longa história de um longo processo se inicia.

A escrita de Kafka, pesa nesse livro, ela é massante, os capítulos são densos, é um tanto quanto cansativo de ler. No entanto, sua narrativa nos emtrega uma ótima recompensa em seu final afinal, esse livro é uma experiência imperdível.

Nos terminamos a leituras com as mesmas perguntas que inicamos, por isso digo, não importa se K. é ou não inocente. A história é sobre outra coisa. Kafka nos insere em uma universo em que, nos mostra de forma explícita a situação precária dos trabalhadores de sua época, que estão à mercê dos mais poderosos. Isso fica evidente quando a mulher do funcionário público é tratada como mero objeto de prazer, tendo de se entregar ao estudante, e ao juiz de instrução, enquanto o marido nada pode fazer, afinal, os mais fortes que mandam. A justiça nada mais é, do que os interesses da classe dominante institucionalizados para exercer poder sobre o mais fracos. Os trabalhadores têm de trabalhar em sótãos com o ar quase irrespirável, para servir juízes superiores que nem sequer, sabem se existem realmente. E Josef cai nessa rede, é assassinado por ela, pela burocracia intensa, que nem seu crime, seu pecado lhe foi dado o direito de ser informado.

No fim o absurdo bate na porta de K. O final me lembra muito o estrangeiro, as duas obras tem muito em comum. O absurdo é aceito, e a morte é abraçada, afinal a aceitação de incapacidade perante o sistema é inevitável.

ana 23/09/2023

Eu sofri que nem josef k para o processo acabar
Sou muito fã de kafka pq acredito que as críticas feitas nas obras dele são sempre muito atemporais, e essa não foi diferente. a opressão institucionalizada, a desinformação, a falta de importância dada aos fatos e a aceitação coletiva de uma justiça que opera de forma obscura, sem nenhuma lógica aparente. tá tudo aqui, até hoje.

ok, tem uma crítica bem construída ali. mas, depois que entendi o ponto, achei extremamente chato e arrastado. o início prende o leitor, porque é instigante: você quer entender qual o sentido daquilo. mas depois, fica claro que o sentido é que não existe sentido, e continua sem sentido e insuportável e claustrofóbico até o fim. sei que a ideia era essa, de incomodar e causar desconforto, e justamente por isso achei interessante até certo ponto, mas da metade pro fim eu só queria que acabasse logo.

pelo menos, posso dizer que sofri que nem o personagem principal até o dia da bendita sentença, mas infelizmente não achei tão legal quanto gostaria.

daviqw_ 24/12/2023

O sistema eh foda
O processo retrata muito bem os nossos problemas que muitas vezes parece não ter fim e nem explicação, a quantidade demasiada de burocracias para se resolver um problema nos acompanha durante toda a vida como um grande pesadelo.

esse livro conta um verdadeiro problema kafkiano, sua leitura é bastante maçante então pode ser difícil de terminar mas vale muito a pena