Autobiografia precoce

Autobiografia precoce Pagu




Resenhas - Autobiografia precoce


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Barbara.Luiza 24/06/2021

Uma paixão chamada Pagu
Quem foi Patricia Galvão? Muito além de uma mulher indignada no palanque como cantam Zélia Duncan e Rita Lee, muito mais do que companheira de Oswald de Andrade. Pagu foi escritora, poeta, diretora, tradutora, desenhista, cartunista, jornalista e militante. Foi presa, foi mãe e, por muita gente, foi esquecida.

Neste relançamento da Companhia das letras encontramos uma coletânea de cartas de Pagu para Geraldo, que viria a ser seu companheiro. Nelas Galvão abre o seu íntimo, conta das traumáticas experiências sexuais ao longo da vida, o preconceito machista que sofreu na militância e nos conduz até o começo do fim da sua decepção com o partido comunista.

Patricia Galvão era dessas mulheres que sentia tudo a flor da pele, por isso levou tudo o que acreditava as últimas consequências mesmo que contra a maré.

É recorrente o questionamento dela sobre a maternidade, deixar o filho com o pai pra lutar contra a ditadura Vargas era sinal de que não amava Rudá?

Certamente que não. Pagu via além, mas sentia como uma mulher de seu tempo e espaço.

Em menos de 150 páginas damos a volta no mundo e mergulhamos fundo no mais íntimo da potência chamada Patrícia Galvão, essa mulher que deveria figurar nas aulas e livros de história.
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Juju 26/02/2022

Fora do padrão
As vezes encantadora, as vezes contraditória, certamente difícil de compreender a Pagu. Tive alguns momentos de identificação, mas na maior parte do tempo acho tudo muito surreal e esquisito. Sinto que ela oscila entre um sentir absurdamente intenso e um vazio tão intenso quanto. É uma história que vale a pena conhecer, mas que precisa de um contexto histórico que falta na edição do livro, um material de apoio cairia muito bem.
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Adriana Scarpin 05/03/2022

A Autobiografia Precoce da Patrícia Galvão é um livro curtinho que poderia ser lido num domingo, mas levei semanas para lê-lo porque me impelia a fugir dele o máximo possível. Explico: quanto mais o lia, mais ficava indignada com toda a misoginia das pessoas ao redor de Pagu e por todo autoritarismo do Partido Comunista que teve que enfrentar. É MUITO desagradável ler esse livro, você passa as 150 páginas com um sentimento corrente de indignação e impotência que não te deixa. Mas fica como lembrete para a gente não tolerar misoginia intelectual e política de qualquer forma.

Plus: Tive uma gata chamada Pagu, morreu há 12 anos, Vesguinho e Nenezinha são netos dela.
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Paula C. 28/05/2022minha estante
É interessante como um mesmo livro pode criar impressões tão distintas em leitores diferentes. Pagu conta no livro da participação ativa dela nos circuitos intelectuais e na militância partidária e fala muito abertamente dos embates entre suas idealizações e os desafios concretos da vida que levava. Vi no relato a coragem de alguém que saiu do espaço de "boa moça de classe média" que estava dado para ela, a ponto de romper com os pais, o que me parece o oposto de deslumbramento e de andar nas nuvens. Ainda assim, ela foi refém de estruturas então ainda mais machistas que as de hoje, que a colocavam numa situação de falta de reconhecimento, tanto político quanto artístico, de assédios mil e sempre em uma situação econômica instável. No entanto, ela estava sempre em conflito com essas restrições, longe de ser uma simples "escrava de tudo e todos". Acho que só concordo que há pouco contexto, mas o texto é uma correspondência dela com Geraldo, que depois foi seu marido, alguém que conhecia bem o tempo e o ambiente nos quais ela vivia. Um prefácio que falasse do momento histórico ajudaria a entender melhor a paixão dela pela causa comunista, que era individualmente muito forte, mas também bastante própria daquele período e partilhada por muitas outras pessoas. Por vezes ela soa mesmo quase fanática, mas até por isso é interessante quando os conflitos reais com o partido e afins trazem desconforto e desencanto, sobre os quais ela fala com muita franqueza e propriedade. É um relato ao mesmo tempo bastante pessoal e muito crítico aos círculos sociais, artísticos e políticos dos quais ela fez parte.




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Leila 08/11/2023

A Autobiografia precoce da Pagu certamente é uma obra que nos permite adentrar na intimidade de uma mulher notável, à frente de seu tempo. É tocante a sinceridade com que Pagu se expõe, como se desnudasse sua alma diante do leitor. A narrativa revela uma personalidade transgressora, desafiadora das tradições e imposições sociais e culturais de sua época.

Contudo, eu não consegui estabelecer uma conexão emocional com a narrativa. A complexidade da vida de Pagu é muito interessante, e eu ainda estou tentando entender porque não consegui sentir essa empatia por ela durante a leitura, como senti pela Olga Benário, por exemplo, uma outra leitura que fiz recentemente.

