Queria Estar Lendo 18/12/2020
Resenha: Sua Alteza Real
O segundo livro da Rachel Hawkins é sequência de Como sobreviver à realeza - mas acompanha outras personagens. Em Sua Alteza Real, da Editora Alt, voltamos à Escócia em um romance sáfico doce, divertido e extremamente perfeito por ser tão importante.
Millie está vivendo o que parece um sonho com a garota por quem é apaixonada, até que ela dá um pé na sua bunda e volta com o ex, deixando Millie à deriva em meio às emoções. Eis que ela decide aproveitar sua chance de ouro e se inscreve para um programa de bolsas em uma conceituada escola na Escócia - uma que, até então, só permitia garotos.
Quando é aceita e se muda para lá, Millie não espera muito além de belezas naturais e muito estudo - isso até conhecer sua colega de quarto, que é ninguém menos do que a princesa da Escócia, a problemática Flora.
No começo, as duas não se suportam. Mas, com o tempo, em meio a provocações e discussões, elas se aproximam e percebem que, ei... Talvez não se odeiem tanto assim.
Eu digo e repito que todo mundo merece viver clichês. Por isso eu amei tanto esse livro. Os héteros cis brancos já tiveram muito espaço em todas as mídias e estabeleceram determinados clichês como "repetitivos", mas isso não se enquadra quando tem personagens que fogem de um desses padrões vivendo essas situações. E é o caso de Sua Alteza Real.
Se Como sobreviver à realeza me ganhou justamente por usar todos os clichês do mundo numa história engraçada e carismática, aqui de bônus nós temos um romance sáfico como protagonista. Ou seja: sim, eu amei. Sim, eu recomendo. Sim, eu achei perfeito.
Tô exaltando esse detalhe porque vi muita crítica em relação à simplicidade da história e à falta de complexidade da trama e assim... É exatamente isso que eu espero de uma romcom. Pra mim, cumpriu tudo que precisava e foi além porque me deu um romance fofo e simpático entre duas garotas - o hate to love que eu tanto amo, mas sáfico.
"- Você está fazendo aquela cara de quem vai cantar."
Millie é uma protagonista bem oposta à Daisy do primeiro livro, que era toda estabanada e "bato de frente mesmo, tô nem aí com as consequências". Millie é contida, vive dentro da zona de conforto, e só se sobressai em discussões quando está confrontando a Flora - a princesa parece despertar nela sentimentos que nem mesmo a Millie consegue controlar.
Ela é apaixonada por geologia - uma grande nerd - e pela ideia de um recomeço lá na Escócia. Ela também não entende nada de realeza e das tretas reais que já aconteciam e continuam acontecendo com a Flora; quando começa a se aproximar da princesa é que Millie entende o que é viver sob os holofotes.
E, nossa, eu amei tanto a Flora. Ela é dura e fria e debochada ao extremo e usa isso como mecanismo de defesa por toda pressão que vive em relação à coroa. Mas, como a própria Millie diz, ela também é um marshmallow fofo e amoroso por dentro conforme conhecemos mais sobre ela.
É uma personagem difícil, mas maravilhosa por isso. Nada de princesa que canta para passarinhos e sorri para as câmeras; Flora é um trem desgovernado, mas é com Millie que ela aprende a se controlar um pouco mais. Elas despertam o melhor (e o pior, no começo) uma da outra. E é divertido demais de acompanhar porque ships hate to love são sempre os melhores.
O desenvolvimento é gradual e, quando o romance chega, te pega de jeito. Eu amei, morri, passei mal, chorei; é tão bom acompanhar um casal sáfico divertido e fofo como essas duas. É tão maravilhoso me apaixonar por uma história onde a princesa se apaixona pela plebeia, onde o conflito principal não tem a ver com preconceito (apesar de a Flora enfrentar isso com a rainha) mas sim por bobagens de adolescentes.
Eu fiquei TÃO SOFT em tantos momentos desse livro, com o coração quentinho de tanto amor pelas duas, que é difícil de explicar.
"Ter o coração partido por uma princesa deve ser um nível completamente novo de sofrimento."
O pano de fundo da Escócia, obviamente, ganhou meu coração porque eu vivo e respiro esse país. Os passeios e os cenários por onde as personagens andavam, eu conseguia ver e babar por cada um deles.
A narrativa da autora é bem jovial e rápida. Assim como o primeiro livro, você passa por esse sem perceber. Se tem um detalhe que me incomodou foi que a revisão parecia um pouco repetitiva demais. Trechos onde "ela" apareciam de novo e de novo e de novo e de novo numa mesma frase; dava pra ter passado um pente fino melhor ali. Mas nada que atrapalhe ou torne a leitura ruim.
Sua Alteza Real foi uma aventura doce pelas colinas da Escócia, acompanhando essas duas garotas de mundos completamente diferentes se entendendo e se apaixonando e se entregando a esse sentimento, mesmo com todos os medos; o final é emocionante e perfeito pra história, assim como tudo que ela promete.
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