Irena Wieliczka 04/02/2024
O Livro da Matemática
O matemático Frege disse ?todo bom matemático é pelo menos meio filósofo, e todo bom filósofo é pelo menos meio matemático" e essa é a essência do que é ser matemático.
Matemática nem sempre foi minha paixão. Até a sétima série eu tinha muita dificuldade, principalmente com desenho geométrico. Mas quando eu tirei meu primeiro dez em uma prova sobre polinômios, meu mundo mudou completamente.
Desde muito nova tive professoras incríveis e não me recordo de um professor (homem) na escola. Meus exemplos são mulheres: minha mãe (que depois de muito tempo descobri que estudou matemática), professora Vera Lúcia Martins e professora Maria Cristina Novak. Claro que tive outras professoras, mas meus maiores exemplos de mulheres matemáticas são essas preciosidades aí. E quem as conhece sabe bem do meu sentimento por elas: como é se espelhar em mulheres fortes, corajosas, resilientes e, mais ainda, matemáticas!
Meu grande desejo de adolescente era me tornar alguém como elas. Talvez no mundo da matemática eu não tenha me empenhado o suficiente (até agora) ou talvez não era um sonho a ser realizado. Apesar de ter podido estudar numa das melhores universidades do país, tive diversas dificuldades ao longo de dois anos e meio que foram, em grande parte, uma tortura. A parte boa foi ter uma experiência que só se vive uma vez: desenvolvi mais meu lado social e me apaixonei perdidamente por geometria analítica (saudades professora Daniela).
Ler esse livro foi, acima de tudo, gratificante. Ao longo da vida fui percebendo a matemática como uma paixão: ainda que muitas vezes difícil de compreender, ainda que eu insista muito, preenche meu coração e minha alma e me dá aquele sentimento de que a vida é aquilo que deveria ser.
E a cereja do bolo, que faz com que eu me sinta completa é perceber como a matemática está em tudo e sempre esteve, desde as coisas que eu mais me interesso como o número zero, matriz e a teoria dos seis graus de separação até as coisas mais bonitas e poéticas como a proporção áurea, a teoria do caos e fractais. Como ela se encaixa (im)perfeitamente a mim. Como ela está ligada a cada fase da minha vida. E o quanto eu fico feliz de perceber que, por mais que eu tenha desistido da matemática, ela nunca desistiu de mim.