Apesar disso, é inegável o valor de conhecer a trajetória de Pagu, uma mulher singular que desafiou convenções e deixou sua marca na história. A obra proporciona uma janela para uma época e uma vida que podem não ser totalmente familiares ao leitor contemporâneo. É uma oportunidade de compreender as lutas e conquistas de uma figura tão marcante.

Às vezes, a importância histórica e cultural de uma narrativa supera a imediata identificação emocional. A leitura, nesse caso, se torna uma ponte para o entendimento de uma mulher corajosa, cujo legado ressoa através das páginas e das décadas e por isso a experiência foi válida.
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Gramatura Alta 01/12/2020

http://gramaturaalta.com.br/2020/12/01/pagu-autobiografia-precoce/
Patrícia Galvão, a PAGU, nasceu em 1910. Ela foi uma das personagens mais famosas do século xx. Ativista política, intelectual, escritora, poetisa, diretora, tradutora, desenhista, cartunista, jornalista, em 1933, publicou seu primeiro romance proletário brasileiro, PARQUE INDÚSTRIA. Além de sua vasta produção jornalística, é também autora de A FAMOSA REVISTA e dos contos policiais SAFRA MACABRA.

Pagu teve grande destaque no movimento modernista, iniciado em 1922, com a Semana de Arte Moderna, da qual Pagu não participou, uma vez que tinha apenas 12 anos de idade. Esse evento, com apoio do governo da cidade de São Paulo, trouxe diversas personalidades artísticas famosas, e em cada dia, foi trabalhado um aspecto cultural, como pintura, escultura, poesia, literatura e música.

De certa forma, as relações pessoais de Pagu, rodearam pessoas ligadas, direta ou indiretamente, à Semana de Arte Moderna. Seu apelido, Pagu, foi dado pelo poeta Raul Bopp, que participou do evento, e que era amigo de Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade. Tarsila foi uma das principais pintoras do modernismo da América Latina e foi casada com Oswald de 1926 até 1929, quando este se separa de Tarsila e se casa com Pagu.

Pagu sempre foi uma mulher à frente de seu tempo. Seu comportamento era considerado extravagante e era defensora do feminismo. Fumava e bebia em público, usava roupas colantes e transparentes, cabelos curtos, manteve diversos relacionamentos amorosos e costumava falar palavrões. Seu comportamento rebelde e à frente do seu tempo não era compatível com sua origem familiar, conservadora e tradicional.

Em 1928, Pagu, com 18 anos, começa seu relacionamento, inicialmente secreto, com Oswald de Andrade, de 38 anos. Oswald foi um dos patrocinadores da Semana de Arte Moderna e era um dos maiores nomes do modernismo brasileiro. Seu lado pessoal era boêmio, mulherengo, dado a relacionamentos curtos e poligâmicos. Ele foi a maior paixão de Pagu. O casamento dos dois, aconteceu em 1930, com Pagu grávida de 6 meses, e foi um escândalo social.

Pagu era militante do Partido Comunista Brasileiro e junto com Oswald, fundaram o jornal O Homem do Povo, que durou até 1945. O relacionamento de Pagu com Oswald sempre foi conturbado, principalmente devido às constantes traições dele, que ele não se preocupava em esconder. Inclusive, por diversas vezes, até avisava com quem ia se encontrar. Em 1934, Pagu se separa, sai de casa com o filho e passa a morar sozinha.

Em 1931, aconteceu a primeira prisão política de Pagu, quando esta participava de uma greve de estivadores em Santos, estado de São Paulo, quando o Brasil estava sob a presidência de Getúlio Vargas. Após essa, vieram outras 22 prisões ao longo de sua vida. Já em 1940, Pagu rompe com o Partido Comunista e passa a defender o socialismo. É nesse mesmo ano que se casa com Geraldo Ferraz, com quem tem um filho e permanece até o fim de sua vida.

Em 1960, aos 50 anos de idade, Pagu é acometida por um câncer de pulmão. Tenta um cirurgia em Paris, mas sem qualquer resultado positivo. Sem poder trabalhar e manter sua vida ativa, desenvolve uma profunda depressão e tenta o suicídio, mas é impedida por Geraldo.

"Uma bala ficou para trás, entre gazes e lembranças estraçalhadas… Agora, saio de um túnel. Tenho várias cicatrizes, mas ESTOU VIVA… Apesar dos dez anos que abalaram meus nervos e minhas inquietações, transformando-me nesta rocha vincada de golpes e de amarguras, destroçada e machucada, mas irredutível."

PAGU – AUTOBIOGRAFIA PRECOCE é um texto escrito pela própria Pagu, em 1940, ou melhor, uma carta extensa que endereça a seu marido, Geraldo. A narrativa é em prosa, com frases quase poéticas, melancólicas, impregnadas de profundos sentimentos, hipnotizante, impossível não se envolver. É fácil perceber o tom de decepção e tristeza em diversas passagens, muitas delas quando Pagu se refere à vida que levou com Oswald, de quem não esconde seu amor, nunca correspondido. Já Geraldo, ela trata como sua salvação, o retorno do que não conseguiu com Oswald.

Pagu comenta, brevemente, várias passagens de sua vida, sua iniciação sexual, seus enlaces românticos, o envolvimento político, a solidão e brutalidade de suas prisões, a paixão pela escrita, pela arte, pela cultura em geral, seus dois filhos, suas viagens, sua repulsa pelo masculino e sua luta pelos direitos femininos. São relatos intimistas, cheios de significado, que exigem uma leitura apurada, para tentar compreender a totalidade do que Pagu queria transmitir a Geraldo.

Pagu, aos 15 anos, já colaborava com um jornal; aos 18 anos, se formou como professora; viajou como jornalista para os EUA, Argentina, França, União Soviética, China, Japão…; Fez cursos na Universidade Sorbonne, em Paris, a mesma de Simone de Beauvoir; foi amiga do imperador Pu-Yi e andou de bicicleta pelos corredores do palácio; Entrevistou Freud em um navio; casou-se com Oswald em um cemitério; foi a primeira mulher a ser presa no Brasil por motivos políticos; teve um filme produzido, em 1988, e uma peça de teatro, em 2019; Seu nome é letra de músicas de Rita Lee e Zélia Duncan.

"Nem toda feiticeira é corcunda
Nem toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Sou mais macho que muito homem
Sou rainha do meu tanque
Sou Pagu indignada no palanque…"

Pagu faleceu em 1962, em Santos, ao lado de seu marido, Geraldo, e seus dois filhos.

site: http://gramaturaalta.com.br/2020/12/01/pagu-autobiografia-precoce/
Dayana.Roberta 31/12/2020minha estante
Uma leitura que oferece os fragmentos da memória de Patrícia Galvão, por ela mesma, mostrando a situação política e Cultural no país. Uma mulher que desafiou o sistema para ter uma sociedade mais justa.




Nando 03/03/2022

PAGU, EITA, PAGU!
Pagu, mulher forte e mulher exemplo. Queria tê-la conhecido mais cedo.
Nem sei descrever o quanto a história dessa mulher, só se você ler poderá entender o que estou falando. É muito forte.
Amei mais ainda quando fiquei sabendo que a moça era comunista e que é uma das pioneiras no Brasil. Sofreu muito por conta disso, por fazer parte desse partido. Tendo que ficar longe do filho.
É isso, leiam o livro, é lindo, forte e em algumas partes dolorido.
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Aléxia 06/02/2022

Zelda Fitzgerald comunista e brasileira?
Ler em primeira pessoa a vida de alguém tantas vezes relegada a ?ex-esposa do fulano? te tira o chão. Os detalhes de como Oswald de Andrade era um boy lixo abusivo são a menor parte da história de uma mulher de vanguarda, mas que teve a vida pautada pela tristeza. Aquela melancolia inerente à Virginia Woolf e à Sylvia Plath.

Mas é fascinante a facilidade com que ela fluía pela arte e pela militância. Os modernistas nem tinham graça: ?polemicazinhas chochas?. Luis Carlos Prestes, Victoria Ocampo (?megera obscena?), Borges (?quis me despir no meu quarto cinco minutos depois de me conhecer?) são nomes que surgem na narrativa com naturalidade.

Um olhar protagonista sobre a vida de uma mulher já tão adjetivada, com todas as suas hipocrisias, inconstâncias e surpresas que fizeram dela a nossa própria Zelda Fitzgerald - versão br e comunista.
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Crixtina 08/11/2023

Pagu
Uma pessoa bem à frente do seu tempo

?Compreendia a poligamia como consequência da família criada em bases de moral reacionária e de preconceitos sociais. Mas não interferindo numa união livre, a par com uma exaltação espontânea que eu pretendia absorvente.?
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Nadjini 28/05/2021

Ilusão e desilusão
Com uma linguagem envolvente, Patrícia Galvão, Pagu, nos dá um relato muito relevante sobre sua vida e sua trajetória política.

Essa leitura desconstruiu toda a imagem da ?musa modernista? que nos é apresentada. Conhecemos aqui, uma jovem em busca de um propósito para sua vida, envolvida em um relacionamento vazio, que encontra no Partido Comunista o preenchimento para o vazio que sentia. Na contramão, com o passar do tempo, ela se decepciona com algumas ações e trabalhos impostos a ela, em sua condição de mulher, pelo partido. Temos uma versão dura, realista é desconfortável do interior do movimento revolucionário de 30.

A trajetória de Pagu nos faz pensar nos nossos valores, sacrifícios pessoais e refletir de forma balanceada no real propósito da nossa militância.

Esse livro, pequeno, de rápida leitura, é profundo e sensível, tal qual um alfinete furando uma bolha.
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